Sábado, 18 de Janeiro de 2020

Estranho mundo, o nosso…

 

«Exige-se do jornalista que faça quase instantaneamente um trabalho parecido com o do historiador. Daí a importância da sua cultura, do seu conhecimento da actualidade, do seu sentido crítico, e também da sua habilidade em utilizar os meios que estão à sua disposição para se informar tão completamente quanto possível e assim informar os outros com eficiência» (Philippe Gaillard, mestre do Jornalismo Francês).
 
 
Que mundo será este, o nosso?
 
 

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Copyright © Isabel A. Ferreira 2009
 
 
Aldous Huxley, considerado um dos maiores escritores de Língua Inglesa bem como um dos mais aliciantes e inquietantes romancistas do século XX, escreveu uma obra intitulada Admirável Mundo Novo, na qual apela para a consciência dos homens e denuncia o perigo que ameaça a Humanidade se o homem não se tornar surdo ao canto da sereia do falso progresso.
 
Neste livro, o autor apresenta-nos uma visão de um futuro (imaginado) onde o selvagem (o homem que não foi mecanizado) não tem outra saída senão a do suicídio.
 
Tempos mais tarde, Huxley escreve um outro romance que intitula Regresso ao Admirável Mundo Novo, onde nos revela até que ponto o que fantasiou no seu primeiro romance se tornou realidade. E, de um modo irónico, apresenta-nos os aspectos da vida do seu tempo que lhe confirmaram ou tenderam a confirmar a fantasia do seu Admirável Mundo Novo.
 
Sem o engenho nem a arte de Aldous Huxley, evidentemente, proponho-me igualmente a apelar para a consciência dos homens do tempo que passa, e denunciar uma certa ignorância que ameaça transformar o nosso país, num lugar sem lei, onde qualquer indivíduo faz o que bem entende, violentando com isso a imagem humana de uma sociedade que se diz responsável e orgulhosa dos seus valores culturais, sociais, religiosos e morais, sem que alguém, de direito, interfira, com lucidez.
 
Assim, tal como Aldous Huxley (ainda que mal me compare) vejo-me impelida a reflectir sobre este Estranho Mundo o Nosso, onde, curiosamente, as leis não se fazem cumprir, e com tal reflexão tentar alertar os cidadãos menos atentos, para o que ao nosso redor se vai passando.
 
E se os cães ladram e a caravana passa, isto é, se aqueles que têm um objectivo definido (ainda que esse objectivo seja o de infringir a lei), não se preocupam com a desaprovação alheia e continuam a provocar os cidadãos e as autoridades, temo que estes cidadãos e estas autoridades tenham perdido o respeito por si próprios, permitindo todo o género de abusos sem reagirem firmemente, e necessitam rever urgentemente o seu código de ética pessoal e profissional, regressando à escola para estudar as leis que ainda vão vigorando no país e que não permitem que se violente, por exemplo, os direitos das crianças, uma vez que os homens perderam a vergonha e a dignidade, não sei se definitivamente.
 
Cada cidadão tem (ou devia ter) um papel específico a representar na sociedade pela qual é responsável, ou seja, aos médicos cabe cuidar de todo e qualquer doente; aos padres alimentar com palavras do Evangelho o espírito dos crentes; aos advogados defender os bons e atenuar as penas dos maus; aos juízes fazer justiça, e não apenas cumprir leis inadequadas, e assim por diante…
 
Quanto aos jornalistas, o melhor é utilizar as palavras dos grandes mestres (que a nova geração, ao que parece, já não lê): «Qualquer que seja o seu posto, o jornalista honesto exerce uma função social relevante» (Victor Silva Lopes).
 
«O jornalista é o historiador do quotidiano: tem de ver o que muitos ignoram; tem de estar onde os outros não estão. É o homem dos mil olhos dividido em mil homens: vive de factos e de ideias – alimenta a curiosidade dos leitores com palavras. Com palavras que terão sempre de possuir força, dignidade e honra. Imagem devolvida do que se passa no coração do Mundo, o jornal é um comportamento moral e o jornalista um estafeta que passa o testemunho, desde há milénios, quando o homem primitivo comunicou, para todos os séculos, a verdade circundante – gravando nas grutas de Altamira as rudes tarefas, os seus doces amores, os seus amargos desesperos» (Baptista-Bastos).
 
«Exige-se do jornalista que faça quase instantaneamente um trabalho parecido com o do historiador. Daí a importância da sua cultura, do seu conhecimento da actualidade, do seu sentido crítico, e também da sua habilidade em utilizar os meios que estão à sua disposição para se informar tão completamente quanto possível e assim informar os outros com eficiência» (Philippe Gaillard, mestre do Jornalismo Francês).
 
Finalmente, às autoridades, entre outras atribuições, cabe fazer cumprir as leis aplicáveis (porque existem algumas completamente inaplicáveis, inúteis e destrutivas), zelar pela integridade física e moral dos cidadãos e defendê-los contra toda e qualquer afronta.
 
Mas vá-se lá agora saber por que é que no nosso país somos agredidos continuamente pelas mais diversas perversidades, sem que haja uma luz ao fundo do túnel, que nos dê, pelo menos, a esperança de que algo está a fazer-se para se modificar as leis decadentes, que são as nossas, para podermos dizer: até que enfim, a tranquilidade que merecemos está connosco.
 
Miguel de Cervantes, que tinha uma visão de águia, além do D. Quixote e outras obras interessantíssimas, deixou-nos este pensamento, depois de ver os seus carrascos a serem condenados, e o qual cito frequentemente, porque também creio nele: Deus suporta os maus, mas não eternamente…
 
Quanto ao Homem, que é mortal e imperfeito, deverá suportar esses maus eternamente?
 
