Sábado, 26 de Junho de 2021

Um alerta (vermelho) para Portugal e para o seu Povo, no que ao Ensino da Língua Portuguesa diz respeito

 

Se nada se fizer, daqui a cinco anos (poderá até ser menos) a Língua Portuguesa já terá desaparecido, porque os Portugueses e quem de direito, incluindo professores, pais, políticos, governantes, advogados, escritores, jornalistas, tradutores, apresentadores de televisão, artistas, juristas, enfim a sociedade mais instruída, as pessoas mais “importantes” que têm a obrigação e o dever de saber escrever bem e falar bem, não souberam lutar por ela, e a próxima geração será a geração dos analfabetos funcionais, que estarão (já estando) na cauda da Europa (como sempre estiveram).

 

Alerta vermelho.png

 

Já em 2002, de acordo com o estudo “O futuro da Educação em Portugal”, apresentado pelo então Ministro da Cultura, Roberto Carneiro, se dizia que o nosso sistema educativo era «medíocre, quando comparado com os níveis internacionais» tendo Portugal, segundo o mesmo estudo, «um atraso de 200 anos, (…) 80% dos Portugueses não tinha mais de nove anos de escolaridade e (…) 60% da população estava satisfeita com o seu nível educativo».

 

Se a situação em 2002 já era péssima, e já estávamos atrasados 200 anos, desde então, as coisas pioraram substancialmente e o atraso será agora para cima de mil anos, com a introdução do AO90 e o colossal desleixo no uso da Língua nas escolas, nos livros escolares, nos livros traduzidos, nos livros publicados, na comunicação social escrita e televisionada, nas legendas de filmes, no rodapé das notícias, em todos os canais televisivos,  imperando em Portugal uma agigantada iliteracia, em que estão bem evidenciadas as dificuldades na escrita, na leitura, na capacidade de interpretação do que se escreve e também na oralidade, com tantas bacoradas, de bradar aos céus, que se dizem alto… E as pessoas que lêem, ou ouvem rádio ou vêem televisão têm o direito de exigir que se escreva e se expressem num Português correCto.

 

Para não falar nas desventuradas crianças que foram frequentar escolasm para terem um Ensino de Qualidade, como é do direito delas, e atiraram-lhes à cara o lixo ortográfico, base de toda a comunicação e de todo o Ensino, desde o básico ao superior! Mas quando temos "peixe graúdo" como um presidente da República, um primeiro-ministro, ministros e deputados da nação a falar e a escrever tão mal, nas páginas oficiais e nas suas redes sociais, e que deveriam dar o exemplo da boa escrita e da boa oralidade, esperar o quê  dos "mexilhões"? Poderiam, ao menos, ter vergonha, mas não têm.  

 

Não é apenas na Covid-19 que Portugal ultrapassa a linha vermelha.

 

No Ensino da Língua Portuguesa já se ultrapassou, faz tempo, todas as linhas vermelhas possíveis e imagináveis.

 

Daí que seja premente que todos os Portugueses e quem de direito:  professores, pais, políticos, advogados, escritores, jornalistas, tradutores, apresentadores de televisão, artistas, juristas, enfim a sociedade mais instruída, as pessoas mais “importantes” e mediáticas acordem e se unam para exigir dos governantes e do constitucionalista-mor, que é o primeiro a não cumprir a Constituição da República Portuguesa, a anulação do aberrante AO90 e a reposição da grafia de 1945, não só nas escolas, como em TUDO o que mexe com o Idioma Oficial de Portugal, além de um Ensino de Qualidade, que nos faça acompanhar os níveis europeus.

 

Ou somos gente que sente, ou não somos ninguém!

Ou seremos apenas fantoches nas mãos de fantocheiros, a deambular por aí, sempre a dizer que sim, que sim… ?

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:51

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Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2020

Espanha: mais de cem porcos morreram depois de estarem a agonizar durante cinco horas, dentro de um camião acidentado, sem receber nenhum tipo de ajuda…

 

Algo que é preciso denunciar.

E sim, há vítimas a lamentar, quando morrem animais não-humanos seja em que circunstância for.  

O que se passou na A6, em Espanha, é revoltante.

Uma carta pungente que recebi da Igualdad Animal -  uma Organização não Governamental (ONG) sem fins lucrativos de carácter internacional, cujo objectivo é "abolir a escravatura animal, assegurando que os outros animais são considerados iguais aos seres humanos e respeitados como tal".

 

Morte de porquinhos.jpg

 

 

Tras varias horas encerrados y atrapados en el camión sin que nadie hiciera nada, los chillidos de los cerdos iban apagándose. No te puedes imaginar la impotencia que sentimos, no nos dejaban acceder al lugar, tampoco a los periodistas.
 

Depois de várias horas trancados e presos no camião sem ninguém fazer nada, os gritos dos porcos iam diminuindo. Não podes imaginar a impotência que sentimos, porque não nos deixavam aceder ao lugar, nem sequer os jornalistas. 

 


Finalmente llegó una grúa y empezó a sacar cadáveres del camión, y los pocos que quedaron con vida (murieron 130 cerdos) vimos cómo los metían en otro camión, dándoles patadas.

