É este espectáculo que a RTP faz questão de transmitir, passando uma imagem de tortura, sofrimento e dor, fomentando a violência em mentes pouco evoluídas, que não sabem discernir entre a realidade e a virtualidade.
O programa foi nitidamente faccioso, tendo como pano de fundo a fatiota de um torturador de Touros, coisa de muito mau gosto.
Depois foram entrevistados mais prós do que antis. A aficionada, Gabriela Canavilhas esteve, como sempre, no seu pior. O Maestro Vitorino de Almeida poderia ter sido mais consistente nas suas ideias, mas disse demasiados "mas"...
O Senhor Provedor, no final, deu o recado que o mandaram dar, não se pronunciando ele próprio, sobre o assunto, com a desculpa de não ter conseguido juntar elementos suficientes para mais...
Então a RTP continuará a transmitir a tortura de Touros e Cavalos. Recomendou um pouco menos, para dar espaço a outros programas televisivos, talvez teatro, bailado, concertos... espectáculos menores à beira da Tortura de Touros e Cavalos... Enfim... É o que temos. Não dá para mais...
Na realidade a tourada é um serviço público de EXCELÊNCIA.
O programa começou com imagens de tourada, e com uma torturadora a benzer-se, várias vezes, como se Deus estivesse do lado de quem tortura as suas criaturas!
Tirando um senhor e uma professora de nome Silvana Costa, que falou muito claramente o que pensava sobre a violência da tourada, que não pode ser coisa pública, pois estamos a falar de um espectáculo real, e não virtual; o empresário esteve a puxar a brasa para a sua sardinha; e um outro a dizer que a tourada faz parte do serviço público, e que se devia mostrar também a forma como os Touros são criados.
Ora para quê? Nós sabemos que os Touros são muito bem tratados. Os veterinários/carniceiros andam sempre à roda deles, para que nada lhes falte. Pois um Touro vale muito dinheiro. Além disso é muito AMADO, tão amado que quando “está no ponto” é levado à força para uma arena, para ser sacrificado às mãos de quem o ama com um amor diabólico.
Um outro foi dizer que as filhas vão ver touradas e nunca precisaram de psiquiatra, depois vão vê-los no campo, com a Natureza, e é isso que deve ensinar-se às crianças. Pode torturar-se os animais, porque eles são muito bem tratados no campo. Diz-se isto às meninas e elas crescem a pensar que a “tortura” é uma coisa normal e boa para os animais. Depois ficam como a Gabriela Canavilhas: tontinhas.
A seguir a estas entrevistas veio o depoimento da senhora angolana que viveu nos Açores e é pianista (desconhecia que era angolana e viveu nos Açores, e isto diz-me alguma coisa) de nome Gabriela Canavilhas, com o seu ar de grandes artes, mas ainda não foi desta vez que conseguiu sair-se bem. Começou por ser igual a si própria: não conseguiu assumir-se como aficionada, nem responder à pergunta crucial do Senhor Provedor, em relação à citação de Gandhi:«a grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como os seus animais são tratados». O que tinha a dizer sobre esta ideia?A senhora Canavilhas respondeu com: não sou aficionada...
Não? Então tem vergonha fr assumir-se publicamente? Quando todos nós sabemos que é uma acérrima aficionada? Porquê?
Além de não responder à questão do Gandhi, não conseguiu dizer a palavra “tourada”, chamou-lhe “prática da tauromaquia” e “festa brava”, pela qual tem muito respeito. Sim, a tortura de Touros e Cavalos é algo que merece muito respeito. Atenção!
E ela, como “agente da cultura” deve respeitar todas as expressões culturais, pondo ao mesmo nível da tauromaquia, os grupos folclóricos e a gastronomia. Isto é tudo cultura portuguesa.
As artes tauromáquicas, segundo a aficionada Canavilhas, são legítimas. A lei permite. E o que está na Lei é para se cumprir. Será?
É por isso que em Portugal não se faz justiça: cumprem-se leis caducas, injustas, inadequadas e mal amanhadas. E a justiça que se lixe!