 
Isabel A. Ferreira
 
 
publicado por Isabel A. Ferreira às 16:02

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Segunda-feira, 22 de Abril de 2019

«O BRASIL QUER LIVRAR-SE DO ACORDO ORTOGRÁFICO? TAMBÉM NÓS»

 

Elucidativo texto de Nuno Pacheco, jornal PÚBLICO

18.04.2019

 

NUNO PACHECO.jpg

Nuno Pacheco

 

Numa semana de perdas para a Cultura (o terrível incêndio que desfigurou a Notre-Dame de Paris, ou as mortes de Maria Alberta Menéres e Bibi Andersson) pode parecer desajustado falar disto. Mas não é possível ignorar um certo tweet brasileiro que prenuncia a extinção do “acordo ortográfico”, em coincidência temporal com a entrega, na Assembleia da República, das mais de 20 mil assinaturas da iniciativa de cidadãos (ILC-AO) que batalha para revogar a decisão que reduziu a três os países necessários para viabilizar o acordo.

 

Mas o que se passou, afinal? Isto: o jovem Filipe Martins, assessor especial da Presidência da República [do Brasil] para Assuntos Internacionais, publicou dia 6 de Abril no Twitter (agora governa-se por Twitter) o seguinte textinho: “Depois de nos livrarmos do horário de verão, temos que nos livrar da tomada de três pinos, das urnas electrônicas inauditávris [sic; seria ‘inauditáveis’, mas as teclas “r” e “e” estão lado a lado e ele devia ter pressa] e do acordo ortográfico.” Somou, em pouco tempo, 706 comentários, 6100 likes e 1100 partilhas.

 

Filipe Martins, 30 anos, é tudo menos um sujeito recomendável. Antes da segunda volta que deu a vitória a Bolsonaro, afirmou: “O que está acontecendo no Brasil é uma revolução – a fucking revolution – e não há meios de pará-la.” Os seus gestos, declarações e provocações, muitas vezes em tom de pilhéria, valeram-lhe, segundo a imprensa brasileira, os epítetos de “revolucionário de Facebook”, “líder da direita jacobina” ou “Robespirralho”, referência ao temível Robespierre, propagador do terrorismo de Estado durante a Revolução Francesa.

 

Com tais pergaminhos, poder-se-á concluir, apressadamente, que a anunciada “morte” do “acordo ortográfico” (AO) no Brasil será um golpe da direita mais radical contra a esquerda. Nada mais errado. A lista de coisas a abater, onde o AO agora se inclui, reflecte o pendor pretensamente nacionalista que o Brasil copia de Trump (género “O Brasil primeiro”), menorizando ou deitando fora tudo o que tenha um aroma de acordo externo, importação ou até de simples concertação entre pares mais distantes. Daí que a lista inclua o horário de Verão (que Bolsonaro já garantiu que não vai aplicar em 2019), as placas para matrículas de automóvel com padrão do Mercosul, a tomada eléctrica de três pinos (importada em 2000 e obrigatória desde 2011), as urnas para votação electrónica (em uso no Brasil desde 1996, o governo contesta agora a sua fiabilidade) e, finalmente, o dito “acordo ortográfico”, tendo este último uma explicação simples. Não se trata da língua, já que essa pouco dirá a tais ditames, mas de negócio. Veja-se só este delirante parágrafo da notícia que dava conta do tweet de Martins, no portal brasileiro ClickPB: “O acordo ortográfico completou 10 anos no início deste ano. A padronização do idioma permitiu um aumento do intercâmbio cultural, com livros de ficção, didáticos, paradidáticos e científicos, e documentos, escrituras, contratos e textos de todos os gêneros circulando entre os países sem necessidade de revisão.” Como se sabe, e comprova, isto é absolutamente falso; hoje, como há dez anos. Mas foi este canto de sereia que hipnotizou muitos políticos, alguns intelectuais e legiões de analfabetos.

 

Embalado nesta onda, esperava o Brasil ter negócios garantidos com Angola e Moçambique, os maiores países africanos, pois com Portugal já tem. Azar: nenhum destes países ratificou o acordo nem mostra vontade de o fazer (Angola, aliás, é particularmente crítica do processo). Nem eles, nem a Guiné-Bissau, nem Timor-Leste. Só Portugal, Brasil e, por arrasto, Cabo Verde (que tornou o crioulo língua primeira, não o português) e São Tomé e Príncipe. Para que quer, então, o Brasil, tal acordo? Para exibir em cimeiras multilaterais? Para a CPLP? Nem pensar. O Brasil de Bolsonaro dispensa enfeites, sobretudo se não rendem nada.

 

Se o Brasil cumprir o “chilrear” do passarão Filipe Martins, repetir-se-á a patética situação em que Portugal ficou quando o Presidente brasileiro Café Filho revogou por decreto, em 1955, a Convenção Ortográfica Luso-Brasileira que representantes de Portugal e do Brasil haviam assinado em 1945, já depois do falhado Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro de 1931. Serão os mesmos dez anos, para assinar e rasgar o acordo. Só que em 1945 a ortografia consagrada no acordo respeitava o sistema vocálico português, e assim ficou – aqui e nas colónias africanas que viriam, felizmente, a tornar-se países independentes; enquanto a do “acordo” de 1990 se conforma mais ao sistema vocálico brasileiro, resultando absurdo e injustificável por cá.