 

Finalmente, chegou uma grua e começou a tirar os cadáveres do camião, e aos poucos que restaram com vida (130 porcos morreram) vimos como os metiam num outro camião, dando-lhes pontapés.
 


Era la primera vez que sentían la luz del sol, después de una vida miserable hacinados en granjas. Era su primer y último viaje: camino del matadero.

 

Era a primeira vez que sentiam a luz do sol, depois de uma vida miserável amontoados em herdades. Era a sua primeira e última viagem: a caminho do matadouro.


 
Pero esta vez al menos estuvimos allí, haciéndolos visibles. Silvia entró en directo en varios medios y dio voz a los animales, consiguiendo que esos gritos fueran escuchados por millones de personas.

 

Mas desta vez pelo menos estávamos lá, tornando-os visíveis. Silvia entrou em directo em vários órgãos de informação e deu voz aos animais, conseguindo que os gritos dos animais fossem ouvidos por milhões de pessoas.

 

Tras estar allí, vinimos a la oficina. Era una mezcla de rabia, impotencia y tristeza lo que sentíamos. Aunque llevemos años documentando el horror que viven los animales, nunca te acostumbras a ello. Sus chillidos en el camión durante horas no los vamos a olvidar.

 

Depois de estarmos lá, chegámos ao escritório. O que sentimos foi uma mistura de raiva, impotência e tristeza. Embora tenhamos documentado o horror que os animais vivem há anos, nunca te acostumas a isto. Não vamos esquecer nunca os gritos dos animais, durante horas, no camião.

 

Y por eso estuvimos trabajando sin descanso para enviar a todos los medios de comunicación las fotografías y los vídeos, y lo más importante, contar lo que había sucedido, que más de cien cerdos habían muerto tras agonizar durante 5 horas en un camión sin recibir ningún tipo de auxilio.

 

E por isso estivemos a trabalhar incansavelmente para enviar a todos os meios de comunicação social as fotografias e os vídeos e, o mais importante, contar o que havia sucedido, ou seja, que mais de cem porcos morreram depois de estarem a agonizar durante cinco horas, dentro de um camião, sem receber nenhum tipo de ajuda.   

 
Junto a ti
  Isabel seguiremos haciendo visible lo invisible.
 
Gracias de corazón,

 

Junto a ti, Isabel, continuaremos a tornar visível o invisível,

 Obrigada de coração,

Igualdade animal.png

xavier.png

Javier Moreno

Co-fundador e Director de Comunicação

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:58

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Terça-feira, 24 de Setembro de 2019

«Gente que sabe estar - Parabéns André»

 

«André Silva deputado do PAN esteve no programa do RAP na TVI “Gente que não sabe estar” e bateu o humorista aos pontos.

A prestação do André foi hilariante e defendeu com inteligência todas as medidas do PAN que têm sido deturpadas pelos supostos jornalistas e fazedores de opinião deste país.»

 

Fonte do texto: Blogue Prótouro

https://protouro.wordpress.com/2019/09/23/gente-que-sabe-estar-parabens-andre/

 

ANDRÉ.jpg

Para quem quiser ver o vídeo clicar AQUI

 

Na SIC Marques Mendes teve a distinta lata de afirmar que tirando as coisas dos animais e do ambiente o André Silva é um susto.

 

Nós por acaso até sabemos quem é o susto e não, não é o André mas sim o caga-tacos que tem a mania que é comentador.

 

Esta gente ainda não percebeu que quanto mais batem no PAN mais força lhe dão e no dia 6 de Outubro verão o resultado.

 

Prótouro
Pelos touros em liberdade

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:51

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Domingo, 3 de Junho de 2018

O QUÊ É ISTO? ISTO A SER VERDADE É O REGRESSO AO PASSADO E AO LÁPIS AZUL!

 

Li isto publicado no Facebook, na página Jornalistas.

E isto vem do Partido Socialista?

Têm certeza? Dos SOCIALISTAS?

Estão a brincar connosco?

Nem acredito!

O PS mudaria de nome? De PS para PF? Partido Fascista?

Há que penalizar os socialistas nas próximas eleições legislativas, por esta e por outras arbitrariedades ditatoriais, que estão a fazer retroceder a sociedade portuguesa.

Os socialistas a sério deviam pôr ordem na “casa”. Por este andar o PS estará na lista dos partidos de extrema-direita.

 

LÁPIS AZUL.jpg

Fonte da imagem:

https://www.facebook.com/groups/semprejornalista/?multi_permalinks=1651038958298308&notif_id=1528023586295896&notif_t=group_activity&ref=notif

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:23

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Domingo, 4 de Fevereiro de 2018

SABIAM QUE EM PORTUGAL OS TRIBUNAIS APLICAM MEDIDAS PREVIAMENTE COADAS?

 

Antes de dizer ao que venho, quero deixar aqui bem claro que a Língua Portuguesa é a Língua Portuguesa. Ponto. Uma língua de raiz indo-europeia e greco-latina. Ponto. Uma Língua que absorveu o léxico dos vários povos que viveram na Península Ibérica *, tais como os Celtas, os Iberos, os Lusitanos, os Romanos, os Suevos, os Visigodos, os Árabes. A Língua assimilada de todos estes povos constitui a Língua Portuguesa Culta. Ponto. A Língua dos Portugueses. Ponto.