Falou também o Hugo Andrade (o coordenador de programas) que é neutro. Respeita os anti (a defesa dos animais), respeita os pró (a tortura dos animais), e assim desrespeita, por completo, os Touros e Cavalos.
Ser neutro é ser indiferente. E ser indiferente nunca fez evoluir a humanidade.
Segundo o Hugo Andrade, as touradas devem ser transmitidas com todos os seus pormenores, para ENRIQUECER o espectáculo televisivo, e a tourada promovida pela Casa do Pessoal da RTP não é uma iniciativa da RTP. Atenção! Como se o pessoal da RTP não pertencesse à RTP, mas talvez à TVI, não?
Veio a seguir o Maestro Vitorino de Almeida, apesar de ter dito algumas coisas bem ditas, não esteve no seu melhor. Ele não gosta de touradas, mas...
Titubeou demasiado.
Disse que torturar os nossos irmãos vivos na tourada não é das coisas piores que se fazem aos animais. É contra a Tourada à Portuguesa, que é de uma violência atroz, então o arrancar das bandarilhas (com o animal ainda vivo) é uma coisa que não tem nome, é uma selvajaria!
Não nega que a tauromaquia é uma “arte”. Mas não disse de quê. Mas toda a gente sabe que a tauromaquia é covardia, é a arte da tortura. Sim. Não sei se foi isso a que o Maestro se quis referir, quando falou em “arte”. Não foi muito explícito.
Quanto à transmissão das touradas na RTP, não acha bem, mas fingir que ela não existe... Bem, ele muda de canal, por isso... ficámos sem saber o que pensa.
Eu também mudo de canal, aliás, mas penso que a tourada, por ser um espectáculo onde um animal é torturado AO VIVO, não devia ser transmitido, em hipótese nenhuma. Isso é fomentar a violência em mentes pouco evoluídas, que não sabem discernir entre a realidade e a virtualidade.
Por fim, o Senhor Provedor deu o veredicto: gostaria de ter tido outros elementos para se pronunciar sobre esta questão, mas não conseguiu, por isso, não ia defender o fim da transmissão da tourada na RTP, até porque no nosso país a tourada é um espectáculo legal e nos últimos anos as audiências aumentaram.
Bem, primeiro se não conseguiu os elementos de que precisava, ia procurar conseguir e depois fazia o programa; segundo, no nosso país a tortura de animais é legal, porque o Touro e o Cavalo não são considerados animais, mas simplesmente “excepções”, uma espécie que não vem em nenhum livro de Biologia. Só existe na legislação portuguesa.
Assim ficámos com a noção de que o Senhor Provedor é nitidamente a favor da tourada, por isso esteve tão caladinho até agora, e nunca respondeu às nossas solicitações.
Disse também que as sociedades modernas não convivem bem com as proibições...
Que proibições, Senhor Provedor?
Se eu vou numa estrada, e encontro um sinal de sentido proibido, como não convivo bem com as proibições, vou adiante, e marimbo-me para o sinal. Pode ser, não pode?
Aqui não se trata de proibir ou permitir coisa alguma.
Aqui trata-se simplesmente de não transmitir touradas na RTP. É só uma questão de discernimento. Não de proibição. Não será proibido torturar? Matar? Roubar?
Já entendo por que há tantos crimes em Portugal; porque a sociedade moderna não convive bem com a proibição...
E não se fique a pensar que em Portugal há muitos milhares de aficionados, como disse a aficionada senhora Canavilhas. Não é isso que demonstra a prática. Os aficionados são, cada vez mais, uma minoria.
Esta é que é a verdade.
Até a senhora Canavilhas tem vergonha de dizer em público que é AFICIONADA. Não devia. Pois se a tortura de Touros e Cavalos é uma arte maior e faz parte da cultura portuguesa, como ela defende...
Portugal está sob o efeito de uma a droga que tem esta sigla $$$$$$$$...
Quem pretender seguir o que se passou neste programa da Voz do Cidadão, basta ir ao seguinte link:
http://www.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=27812&e_id&c_id=6&dif=tv
Isabel A. Ferreira