 

Que fazer? Crescer, que já é tempo para isso. Libertados deste imenso logro “unificador”, os países nele envolvidos podem, além de definir as suas ortografias, cooperar cientificamente na feitura de um grande dicionário (deixem os vocabulários, que nada resolvem), partilhável em linha, com as variantes vocabulares e ortográficas dos vários países aí consagradas, para que todos possamos saber como se fala e escreve no espaço lusófono. Só encarando a diversidade que existe, e se pratica no dia-a-dia dos nossos países, podemos celebrar a Língua Portuguesa.

 

Fonte:

https://ilcao.com/2019/04/20/o-brasil-quer-livrar-se-do-acordo-ortografico-tambem-nos-nuno-pacheco-publico-18-04-2019/?fdx_switcher=true&fbclid=IwAR17sVeQ6elUnonFsAKgkoDXzwdk2eVxl3UDsbiFYqn68H_yA4VCtUVrL00

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:23

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Quarta-feira, 12 de Outubro de 2016

«Ferro Alves queria que os Touros marrassem mais»

 

O relato hilariante, datado de 1935, de uma tourada à corda nos Açores

 

Assim como era naquele tempo, assim é hoje. Nada mudou. O tempo parou ali, e ainda hoje as mulheres soltam uns «ais terroríficos e parturientes» e os homens com «pronunciadas atitudes simiescas, trepam às árvores, encarrapitando-se nos últimos ramos, como se o toiro fosse um animal trepador»…

 

Divirtam-se!...

 

FERDINANDO.jpg

 Cena do filme «Ferdinado, o Touro»

(Para quem estiver interessado em ver (ou rever) esta extraordinária curta-metragem)

 

 

O jornalista e advogado Ferro Alves que esteve nos Açores como deportado, onde participou na “Revolta dos Açores e da Madeira”, em 1931, antes de aderir ao salazarismo, esteve na ilha Terceira durante quinze dias, tendo assistido a uma tourada que descreveu no seu livro “A Mornaça (***) ”, publicado em Lisboa em 1935.

 

Aqui vai um relato do que viu:

 

«Na praça da terra reúnem-se todos os habitantes no meio de uma chinfrineira aguda empunhando cacetes e com mais abundância guarda-chuvas, Esse instrumento antipático e avelhado disfruta aqui de irresistíveis simpatias. Nas janelas apinham-se cachos humanos chilreantes…

 

O cacique local com aspecto importante – as ilhas estão pejadas de odiosos caciques – dirige a função. Munido de uma corneta, ou búzio, o soba do povoado dá o sinal para começar a festa. As mulheres, que no mais recôndito das suas almas escondem a sua adoração pela tragédia, cerram os olhos, soltando uns ais terroríficos de parturientes. Os homens atacados dum pânico súbito fogem em todas as direcções. Alguns, com pronunciadas atitudes simiescas, trepam às árvores, encarrapitando-se nos últimos ramos, como se o toiro fosse um animal trepador.

 

A praça fica deserta e respira-se um ar pressago de dramatismo. Contraídos e anelantes, como nas tardes famosas de Madrid, em que Belmonte alterna com Cagancho, aguardamos a aparição do toiro, fumegando cólera e bramindo vingança. Afinal surge o cornúpeto, que não é toiro, mas simplesmente um novilho, e bastas vezes, uma raquítica vaca, muito enfastiada por ver-se metida em zaragatas. Pois, senhores, e aqui reside o ineditismo do espectáculo, o tal novilho de poucas carnes e de insubsistente acometividade, vem amarrado por uma longa corda de quinze ou vinte metros. O pobre bicho de olhos chorosos, autenticamente bovinos, acossado pelo gritério, dá uma corridita até ao meio da praça, estaca de repente assustado soltando uns mugidos lancinantes, em que bramam desejos insatisfeitos duma boa ração de favas.

 

Aproveitando a indecisão do animalzito nostálgico duma verde campina, onde possa saciar a sua fome, os populares mais atrevidos lançam-se à praça com a chaqueta*** numa mão e o obcecante guarda-chuva na outra. Com estes singulares atavios, que substituem a muleta e as bandarilhas citam o pachorrento animal, que exala uns quantos gemidos a ver se não o metem em sarilhos.

 

Animados pela mansidão do cornúpeto, los diestros, puxam-lhes o rabo, espicaçam-no com a ponta das malditas sombrinhas, provocam-no com lenços escarlates.

 

O animal resolve-se finalmente a investir depois de laboriosa deliberação. Os artistas abandonam a presa e os instrumentos de combate. Se porventura o triste novilho consegue alcançar algum dos seus algozes, rasgando-lhe com uma cornada o fundilho das calças, o gentio delira. Há palmas e vivas, desmaios e chiliques. Os marmanjões que sustentam a corda que prende o bicho puxam dela desesperadamente até que imobilizam completamente o bicharoco. Se este num movimento ocasional se volta, enfrentando-se com os moços de corda, então o pânico é indescritível.

 

Um autêntico salve-se quem puder. Os muros e as árvores são impotentes para conter a correria vertiginosa, alucinada, dos pretensos campinos. Chiam como ratazanas aprisionadas na ratoeira.

 

Felizmente a mornaça contamina não só os homens como os animais. O novilho a breve trecho se fatiga, pára tristonho e rendido entregando-se sem combate à fúria vencedora dos seus inimigos. Docilmente deixa-se conduzir ao curral, com um olhar resignado, de quem pede perdão por ter magoado o traseiro de algum diestro menos veloz. Creio que nestas touradas, apesar de frequentes, nunca houve colhidas que demandassem mais do que um pouco de álcool para friccionar as nádegas dos campónios.