 

(* Para quem não sabe, a Península Ibérica está situada na parte mais ocidental da Europa, e jamais pertenceu à América do Sul).

 

COAÇÃO.png

No que respeita ao AO90, não sei qual é a posição do José Alberto Carvalho (que conheci quando trabalhava na RTP, e sempre o tive como um Jornalista de excelência, profissionalmente e humanamente falando. Mas que esta “coação”, nesta imagem, não diz a treta com a careta, não diz, caro José Alberto. Não diz. E como é lamentável!

 

Pois é. Isto vai por aí uma “coação” pegada, na nossa muito subserviente comunicação social (e não só na TVI) destituída de qualquer brio profissional e de conhecimentos básicos da Língua Portuguesa. É que este substantivo feminino lê-se “cuâção”, (e posso afirmar que apenas os ignorantes lêem esta palavra abrindo o primeiro a), e o significado de coação (cuâção) nos dicionários de Língua Portuguesa **, é a acção ou o resultado de COAR, de filtrar um líquido; é sinónimo de coadura = passagem de um líquido pelo coador, ou o líquido já coado. Nada tem a ver, portanto, com COAGIR.

 

(** Nestes, não se incluem os dicionários acordistas que, cheios de erros básicos, são bons apenas para fazer fogueiras neste Inverno (com I maiúsculo) tão frio…

 

Isto é simplesmente, uma vergonha!

 

Já um destes dias, publiquei um texto sob o título

DEPUTADA DA NAÇÃO COAGIDA A NÃO VOTAR CONTRA O AO90 NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

 

http://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/deputada-da-nacao-coagida-a-nao-votar-98802

 

onde se refere a “moda” de os governantes andarem por aí a coagir (obrigar a fazer ou a não fazer algo, usando a chantagem, a força ou outro processo violento ou moralmente inadmissível, que nada tem a ver com COAR) deputados da Nação, quando se trata de votar matérias tabus, no Parlamento. Ora o AO90 (entre outras) é uma matéria tabu no Parlamento, a qual convém ao ministro dos Negócios Estrangeiros, ao primeiro-ministro e ao presidente da República silenciar ou puxar a brasa para a sardinha deles, quando se trata de votar.

 

Muitas vezes me pergunto o que levará “profissionais” da comunicação social portuguesa a escrever e ler mal a nossa Língua?

Há três hipóteses:

 

- ou já nasceram parvos, e como tal não deviam ocupar cargos que dizem respeito à coisa pública;

- ou fazem-se de parvos, a troco de dinheiro;

- ou sujeitam-se a ser parvos, com medo de serem despedidos.

 

Conheço alguns que se encaixam nas duas primeiras hipóteses e, portanto, são o que são, e a mais não são obrigados.

 

Também conheço muitos que, com medo de serem despedidos, sujeitam-se a fazer papel de parvos. E isso é terrível.

 

A mim, se me dissessem: «pagamos-te para fazeres-te de parva, ou vais para o olho da rua…», eu escolheria o olho da rua, porque é mais honesto andar a pedir esmola do que vender a alma ao diabo. Até porque há alternativas.

 

Simplesmente, esta geração de “jornalistas” tem medo de se UNIR, em bloco, e enfrentar as feras, e defender, com justa causa, o seu mais precioso instrumento de trabalho: as palavras bem escritas e bem ditas. Ou escrevemos e lemos correCtamente a nossa Língua, ou não há nada para ninguém… Sem jornalistas, a comunicação social PARAVA.

 

O mesmo acontece nas escolas: se os professores se UNISSEM e se RECUSASSEM, em bloco, a “ensinar” os alunos a escrever segundo a cartilha brasileira, sendo eles cidadãos portugueses, logo, europeus, logo, tendo o direito a ser tratados como europeus, e não como sul-americanos, as escolas PARAVAM. E como é fácil desensinar o que foi mal ensinado! As crianças aprendem e desaprendem tudo, rapidamente!

 

Conclusão: só os cobardes necessitam da mentira para iludir a realidade. E a realidade é que um tsunami da mais crassa ignorância está a assolar o país e a fazer dele a cloaca linguística da Europa. E o pior, é que quem poderia travar este tsunami, abraçou a cobardia.

 

Lamentável! Muito lamentável!

 

Isabel A. Ferreira

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:16

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Quinta-feira, 10 de Agosto de 2017

«GRUPO ORGANIZADO AGRIDE TOURO ATÉ À MORTE»

 

Uma excelente Crónica Ilustrada de Filipe Simões sobre o que se convencionou chamar de “festa brava”, e não passa de um atentado cobarde à vida de um ser indefeso, encurralado numa arena…

Vale a pena ler…

 

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Texto de Filipe Simões - artista

 

Crónica ilustrada para o Jornal O Riachense, Julho 2017

 

«Desde que o Homem é Homem - e já o é, dizem, há uma catrefada de tempo - que tem a mania de se achar mais que os outros. E quando digo os outros refiro-me a tudo, desde as alfaces e formigas até aos elefantes ou mesmo outros seres humanos, seus semelhantes.

