Segunda-feira, 11 de Agosto de 2014

A propósito dos "Touros de Fogo" em Coruche

 

Em 08 de Agosto de 2014 enviei à IGAC, com o meu mais veemente repúdio, o link correspondente ao seguinte texto:

 

Touros de Fogo? Em Portugal? Com o aval da IGAC? Isto é uma completa ilegalidade! 

http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/touros-de-fogo-em-portugal-com-o-aval-451608

 

 

Reza a crónica que no dia 15 de Agosto a arena de tortura de Coruche receberá pela primeira vez um concurso de recortadores internacional com Touros de fogo, o que constitui um crime face à lei portuguesa.

 

E gabam-se os organizadores desta crueldade que acrobatas portugueses, espanhóis e franceses farão as delícias naturalmente de um público sádico e ignorante, que goza com o sofrimento de um ser vivo. 

 

E isto para comemorar a Nossa Senhora da Salvação, que fará tudo menos salvar esta gente do fogo dos infernos.

 

Como toda a gente sabe, Touros de fogo não são permitidos em Portugal, mas num país sem rei nem roque, tudo é permitido nas barbas das autoridades.

 

Naturalmente indignada, como um direito meu, consignado na Constituição Portuguesa, enviei uma denúncia à IGAC, antes da consumação dos factos.

 

E da IGAC recebi esta resposta:

 

«Exma. Senhora

Isabel Ferreira

 

No seguimento do e-mail infra, encarrega-me o Senhor Inspe[c]tor-geral das A[c]tividades Culturais de informar o seguinte:

 

Em relação à comunicação remetida a esta Inspe[c]ção-geral sobre o assunto em epígrafe, sublinha-se que, diferentemente do veiculado, não foi produzida qualquer autorização pela IGAC para utilização do recinto descrito, para o espe[c]táculo em causa.

 

Informa-se, ainda, que os espe[c]táculos de recortes não se enquadram no regulamento do espe[c]táculo tauromáquico nem se integram no conceito de espe[c]táculo de natureza artística, não sendo assim da competência desta Inspe[c]ção-geral a autorização de realização de espe[c]táculos daquela natureza.

 

Neste domínio, a competência da IGAC intervém apenas na autorização de utilização de recintos fixos de espe[c]táculos licenciados para outras a[c]tividades, não enquadradas em qualquer das modalidades supra referidas, a qual depende da avaliação do tipo de utilização do recinto face às características do mesmo.

 

Por último, agradece-se desde já todos os elementos facultados a esta Inspe[c]ção-geral e que serão tidos em atenção numa possível avaliação de pedido de autorização de utilização do recinto.

 

Com os melhores cumprimentos

ELISABETE RODRIGUES

Técnica Superior [?] da Dire[c]ção de Serviços de Estratégia, Inovação e Comunicação

INSPE[C]ÇÃO-GERAL DAS A[C]TIVIDADES CULTURAIS

 

Acrescentar valor à cultura, aos autores e ao espe[c]táculo [?????????]».

 

***

Como todas as mensagens que recebo merecem resposta, aqui deixo o que enviei à Exma. Senhora Dona Elisabete Rodrigues:

 

Exma. Senhora ELISABETE RODRIGUES,

Técnica Superior da Direcção de Serviços de Estratégia, Inovação e Comunicação

 

INSPECÇÃO-GERAL DAS ACTIVIDADES CULTURAIS

 

Agradeço a gentileza da resposta.

 

Sendo assim, este caso ainda é mais grave do que parece.

 

Está repleto de contornos criminais.

 

Esperamos, pois, que sejam tomadas a devidas providências por parte das autoridades competentes, e que os prevaricadores sejam severamente punidos, para que não se repitam, em território português, estas iniquidades, que estão ao nível de um qualquer país terceiro-mundista.

Se Portugal fosse um País livre da praga tauromáquica, que o catapulta para um passado, onde imperava a ignorância no seu estado mais puro, estes vergonhosos episódios não conspurcariam a sociedade portuguesa contemporânea, que se quer evoluída, civilizada e culta, e eu não estaria aqui a escrever estas linhas, totalmente desapropriadas ao tempo que corre.

 

Permita-me acrescentar que gostei muito do V. lema:

 

«Acrescentar valor à cultura, aos autores e ao espectáculo».

 

Pois esperamos que a Direcção de Serviços de Estratégia, Inovação e Comunicação comece a pôr em prática este lema, e que eu regresse a este Blogue, para elogiar (e não mais para criticar) a IGAC, uma vez que poderiam decidir acrescentar valor à cultura, aos autores e ao espectáculo, não autorizando barbaridades destas e outras consentidas por uma lei ilegal.  

 

Com os meus melhores cumprimentos e com aquela esperança que não morrerá nunca, e aguardando que as autoridades desautorizem tal barbaridade,

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:01

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