 

Nestas touradas somente tomam parte como aficionados elementos populares. Os filhos dos sobas e régulos, classifico assim as personagens locais, abstêm-se de participar nestes folguedos. A sua seriedade de jarrões impede-os de se misturarem a tudo o que seja dinamismo.

 

O espectáculo termina com a lide de alguma vaca, mãe respeitada de numerosa prole. Insensível aos guarda-chuvas e às chaquetas permanece estática no meio da praça entre as chufas da multidão. Para arrancá-la à sua passividade chegam a picá-la com sovelas. Eu vi uma tão pachorrenta, que um indígena no meio do entusiasmo da assistência, puxava-lhe cinicamente as orelhas. Com a descrição das célebres touradas à corda, cremos dar uma ideia nítida da maneira como a mornaça transforma em insipidez, os mais emocionantes espectáculos.»

 

Açores, 12 de Setembro de 2016

José Ormonde

 

***

(***) Mornaça - clima quente e húmido particular dos Açores.

*** Chaqueta – o mesmo que jaqueta (casaco curto)

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:19

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Quarta-feira, 14 de Outubro de 2015

A PROPÓSITO DOS PORCOS QUE TRIUNFARAM PELA PENA DE UM “JORNALISTA”

 

(Aproveito para recomendar a leitura deste livro na Língua Portuguesa original, ou na Língua Inglesa de origem)

 

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O que mudou desde 1945? O nosso idealismo não estará, nos dias que correm, a ser traído pelo poder, pela corrupção e pelas mentiras que os políticos pretendem impingir-nos?

 

António, deixou um comentário ao post OS PORCOS SÃO MUITO MAIS DIGNOS… DO QUE ALGUNS “JORNALISTAS”… às 02:11, 2015-10-14.

 

Comentário:

É óbvio que o programa eleitoral do PAN é um total disparate, porque enquanto elenca um conjunto de valores éticos que visam a protecçao dos animais e do ecossistema, não passa dum conjunto de medidas completamente descabidas sem exequibilidade nenhuma. As propostas do PAN para a política social são uma coisa de fugir - não fazem o menor sentido nenhum. O plano de economia e finanças do PAN é de doidos e impossível de implementar. De resto, a única coisa que sobra são as medidas sem sentido e sem utilidade tipo incluir os animais no agregado familiar, e coisas do género. É um partido cheio de medidas e alternativas sobre como tratar os animais, e como proteger a natureza, mas no que toca a governar um país, não fazem a menor ideia do que estão a fazer. Percebe-se o artigo jornalístico.

 

***

(Antes de responder a este comentário devo lembrar que sou militantemente apartidária, mas não apolítica).

 

***

António, é óbvio que o programa eleitoral do PAN, um programa projectado para o futuro, não é entendível por mentalidades estagnadas.

 

É óbvio que o PAN sabe, tal como Mahtama Gandhi sabia e dizia, que a nobreza de um povo, a grandeza de uma nação e o seu progresso moral, o grau de civilização de uma determinada sociedade podem ser avaliados pela forma como são tratados os seus membros mais vulneráveis, crianças, deficientes, velhos, pobres e naturalmente os animais não-humanos, que fazem parte integrante de uma sociedade constituída pelos Reinos Animal, Vegetal e Mineral.

 

Não é verdade?

 

Pois os governantes portugueses que até agora se sentaram nas bancadas do poder não fizeram nada, absolutamente nada, pelas crianças, pelos deficientes, pelos velhos, pelos pobres e pelos animais não-humanos, até porque as crianças, os deficientes, a maioria dos velhos e pobres e os animais não humanos NÃO VOTAM. Então para quê perder tempo com eles?

 

Não é o que pensam os políticos vulgares?

 

O plano de economia e finanças do PAN não é de doidos nem difícil de implementar, António.

 

Simplesmente é impossível os doidos implementá-lo, por uma razão absolutamente óbvia: incompetência.

 

Só um indivíduo desprovido de sensibilidade e bom senso dirá que o PAN tem medidas sem sentido e sem utilidade «tipo incluir os animais no agregado familiar, e coisas do género»…

 

Pois fique sabendo, António, que em Portugal, para as mentalidadezinhas mesquinhas, estas medidas podem parecer sem sentido, mas nos países evoluídos e civilizados elas já estão implementadas.

 

Dizer que o PAN é um partido cheio de medidas e alternativas sobre como tratar os animais, e como proteger a natureza, mas no que toca a governar um país, não fazem a menor ideia do que estão a fazer, é não saber absolutamente nada da política vigente e dos políticos fixados no poder com supercola.

 

Pois diga-me lá, António, no que toca a governar o país, o que é que os governantes, que até agora governaram, fizeram pelas camadas mais frágeis da sociedade portuguesa? O que é que eles têm feito para proteger a sua fauna humana e não-humana, a sua flora, o seu meio ambiente, as suas florestas, os seus rios? Ou será que isto não tem a menor importância para o País?

 

O António acha que o PAN deveria ter políticas de como encher os bolsos à custa dos impostos dos Portugueses? De como esbanjar dinheiros públicos em coisas absolutamente inúteis, insignificantes e indignas do ser humano?

 

É isso que pretende do PAN?

 

Não, não se percebe o artigo “jornalístico” que deu origem a este comentário.

 

Primeiro porque o artigo não é “jornalístico”. Se fosse jornalístico deveria obedecer à Ética Jornalística, e não obedece.

 

Segundo, porque criticar, apenas por criticar uma filosofia, um modo de estar no mundo global, com olhos postos no futuro, e que as mentezinhas estagnadinhas não compreendem, é altamente pernicioso, contraproducente e não dignifica o jornalismo de opinião.