 

O Homem, reparem que escrevi com letra maiúscula, tem por hábito estabelecer hierarquias onde se coloca sempre no topo, claro, tudo o resto são servos. Se os caracóis soubessem o que é uma hierarquia se calhar também se punham no topo. Ainda bem que não sabem, pois seria uma estrutura bem viscosa.

 

Olhando para o passado recente, está logo à vista a inevitável questão dos escravos negros que nós tão bem chicoteámos durante gerações. Era uma delícia ver aqueles reles seres inferiores a servirem-nos e nós a manietá-los com toda a imponência e virilidade que nos caracteriza. Foi até alguém ter a brilhante ideia de que "eles" não são em nada inferiores a "nós". Enfim, tradições que se perdem. E bem!

 

Outra tradição que ainda resiste é a tauromaquia, que consiste em dar uma bela maquia aos tauros (brilhante jogo de palavras, sou realmente um ser superior!).

 

Se formos a analisar bem a coisa vemos que também aqui há bastante racismo. Primeiro, larga-se o indivíduo no meio de uma espécie de beco sem saída, mas redondo. Depois vêm uma data de rufias todos emproados, uns até montados no seu cavalo (cá está outra vez a mania de superioridade), mandam uns piropos sarcásticos ao tipo encurralado a ver se o provocam, "Oh oh oh, oh tu de chifres, anda cá a ver quem é o maior!", depois fazem umas fintas à Cristiano Ronaldo mas sem a bola, todos armados ao pingarelho e toca de dar umas facadas no cachaço, enquanto uma data de gente altiva ri e aplaude a elegância com que se procede à tortura do infeliz, que só deseja não ter saído da cama naquele dia. Bravo!

 

Depois do incidente, se houvessem bovinos jornalistas escreveriam a seguinte manchete: "Grupo organizado agride touro até à morte", e no corpo da notícia poderiam ler-se frases como: "Ao que tudo indica trata-se de uma quadrilha referenciada pelas autoridades" e "O touro ainda tentou defender-se marrando naquele que alegadamente seria o chefe do clã, mas de nade lhe valeu". De facto, há tradições muito giras.

 

Ah! já agora, outra tradição que houve em muitos povos era aquela em que se faziam sacrifícios humanos em nome dos Deuses. Felizmente houve quem conseguisse sacrificar essas tradições em nome do Homem.»

 

Fonte:

https://www.facebook.com/FilipeSimoesArt/photos/a.337187326353195.76643.199439953461267/1561885053883410/?type=3&theater

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 09:59

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Segunda-feira, 9 de Janeiro de 2017

O JESUÍTA DE MÁRIO SOARES

 

MÁRIO.jpg

Este é o  Mário Soares que recordo, o que me surpreendeu, e está representado nesta imagem (ao lado de Cunhal, que também me surpreendeu) e no que ela significou e significa (a imagem) na revolução de Abril.

 

Desde a sua morte, no passado dia 7 de Janeiro, já tudo se falou de Mário Soares: do nascimento à vida, da vida à morte, tudo já foi esmiuçado. Todos já deram o seu testemunho. Por isso nada tenho a acrescentar a esse tudo que já foi dito, a não ser que ninguém é perfeito. Mário Soares deixou-nos um legado de coisas muito boas, outras menos boas, e outras que poderiam ter sido boas se as tivesse feito (aliás, ainda ninguém foi capaz de as fazer) como, por exemplo, destruir os lobbies que mandam na Assembleia da República.

 

Porém, gostaria de deixar aqui um testemunho, que sendo o meu, vale o que vale, mas não pretendo repetir o que todos já disseram.

 

De todos os políticos que passaram pela minha vida, enquanto jornalista ao serviço de vários jornais diários nortenhos, durante vinte anos, tenho uma pequena história para contar.

 

De Mário Soares tenho a história do jesuíta.

 

Enquanto presidente da República, um dia, Mário Soares fez um périplo por algumas cidades do norte de Portugal, entre elas Santo Tirso e Vila do Conde. Em Santo Tirso ofereceram-lhe uma caixinha com jesuítas, o ex-libris da doçaria daquela cidade.

 

Naturalmente a caixinha viajou de Santo Tirso para Vila do Conde, nas mãos de algum segurança ou secretário.

 

Em Vila do Conde, depois de ter sido recebido no salão nobre da Câmara Municipal, seguiu-se um almoço, bastante informal (porque Mário Soares era pouco dado a protocolos, ou seja, não era um presidente-vedeta inacessível ao povo. Não, não era).

 

Os jornalistas foram convidados para esse almoço, e quem teve assento comeu, quem não teve não comeria (eu não comi). A mesa era rectangular e Mário Soares estava sentado à cabeceira, sozinho. Os restantes convidados, uns tiveram assento, outros não, porque, na verdade, a sala era demasiado pequena para a muita gente que Mário Soares sempre reunia à sua volta, por onde quer que passasse.

 

Os jornalistas rodeavam-no para não perder “pitada” do que dissesse.