 

Quem pretende ousar o jornalismo de opinião (e não foi o caso) deve, no mínimo, ter algum conhecimento sobre a matéria que vai opinar, de outro modo corre o risco de fazer triunfar os porcos errados.

 

E atenção! Ao contrário do que os mais “distraídos” acham, os Porcos, são animais bastante inteligentes, por isso, merecem toda a minha consideração e respeito, ao contrário de muitos indivíduos, que andam por aí a armar-se em chico-espertos.

 

144 PORCOS.jpg

 

Ler artigo completo neste link:

https://vista-se.com.br/porcos-os-animais-domesticados-mais-inteligentes-do-mundo/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:23

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Sexta-feira, 23 de Janeiro de 2015

«Porquê? Porque eu sou um Homem!»

 

Um vídeo que mostra as reacções de meninos ao serem incentivados a bater numa menina.

 

Numa campanha anti-violência contra a mulher, um jornalista italiano pede a meninos, dos seis aos onze anos, que encontra na rua, para darem uma bofetada a uma menina desconhecida, que lhes é apresentada pelo próprio jornalista. E a resposta foi unânime: “Não”!

 

Os motivos variaram, mas são surpreendentes.

 

É que ser HOMEM é isto mesmo.

Isabl A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:38

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Quinta-feira, 8 de Janeiro de 2015

JE SUIS CHARLIE

 

O atentado ao Charlie Hebdo, perpetrado por abomináveis terroristas, no dia 7 de Janeiro de 2015, em Paris, não foi um atentado apenas contra os jornalistas que trabalhavam naquele jornal satírico.

 

Foi um atentado contra toda a Humanidade civilizada e livre.

 

je-suis.jpg

 

O mundo não mais será o mesmo depois desta tentativa de calar as vozes de uma consciência colectiva.

 

Não podemos permitir que obscurantistas e ignorantes desprovidos de qualquer sentido humano calem as nossas vozes, aterrorizando-nos com armas de fogo.

 

As vozes de dez jornalistas calaram-se para sempre, mas milhares de outras vozes gritarão pelo mundo inteiro JE SUIS CHARLIE, e a liberdade de expressão não perecerá.

 

Quem não tem capacidade intelectual de se rir das suas próprias fraquezas, utiliza a força bruta que os agrilhoa às pesadas algemas da ignorância, para fazer valer ideias retrógradas e irracionais.

 

E aqueles que ainda não perderam a sua lucidez não podem permitir que a irracionalidade se sobreponha à razão.

 

JE SUIS CHARLIE será o nosso grito de uma guerra pacífica.

 

TODOS SOMOS CHARLIE neste momento.

 

Que estes jornalistas não tenham morrido em vão.

 

Eles morreram para manter a liberdade de expressão viva.

 

Saibamos honrar o extremo sacrifício destes heróis da palavra, por um mundo livre do estigma da tirania religiosa, da escravatura política e do encarceramento do pensamento.

 

JE SUIS CHARLIE.

Hoje e sempre.

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:56

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Segunda-feira, 17 de Novembro de 2014

«SIM, É VERDADE, O TOURO SOFRE E NÃO GOSTO NADA DISSO»

 

«Na juventude, interessei-me pela tauromaquia, no que de simbolismo ela representa, mas evoluí e abandonei esse mundo, porque, sim, é verdade que o Touro sofre e a não gosto nada disso» (Iker Jimenez)

 

Iker Jimenez é um jornalista espanhol, licenciado em Ciências da Informação pela Universidade Complutense de Madrid e pela Universidade Europeia de Madrid

 

IKER JIMENEZ.jpg

Fonte:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=746277112089494&set=a.450989738284901.115127.449817305068811&type=1&theater

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:06

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Quinta-feira, 10 de Julho de 2014

«CRIANÇAS EXPOSTAS À VIOLÊNCIA DAS TOURADAS»

 

Reflexões sobre assuntos actuais, em Portugal, pelo jornalista e escritor irlandês Len Port, no seu Blog «Portugal Newswatch»

 

«Este é o primeiro artigo/reportagem sobre as TOURADAS escrito por um Jornalista Irlandês, em grande parte resultado do trabalho determinado, paciente, persistente, conciliador e motivador que o nosso valoroso Dr. Vasco Reis, Médico Veterinário algarvio, vem desenvolvendo há anos no Algarve, e que em breve levará ao encerramento da Praça que mais touradas realiza neste belo jardim à beira-mar plantado» 

O círculo começa a apertar-se...

 

Cartaz: «Por favor, não visite este lugar de tortura»

(Foto tirada em Albufeira, em Junho de 2014)

 

Quarta-feira, 9 de Julho de 2014 

 

«Muitos turistas estrangeiros estão involuntariamente a maltratar os seus filhos e a violar a lei, trazendo os jovens menores de idade para touradas, de acordo com os activistas de direitos animais no Algarve.

 

O grupo activista «Cidade de Albufeira Anti Touradas» (CAAT) está a solicitar aos serviços de inspecção do Governo, responsáveis pela segurança em espectáculos públicos, para parar de fazer vista grossa ao acesso ilegal de crianças, com idades inferiores a 12 anos. 

 

Os manifestantes afirmam que muitos jovens estão a ser flagrantemente expostos à crueldade contra os animais, cada vez que uma tourada é realizada no Algarve.

 

Os turistas constituem a grande maioria dos espectadores na praça de touros de Albufeira, o local onde se realiza mais touradas no país. 