 

Eu estava bem posicionada. Bem ao seu lado. Em pé. Comeu-se (quem pôde comer, obviamente) e chegado o momento da sobremesa, Mário Soares lembrou-se dos jesuítas. Onde estão os meus jesuítas? Logo um dos da sua comitiva passou-lhe para as mãos a caixinha dos jesuítas, que Mário Soares desembrulhou gulosamente (pareceu-me).

 

E lá estavam eles. Lourinhos. Apetitosos. Eu também era (sou) muito gulosa, e adoro jesuítas. Mas Mário Soares não sabia deste detalhe, obviamente.

 

O Presidente já tinha dado conta da minha presença, ao seu lado, pois de vez em quando dizia para não escrever tudo o que ele dizia, o que, pela minha parte, foi escrupulosamente cumprido (pois nunca fui de trair a Ética Profissional).

 

Diante dos jesuítas, Mário Soares arregalou os olhos e disse que não podia oferecer a todos, porque evidentemente não chegavam para todos.

 

Mas para não ser indelicado, quis oferecer, pelo menos um a alguém, para não ficar a comer sozinho aquela guloseima.

 

Foi então que olhou para mim e perguntou como me chamava. Isabel. Respondi. O nome da minha filha. Disse ele. E muito gentilmente pediu-me para que aceitasse um jesuíta e o acompanhasse nessa sobremesa, uma vez que não poderia partilhar esse gesto com todos.

 

Aceitei com muito gosto e senti-me uma privilegiada, por vários motivos: primeiro, porque ainda não tinha comido nada; segundo, porque adorava jesuítas; e terceiro, porque o Mário Soares que me tinha surpreendido ao lado de Álvaro Cunhal (que também me surpreendeu) naquela histórica manifestação de rua, tinha-me concedido a honra de comer um jesuíta com ele.

 

Esta é uma história banal? Pode ser.

 

Mas é uma história que fica na minha história, e onde eu sou uma simples figurante numa cena onde o protagonista foi obviamente Mário Soares.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:34

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Sábado, 13 de Julho de 2013

OPINIÃO SOBRE MANIFESTAÇÕES CONTRA A TAUROMAQUIA

 
 
 

Enganados com o mito da tradição e do folclore, um grupo de turistas saem de uma praça de touros a chorar, horrorizados com a atrocidade que testemunharam na presença de carniceiros psicopatas, disfarçados de jarretas.

 

Por Dr. Vasco Reis (Médico Veterinário)

 

«São acções de grande importância para se demonstrar, para dentro e para fora de Portugal, que neste país há gente que está contra a actividade.

 

Motivação é, essencialmente, protestar contra o sofrimento de touros e cavalos, bem como contra apoios à tauromaquia por dinheiros públicos e contra mais implicações negativas de ordem social e no prestígio do país, que ela provoca.

 

Desejavelmente, as manifestações devem ser pacíficas, silenciosas ou não, transmitindo mensagens do senso comum, da ciência e da ética.

 

Alertam-se as pessoas directamente e através da comunicação social e dá-se voz aos abolicionistas através de argumentos irrefutáveis.

 

A actividade e lobbistas e aficionados são criticados frontalmente. Estes contra argumentam pobre e falaciosamente e, com frequência, usando de linguagem insultuosa e até de agressão física. Não se notam neles preocupações de ordem ética.

 

Chegam ao desplante de afirmar, que o gosto pela tauromaquia é uma afirmação de portuguesismo e que Portugal é famoso por isso mesmo.

 

Os abolicionistas afirmam, pelo contrário, que Portugal é, por isso muito mal-afamado e criticado.

 

Tremendamente corrosiva para a reputação e o turismo de Portugal é a propaganda e o apoio que empresas de turismo nacionais e internacionais, em parceria com o lobby tauromáquico, estão a prestar à actividade tauromáquica, inclusive fazendo oferta de bilhetes para touradas em contratos turísticos, aliciando com a informação de que os animais não são mortos, não sofrem e que se trata de uma brincadeira (“for fun”).

 

Turistas vão, curiosos e descontraídos pela publicidade enganosa, corresponder ao convite. São ali cruelmente surpreendidos, abandonando em muitos os casos o “espectáculo” chocados, deprimidos, por vezes lavados em lágrimas de desgosto, revoltados em palavras e alguns, até vomitando. Tudo isto é documentado por imagem, som e escrita graças ao testemunho de jornalistas e de manifestantes que afirmam a sua cidadania em manifestações democrática e legalmente autorizadas e policialmente acompanhadas.

 

Sinceramente, não compreendo como há abolicionistas que se afirmam contra manifestações, quando estas, afinal, contribuem para alertar, informar e lavar a honra de portugueses e de Portugal perante o fenómeno tauromáquico, castigador de touros e de cavalos e não só

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:52

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Terça-feira, 26 de Março de 2013

A propósito da "Maria Engrácia Facas"… e do Facebook

 

 

 

 

«Em primeiro lugar, tenho que dizer que, pessoalmente, me senti defraudada com toda esta história. Tomei conhecimento desta personagem (MEF) neste blogue e depois fui seguindo a história igualmente na sua página no FB.

 

A MEF pediu-me amizade logo no início e eu aceitei. Não fui ver de quem era amiga, que página seguia, nada … Até então a história era apenas que tinha sido uma vítima de violência doméstica às mãos de um suposto ganadeiro. Seria apenas mais um caso, de tantos e tantos que existiram, que ainda existem e, tenho ESPERANÇA, que possam começar a deixar de existir.

 

Não sei quantos “amigos” a MEF conseguiu através deste estratagema: certamente pessoas sensíveis a este assunto tão triste e tão sério que é a violência doméstica. Mas quem estava por trás deste perfil NÃO SE IMPORTOU! Outras haverá certamente, tão graves ou mais que esta, mas percebi que esta é uma temática que pode ser vulgarizada e ridicularizada por um grupo de amigos aficionados, vulgo MEF.

 

Depois a MEF começou a divulgar “dados secretos” da tal vida que supostamente levava: como foi obrigada a casar aos 17 anos por se encontrar grávida de um filho bastardo da família Palha. Sobre isto gostaria de fazer dois comentários:

 

1 – Mais uma vez, outra temática grave tratada com a mesma vulgaridade. Este grupo de aficionados (MEF) será certamente composto unicamente por homens. NÃO QUERO ACREDITAR que possa haver uma mulher que ridiculariza a situação feminina do “antigamente”, em que estas situações existiam mesmo. Tenho a certeza que todos conhecemos alguma história de alguma familiar ou conhecida que tenha sido obrigada a casar por estar grávida. NÃO QUERO ACREDITAR!

 

2 – Relativamente à referência a um filho bastardo da família Palha, as coisas “piam mais fininho”. É que neste caso estamos a falar de UM NOME VERDADEIRO, de uma FAMÍLIA VERDADEIRA. Será que estes amigos aficionados (MEF) tiveram noção do que fizeram …? Duvido … Como os NÃO AFICIONADOS são pessoas “tão estúpidas que não sabem nada de tauromaquia” (sic) certamente que eles poderiam inventar um nome. Pois certamente os não aficionados não saberiam se era verdadeiro ou não (?).

 

MUITO GRAVE a referência a uma família antiga de Portugal. José Pereira Palha Blanco, que criou a Coudelaria Palha Blanco deve “estar às voltas na tumba”. Pode ser que eles se livrem de um processo por uso indevido de nome e por difamação: um filho bastardo da família Palha, senhores aficionados (MEF)??!! Acham mesmo que não se esticaram um bocadinho demais??? MUITO GRAVE MESMO.

 

Obs: É óbvio que a família Palha irá considerar isto uma garotice de meninos que não sabem o que fazer da vida e nem a brincar têm piada.

 

Em seguida, a MEF conta segredos sobre o modo como os animais são tratados. Pois é … têm razão. EU NÃO SEI que alimentação é que dão aos touros; não sei se a comida para monogástricos (suínos) não pode ser dada aos poligástricos (touros); não sei o que lhe fazem para serem mais ou menos bravos na arena.

 

NÃO SEI NADA DO QUE SE PASSA NUMA GANADARIA.

Não sei se lhe põem Sonasol nos olhos e alhos no recto para provocar estados febris … Se substituirmos o Sonasol e os alhos por outras coisas, até pode ser que não fique muito longe da realidade.

 

Pois é … eu não sei. As imagens que às vezes se vêem de uma ganadaria, com os animais à solta, pachorrentos, algumas vezes a comer directamente da mão de pessoas é uma imagem muito bonita, sem dúvida alguma. COMO NÃO SEI, interrogo-me o que acontecerá ao pobre do bicho para se tornar no touro bravo que se vê nas touradas.

 

Não sei que experiências fazem a nível de cruzamentos de animais na busca da melhor raça: isto do apuramento de raças cheira-me a algo pouco ético, sem falar nas inevitáveis consequências para os animais documentadas pelos especialistas; não sei a que tortura serão os animais sujeitos para “aprender” a ser bravos.

 

Mas sei que nem todos “aprendem” bem, como foi o caso do animal que por duas vezes tentou fugir da arena na Moita, a propósito da tourada a favor do forcado Nuno Carvalho (claro!!! porque os “bons”, aqueles que são mesmo bravos não se dão para espectáculos de solidariedade).

 

NÃO SEI NADA DE COMO SE “FAZ” UM TOURO DE LIDE.

 

SÓ SEI AQUILO QUE SE PODE VER NAS TOURADAS

Obs. à foto: Já sei que é uma foto de uma tourada fora de Portugal. Posso saber pouco de touradas, mas ainda sei que por cá não se matam ou touros na arena.

 

Agora dos não sei quantos milhões (??) de aficionados que existem em Portugal (segundo foto na página do facebook da Prótoiro) quantos saberão o que se passa REALMENTE fora das arenas? Dos que eu conheço lá no Alentejo há aqueles que apenas conhecem o caminho da tasca para os Capuchos (Vila Viçosa, para os distraídos). Não são todos assim, é verdade. Há aqueles que são apenas pessoas equivocadas na vida.