 

A Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR) confirma que a lei proíbe claramente a entrada de crianças com idade inferir a 12 anos.

 

Não há excepções a esta cláusula. Quando as autoridades não têm certeza da idade da criança, os pais devem ser instados a mostrar um documento que comprove a identidade e idade da criança. Se os pais não o fizerem, a responsabilidade pelo cumprimento da lei será deles. 

 

No início do corrente ano o Comité das Nações Unidas para os Direitos da Criança expressou a sua preocupação acerca desta matéria, e exortou Portugal a investigar os efeitos mentais e emocionais da exposição de crianças à violência das touradas.  

 

Os manifestantes anti-tourada não culpam os turistas por estes, conscientemente, maltratarem os seus filhos ou violarem a lei. A maioria dos pais estrangeiro, britânicos e outros, dizem eles, não têm conhecimento da lei e são eles próprios vítimas da desinformação quanto às touradas serem uma característica aceitável da cultura portuguesa.

 

«Dizem a toda a gente que os touros não são mortos na arena como em Espanha, por isso soa como se as touradas portuguesas fossem inocentes», diz Isabel Searle, líder dos manifestantes. «Mas os turistas não são informados sobre o sofrimento dos touros antes, durante e depois das lutas».

 

Esta forma de entretenimento público ocorre em Portugal, bem como em Espanha, há vários séculos, mas um número crescente de pessoas, em ambos os países estão a exigir que ela seja abolida.

 

As crianças, juntamente com os adultos que assistem a uma tourada em Albufeira podem testemunhar quatro ou cinco touros a serem torturados e trespassados por bandarilhas, num espectáculo que tem a duração de cerca de duas horas.

 

As touradas são realizadas semanalmente, durante os meses de Verão. «Os turistas vão por curiosidade. Eles não estão cientes da crueldade envolvida», disse Mark Evans, um membro do grupo activista.

 

«Eu já vi muitos turistas em estado de choque e, por vezes, fisicamente doentes, após a sua primeira tourada. Eles não vão uma segunda vez».

 

Manifestantes do CAAT, de várias nacionalidades, estão a planear uma outra manifestação pacífica, do lado de fora da arena de Albufeira, na próxima Quarta-feira à noite (16 de Julho) e, novamente, na noite de Sexta-feira, 22 de Agosto. Eles estão a apelar a todos os outros, residentes estrangeiros, bem como portugueses, para se juntarem a eles.

 

Quando questionada sobre permitirem crianças na praça de touros, a polícia disse aos manifestantes que essa era uma questão para a Inspecção-geral das Actividades Culturais (IGAC). Mas este organismo não tem mostrado, até agora, nenhum interesse em aplicar rigorosamente a lei, dizem os activistas.

 

Ao promover a consciencialização dos turistas para a brutalidade envolvida nas touradas, os manifestantes esperam pôr fim às touradas no Algarve, o que pode eventualmente levar a uma proibição em todo o país.

 

Um dos poucos aficionados britânicos que vivem no Algarve, o qual frequenta touradas em Espanha há décadas, disse-nos que o craveira de touradas no Algarve é baixa, porque elas são apenas espectáculos para turistas.

 

Ele concordou que a tourada é um espectáculo violento e observou que, mesmo no seu mais alto nível, é perigosa para os homens que lutam a pé, que são muitas vezes feridos, às vezes fatalmente, quando atingidos por um touro pesando uns 500 quilos. Os Cavalos, que se apresentam nas Corridas de Touro à Portuguesa, também correm risco de morte.

 

Comparado com o gado domesticado, criado para carne, os touros destinados à arena têm um estilo de vida muito melhor, afirmou. Touros de qualidade são mantidos em boas pastagens durante cinco anos antes de entrar na arena em condições físicas superiores, enquanto os bovinos são frequentemente tratados com medicamentos para acelerar o crescimento e mantidos em ambiente miserável antes de serem abatidos com menos de dois anos de idade.

 

Ele não tem certeza que o apoio às touradas diminuiu, e acrescentou que a proibição das touradas na Catalunha foi politicamente motivada, enquanto a sua popularidade na Andaluzia e em algumas terras portuguesas ainda era muito forte. Na França, está a aumentar, disse ele.

 

Vasco Reis, médico veterinário Português aposentado, que estudou touradas, e cuja persistência ajudou a aboli-la no município algarvio de Aljezur, argumenta que as reacções anatómicas, fisiológicas e neurológicas dos touros, cavalos e seres humanos são semelhantes quando são ameaçados, estão assustados ou feridos.

 

«O senso comum diz-nos isso e a ciência confirma-o», diz ele.

 

«É importante mencionar a claustrofobia e o pânico que o touro sente quando é retirado violentamente do campo e transportado num espaço confinado. Em seguida, é constantemente abusado com a intenção de o enfraquecer fisicamente e emocionalmente antes de ser levado para a arena.

 

«Uma vez na arena, o touro é submetido a muita provocação e tortura. Depois vem mais sofrimento com a extracção, sempre violenta e dolorosa, das lanças, rasgando e golpeando a pele para arrancar as bandarilhas.

 

«Quando a tourada acaba, o animal é transportado para longe, desgastado, ferido e febril, numa acidose metabólica tóxica grave, o que o torna muito doente, até a morte num matadouro, alguns dias depois, quando, finalmente, é libertado do seu sofrimento.»

 

O veterinário afirma que os cavalos numa praça de touros sofrem de cansaço e tensão psicológica terrível, porque eles são dominados e encorajados pela força, para enfrentar o touro quando o instinto natural do cavalo é para fugir da situação.