 

Voltando ao grupo de aficionados (MEF), depois do sonasol e dos alhos já não vi mais nada. A história das ameaças e dos pneus furados e de tudo o resto foi durante o fim-de-semana e eu não tenho internet em casa (é a crise!). Só vi na 2ªfeira e tenho que ser sincera Isabel. Foi um choque! Senti-me completamente ultrapassada pelos acontecimentos, até porque tinha sido bloqueada na página do facebook do Fórum Prós e Contras Touradas, administrada pelos senhores Paulo Ramires e António Garcez, por ter colocado precisamente o link deste testemunho.

 

Agora não há quem os cale, porque, segundo eles, “nos fizeram de parvos”. E vangloriam-se disso. Que pessoas são essas que acham que “ganharam” alguma coisa devido a um episódio infantil numa página do facebook …??!!

 

Mas apesar de tudo, isto foi mau, Isabel. Muito mau mesmo. O que pensar de actos destes cometidos pelos aficionados? Pensarão eles que esta atitude justifica alguma coisa na actividade bárbara que é a tourada? Esta atitude não é reveladora de pessoas credíveis que, à falta de argumentos sérios, discutidos numa conversa séria, se escondem atrás de perfis falsos e enganam deliberadamente PESSOAS VERDADEIRAS, que dão a cara pela sua causa.

 

Uma coisa EU tenho aprendido ao longo da minha vida Isabel: quando começamos a enveredar por caminhos mesquinhos e a apresentar atitudes cobardes como esta foi é sinal de um grande desnorte e desespero. Pessoas A SÉRIO não se escondem detrás de uma máscara. Considero, ao contrário do que eles pensam, que a seu tempo quem vai ficar mais mal visto nesta história são os defensores das touradas. E a Prótoiro deu, oficialmente, coberto a esta situação. Precisaram de se colocar atrás de um boneco e descer tanto, mas tanto …

 

Hoje cá estamos. Amanhã cá estaremos. Como se costuma dizer: O QUE NÃO NOS MATA, DEIXA-NOS MAIS FORTES!

 

De mim, eles (MEF) poderão dizer o que quiserem. Poderão brincar, gozar, ameaçar … Não faz mal, Isabel. Poderão acusar-me de ingénua, estão no seu direito. Na verdade, não estava de todo preparada para um ataque deste tipo. Não estava preparada para ser um alvo deste tipo de mentes distorcidas que estes aficionados (MEF) demonstraram ter.

 

APRENDI Isabel. Aprendi que há AFICIONADOS que têm o coração tão fora do peito que para eles tudo vale.

 

A luta que tantas pessoas levam contra esta actividade tenebrosa que é a tourada não sofreu nem uma beliscadura com este episódio. Será que este grupo acredita que algo mudou nas crenças de cada um de nós?

 

Sou uma pessoa simples, Isabel, sem qualquer pretensão de marcar a diferença, contudo tenho a certeza de que as mentalidades estão a mudar. E foi dado mais um passo nesse sentido. Quando o êxtase em que os aficionados ficaram com esta história se evaporar vão perceber que tudo isto não passou de um fait-divers numa rede social para esconder lutas verdadeiras que se travam em outros sítios.»

 

 Graziela Dimas

***

 

Graziela Dimas, o importante nisto tudo, foi DESMASCARAR os engrácios da prótoiro. Caíram na armadilha, que eles próprios armadilharam, e nem sequer se deram conta disso.

 

Agora riem-se, coitados, depois de terem feito figura de parvos. Ainda não encaixaram que foram gozados.

 

Os anti-tourada não saíram nem um pouco beliscados desta história sórdida e macabra. Afinal eles são especialistas na sordidez e na macabrice, e ficaram muito mal na fotografia.

 

E eu apenas fiz o que sempre fiz, quando queria tirar nabos da púcara ou desmascarar um dinossauro disfarçado de cordeiro, no exercício da minha profissão de jornalismo.

 

E as histórias que a Engrácia contou, não estão longe da verdade. Tudo aquilo acontece, com mais ou menos sonasol ou outros produtos químicos, ou mais ou menos alhos ou bugalhos, e violência contra as mulheres e maus tratos aos bezerros e touros, e marosquices quanto a dinheiros.

 

Todos sabemos disso.

 

Eles não inventaram nada a não ser o que disseram da nobre família Palha, essa sim, ficou aqui enxovalhada pelos engrácios da prótoiro, mas o problema será apenas deles.

 

Por isso, Graziela, não se sinta defraudada.

Sinta-se como alguém que ajudou a desmascarar uns putos a brincar aos parvos.

 

Isabel A. Ferreira

 

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:42

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Segunda-feira, 20 de Abril de 2009

O fanatismo político no jornalismo...

 

(Na passagem do 10.º aniversário sobre o meu escorraçamento, do jornal onde trabalhava há vinte anos, por companheiros da profissão, motivados pelo poder político, em vésperas das comemorações do 25.º aniversário do 25 de Abril, em Portugal).
   
 

jornalismo[1].jpg

Origem da imagem: Internet 

 
 
Ontem assim como Hoje
22 de Abril de 1999 – 22 de Abril de 2009
 
 Copyright © Isabel A. Ferreira 2009
 
 
Há dias, deparei-me com uma situação deveras preocupante, quando um comum leitor de jornais me disparou a seguinte frase bombástica: «Uma vez mais ficou provado que as notícias que lemos nos jornais não nos merecem a menor confiança. E jornalistas… é fugir deles!»
 