 

«Com um treinamento pesado, as esporas que o ferem, peças na boca e um grilhão ao redor da mandíbula, que é um modo doloroso para dominá-lo, o cavalo corre o risco de morte na arena, quer por ataque cardíaco ou devido às graves feridas que lhe são infligidas».

 

Vasco Reis conclui: «É difícil, se não impossível, acreditar que os toureiros e aqueles que gostam de touradas possam dizer que amam os touros e cavalos, quando eles os submetem a esse tipo de violência.

 

«Eu não posso ajudar, mas pergunto por que uma actividade tão violenta, baseada no sofrimento público destes animais, é permitida continuar, autorizada por lei, ou até mesmo ter adeptos e ser aplaudida e glorificada por alguns. A verdadeira democracia não permite tortura».

 

O texto original, em  Inglês, está no seguinte link:

www.algarvenewswatch.blogspot.com

 

Abram este link:

http://www.algarvedailynews.com/features/legal/2856-children-exposed-to-bullfight-violence

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:34

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Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2014

Carta aberta à jornalista Isabel A. Ferreira, criadora do «Arco de Almedina»

 

Recebi esta carta, hoje, e é com emoção que a publico, porque além de ser aberta, contém matéria de interesse público, a favor dos meus amados Touros e Cavalos.

Obrigada, Dr. Vasco Reis, e bem-haja por ser como é.

Isabel A. Ferreira

 

 
É deste modo, livres e belos, que Touros e Cavalos devem estar na Natureza, e é assim que nós, seres sencientes tal como eles, gostamos de vê-los
 
 

Aljezur, 13 de Janeiro de 2014.

 

Cara Isabel,

 

Tenho acompanhado a sua dedicada, generosa, corajosa, persistente acção em defesa do ambiente, dos animais e das pessoas, o que reconheço e agradeço profundamente.

 

A obra é muito extensa, mas vou modestamente lembrar a sua intervenção quando alerta para uma iniciativa com o intuito de aliciar jovens para a tauromaquia, o que está a acontecer numa escola de Alter do Chão.

 

Esta iniciativa é protagonizada por um professor e seus apoiantes, entre os quais estão os pais de alunos.

 

O professor responsável, atingido pelo alerta da Isabel, não se conformou com a denúncia desta iniciativa destinada a criar futuros adeptos e artistas tauromáquicos e fez queixa contra si.

 

Por isso vai a Isabel responder perante autoridades neste dia 13 de Janeiro. 

 

A tauromaquia é uma actividade extremamente cruel para os animais; degradante para os próprios aficionados, artistas, lobistas; extremamente prejudicial para o prestígio do país; deturpador de mentalidades juvenis; profundamente confrangedora para pessoas conscientes e compassivas.

 

Não deve, portanto, ser matéria didáctica.

 

Não obstante, tauromáquicos estão a aproveitar-se da persuasão sobre estes jovens, perante a indiferença ou com a conivência de pais, professores, escolas, institutos de juventude, ministérios, Misericórdias, igrejas, políticos, grande parte da sociedade.

 

Como a sabedoria tradicional ensina, “DE PEQUENINO SE TORCE O PEPINO”, para o bem e para o mal.

 

A Isabel é só uma das muitas pessoas que protestou contra esta perniciosa, escandalosa iniciativa.

 

Creio que não vai ter grandes dificuldades em justificar a sua atitude, feita no melhor interesse do país e das suas pessoas, nomeadamente dos seus jovens.

 

A propósito: há que fazer, desta vez para atingir o bem, algo paralelo ao que os tauromáquicos estão a fazer em escolas para levarem jovens para o mal.

 

Um ponto fundamental e urgente da estratégia abolicionista é, que os respeitadores da Terra, da Vida, da Paz, da Tranquilidade, da Ética, da Compaixão se organizem e contribuam para a educação da juventude no sentido do respeito pelo ambiente e pelos seus seres vivos, vegetais e animais, humanos e não-humanos.

 

Que se apresente e difunda a força dos argumentos do senso comum e da ciência com os meios do contacto directo, do exemplo, da comunicação social, da solidariedade e em texto, palestra, vídeo.

 

Que se produza bom material didáctico e se ponha à disposição de professores e escolas.

 

Além de ser uma acção positiva e libertadora para os animais não-humanos, também o é para a sociedade humana.

 

Os animais juvenis, não-humanos e humanos, são receptivos a experiências que os impressionam e marcam para a vida, de uma maneira geral de maneira tão mais forte, quanto mais precocemente elas acontecem. É mais uma semelhança entre as espécies animais não-humanas e a humana, além do esquema anatómico, a fisiologia, a neurologia, a emotividade, a consciência do que se passa à sua volta, a capacidade de experimentar empatia ou desconfiança, medo, prazer, dor, etc. Animais juvenis aprendem com os progenitores e, por exemplo, a confiar nos humanos, se têm cedo um contacto agradável com gente.

 

Já agora, deixo-lhe a minha opinião a propósito de activismo e de estratégias.

 

O filósofo Arthur Schopenhauer afirmou que:

 

O Homem faz da Terra um inferno para os animais

e

A compaixão universal é a base de toda a moral”.

 

Penso que concordamos com isso!

 

Acho que a Isabel é muito ciente da susceptibilidade dos animais e da terrível exploração e do sofrimento de que são alvo e vítimas.

 

Isso confrange-a, indigna-a, revolta-a. Sofre solidariamente de uma maneira terrível. Faz o possível por alertar para isso, para explicar o porquê da crueldade e, obviamente por ser ciente, professora, sincera, faz o possível por comunicar conhecimento.