Estas palavras, proferidas assim, cruamente, indignaram-me, mesmo porque há Jornalistas e jornalistas. Quis saber concretamente o que levou aquele leitor a chegar a uma conclusão tão radical, acerca de uma classe que, afinal, me diz respeito.
 
Desta vez (muitas outras vezes houve) o motivo de tanta indignação foi uma notícia que veio a público, num determinado jornal, assinada por um jornalista profissional, com longos anos de carreira, na qual afirmava um certo acontecimento, que me absterei de referir, por razões éticas.
 
O leitor, movido pela curiosidade, deslocou-se ao local descrito na notícia, para se inteirar pessoalmente do facto, verificando que, afinal, o que o jornalista divulgara não passava de uma tremenda mentira, apenas com o objectivo de atingir politicamente determinados senhores, rivais na política.
 
Dias mais tarde, no mesmo jornal, a primeira notícia foi desmentida, e o leitor acrescentou: «E se eu não tivesse ido ver com os meus próprios olhos, e verificasse, eu próprio, que a primeira notícia era falsa, não saberia em qual das duas acreditar!»
 
Ah! Então era isso! Naquele momento compreendi a sua indignação. Tinha razão, o leitor.
 
Embora aceitando plenamente a sua razão, que será, com certeza, a de milhares de outros leitores, aquele final de frase: «Jornalistas…é fugir deles!» fez-me reflectir na triste realidade do jornalismo português. É que por uns tantos fanáticos, que apesar de possuírem carteira profissional de jornalistas, não passam de meros fanáticos da política, com acesso a jornais (o que é bem diferente) paga toda uma classe.
 
Há bem pouco tempo estive a reler um interessante livro intitulado «Democracia e Censura Interna», da autoria do jornalista Sérgio Mourão (que será feito dele?) no qual põe em causa precisamente as “amplas liberdades” de expressão de pensamento e liberdade de imprensa garantidas pela Constituição da República Portuguesa, revelando publicamente «o mal que a censura pode causar à democracia, quando a Comunicação Social está amordaçada ao controlo do poder político, assumido por personalidades e por Conselhos de Redacção constituídos por profissionais com mentalidade de funcionários de partido»… acrescentando mais adiante: «Uma realidade política e económica, profundamente movediça e com o campo aberto à pior das censuras: aquela que é feita arbitrariamente pelos próprios companheiros de profissão».
 
Um livro de 1987 (ainda actualíssimo) que denuncia os cancros do jornalismo, que fazem esta profissão, hoje mais do que nunca, ser olhada de soslaio.
 
São precisamente esses censores – jornalistas-fanáticos-políticos de direita e de esquerda, que muito à maneira do antigamente, fazem censura, transformam, com a sua doentia submissão partidária, o jornalismo num trampolim, com objectivos nem sempre claros, deturpando, desse modo, a sua principal missão, que deve ser seguida como um autêntico sacerdócio – a de bem informar e formar o leitores, apresentando-lhes os factos tais como são, e não como gostariam que fossem.
 
O fanatismo, tenha a origem que tiver – político, religioso, racial, social, ou qualquer outro – leva o homem a agir como um ser irracional, fazendo-o perder a noção da verdade, da realidade, do bom senso. Retira-lhe, por completo, o poder de discernimento e dá-lhe uma visão totalmente distorcida do mundo, levando-o a usar frequentemente o argumento da calúnia, da difamação, da mentira, da invenção e inversão de factos, apenas para atingir os seus mais mesquinhos objectivos. Por isso, o fanático tantas vezes se senta no banco dos réus.
 
Por incrível que pareça, no actual jornalismo português, ainda há indivíduos deste género, que de tão fanáticos, guardam um ódio patológico a todos quantos não sejam da sua “cor política” (como se o verdadeiro Jornalista possa ter cor política!). Pode e deve ter, sim, opinião política. O seu partidarismo, porém, deve ficar pendurado à porta das Redacções dos jornais, se quiser ser um profissional honesto. Mas o que muitas vezes acontece é que rixas meramente pessoais se sobrepõem à verdade jornalística e o que é oferecido ao leitor não passa de uma grande farsa.
 
Contudo, não podemos ajuizar toda uma classe pelo (mau) exemplo de uns tantos indivíduos que, de jornalistas só têm a carteira profissional ou o simples hábito de escrever em jornais, pois não é uma carteira profissional que faz um bom jornalista, mas sim as palavras que escreve com rigor, isenção e discernimento.
 
É necessário, pois, que os leitores saibam distinguir o trigo do joio e, para tal, basta estar atento à realidade e ao que se escreve sobre ela, e, desse modo, descobrirão facilmente que há Jornalistas e jornalistas.
 
Será urgente um rigoroso saneamento nas empresas jornalísticas, para que o Jornalismo Português seja uma profissão da qual possamos sentir orgulho em exercê-la.

Isabel A. Ferreira
 
publicado por Isabel A. Ferreira às 14:40

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