 

Não poupa críticas aos que vitimam os animais e que as merecem.

 

Não teme represálias iníquas e vai aguentando críticas de outros abolicionistas motivados por outras estratégias.

 

É um impulso/estratégia seu que obriga à reflexão e à compreensão das pessoas, a que se deve seguir uma opinião e opção de quem a escuta ou lê. Estou certo que assim ajudou a abrir e informou a consciência de muitas pessoas para a preocupação com os animais e para o activismo na sua protecção.

 

Não compartilho da afirmação feita dogma de que atitudes como a sua vão afugentar ignorantes, distraídos e indiferentes. Antes pelo contrário, acho que vão fazê-los pensar e compreender.

 

Não é silenciando ou adoçando a pílula da crueldade que se acordam consciências.

 

Há muitas estratégias para a luta abolicionista.

 

Todas elas podem ser úteis, até as que se interessam mais pelo politicamente correcto, pelos contactos velados, pelo secretismo, por oposição a manifestações, por não se ser reactivo.

 

Mais me parece um distanciamento no sentimento e na preocupação pelo atroz sofrimento dos touros, dos cavalos e das pessoas que sofrem na sua consciência solidária pelas vítimas da tauromaquia.

 

Creio que elas se complementam e, no seu conjunto e solidariedade, fortalecem a luta.

 

Penso que nenhuma tem o direito de monopolizar a luta, de se considerar a única positiva e de criticar as outras.

 

Parece haver, por vezes mais cerimónia e respeito pelo adversário do outro lado da luta, do que pelos que lutam deste lado.

 

Penso que isso leva a divisionismos, frustrações, perdas de energia e de tempo e a deserções.

 

Eu próprio, se este clima prossegue, sou capaz de deixar o contacto com tais “activistas” supercríticos, que certamente não vão sentir a minha falta.

 

Tenho-me dedicado a esta luta por não saber de colegas da profissão que estejam disponíveis.

 

Quem me dera poder retirar-me da luta, já que vou a caminho dos 76 anos de idade!

 

Um abraço de toda a solidariedade e de enorme admiração.

 

Vasco Reis

 

***

Touro, Cavalo, Homem.

 

Nas três espécies:

 

O desenvolvimento embrionário é idêntico nas primeiras fases e pouco diverge nas fases seguintes, além de aspectos morfológicos e de alguns órgãos não essenciais.

 

Pode verificar-se que o esquema anatómico (aparelhos e sistemas) é comum; fisiologia e neurologia são idênticas.

 

A semelhança de sistema nervoso (centros nervosos, nervos) é flagrante.

A partir de encéfalos (central onde se processa o sentir, o pensar, o compreender, o decidir, o reagir) com estruturas correspondentes nas três espécies, é de se esperar que senciência/sentidos, emoções, consciência, sentimentos, estados de disposição, reacções sejam muito semelhantes nas três.

 

Os vários comportamentos confirmam isso mesmo, implicando semelhanças de necessidades (ar, alimento, água, movimento, espaço, liberdade); de sentidos; de consciência do que se passa à volta; de inteligência; de sentimentos; de emoções; de humores; de reacções a agressão, dor, ferimento, susto, prisão, cio; de confiança e desconfiança; de amizade; de sentido de guarda e de protecção; de ligação sentimental maternal, filial, paternal, fraternal, de grupo; de gosto por carícia, por desafio, por provocação, por brincadeira, etc.

 

Agressão a um touro ou a um cavalo - seres sencientes - é causadora de sofrimento, não muito diverso do que sofreria um ser humano em circunstâncias análogas.

 

Sofrimento físico (dor) é fundamental para compelir o ser a defender-se, a afastar-se do agente causador e a procurar segurança e alívio. A dor é assim fundamental e imprescindível para a defesa e a sobrevivência do ser e da espécie.

 

Não é reacção que se ponha de lado com mais ou menos excitação ou com mais ou menos hormonas (ao contrário do que Illera pretende na sua pseudo ciência).

 

As plantas são seres desprovidos de sistema nervoso e, portanto, não podem sentir dor, não têm consciência, não podem reagir rapidamente, não podem fugir. Não sofrem!

 

Vasco Reis, médico-veterinário

 

Aljezur, 13 de Janeiro de 2014.

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:41

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Quarta-feira, 18 de Setembro de 2013

«EM TORDESILHAS A BESTIALIDADE É A DOBRAR»

 
 

 

«Em Tordesilhas, todos os anos, a selvajaria é dupla.

 

A chusma ataca barbaramente um touro que não tem qualquer hipótese de se defender, ataca os que contestam o acto medieval e primitivo e também aqueles que fazem o seu trabalho.

 

Uma foto que ilustra e bem os trogloditas de Tordesilhas

 

Ontem, uma vez mais, não se limitaram a chacinar o touro Vulcano, apedrejaram manifestantes anti-touradas e agrediram o jornalista Juan Postigo do jornal “Tribuna de Valladolid”.

 

Jornalista, esse, que se limitava a fazer o seu trabalho e que foi assaltado por dois facínoras que tentaram tirar-lhe a câmara atirando-o violentamente ao solo.

 

Uma vez que estes energúmenos afirmam aos quatro ventos que não só a “festa” é legal como sentem orgulho na mesma, então porque é que ano após ano agridem jornalistas e tentam a todo o custo evitar que os mesmos filmem ou tirem fotos?

 

Porque sabem e bem que o que fazem é sanguinário, arcaico e próprio de gente que ainda vive na era das cavernas.

 

Prótouro

Pelos touros em liberdade»

 
publicado por Isabel A. Ferreira às 10:03

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