Eu, que conheço Paquetá, devo dizer que esta era a sua nódoa mais negra, entre a exuberante beleza daquela ilha. Estou feliz pelos Cavalos que eram (ab)usados, explorados, torturados, escravizados há longos, longos anos, e, finalmente, vão viver em liberdade. Esta foi uma delongada luta dos Defensores dos Animais, mas valeu a pena.
Segundo as notícias, os Cavalos estão a ser levados para a Fazenda Modelo, e daí seguirão para Santuários.
Esperamos que os Cavalos da zona SINTRA/CASCAIS sejam também brevemente libertados.
Os Cavalos não nasceram para ser escravizados pelo homem-predador. São seres magníficos, sensíveis, sencientes, amorosos e não merecem tão triste destino.
Isabel A. Ferreira
(Foto de Andrea Lambert)
Acompanhem a evolução desta libertação, com imagens do local em tempo real, neste link:
http://www.ogritodobicho.com/2016/05/dia-historico-libertacao-dos-cavalos-de.html
Ainda que as palmeiras se agitem, ao aproximar-se a tempestade, mesmo assim... a magia é imensa...
Copyright © Isabel A. Ferreira 2009
Talvez porque o dia esteja cinzento... e de onde me encontro só vislumbro telhados, chaminés, coisas que nada me dizem...
... Recuo a um passado vivido entre palmeiras, goiabeiras, coqueiros, farta vegetação, onde o canto do sabiá se fazia ouvir sobre todos os outros cantos de pássaros exóticos, de que era fértil a selva brasileira.
Quanta saudade!
Viajo até à formosa ilha de Paquetá, um daqueles paraísos que, suponho, ainda vão resistindo à mão do homem-predador, uma ilha que eu conheci, um dia, era ainda menina, e que jamais pude esquecer. Foi como se tivesse vivido um conto de fadas.
A Baía da Guanabara, onde se situa a Ilha de Paquetá, integra uma das mais belas paisagens do mundo, tendo a seus pés a cidade do Rio de Janeiro, onde nem tudo combina com a exuberante natureza da região.
No tempo em que por lá vivi, atravessava-se a Baía até Paquetá, em pequenos barcos a motor, sempre apinhados de gente, que procurava um refúgio tranquilo naquela ilha, onde a deslumbrante flora tropical, não fora ainda violada pela poluição, de espécie alguma.
Ali as árvores não estremeciam com o roncar dos automóveis ou das infernais motorizadas, pois a sua circulação na ilha era proibida. Lá, só se andava a pé, de charrete, com pneus de borracha, puxada a cavalos, ou então de bicicleta.
Não admirava, pois, que o verde da folhagem fosse mais verde e as flores mais coloridas. Podia ouvir-se o som do silêncio, quando a Natureza adormecia, apenas interrompido, de onde a onde, pelo suspiro de um pássaro solitário.
Lá as areias eram brancas e a vegetação crescia selvagem e livre até às praias, banhadas por águas límpidas que reflectiam a luz do Sol, permitindo ver o fundo marinho envolvido em mistério.
Paquetá tinha a magia de uma ilha tropical, tranquila, quente, envolvente. Todas as madrugadas, a Natureza despertava como se acabasse de ser criada pelo próprio Deus, e, quem tinha o privilégio de lá viver ou passar alguns dias, era despertado também pelo canto de um pássaro que resolvia pousar no ramo mais próximo do chalé. Abria-se então a janela e aquele ar puro com cheirinho a mar entrava-nos na alma, e era como se tornássemos a nascer.
Ao cair da tarde, debaixo da luz ténue do Sol tropical, a vegetação tomava um colorido suave, indescritível, e as águas tranquilas da baía faziam-nos lembrar os tão cantados lagos dos contos de fadas.
Em Paquetá, vivia (será que ainda vive? o próprio Deus!
Claro que a ilha já existia, bela e selvagem, muito antes de os homens a terem descoberto. E ela era tão linda, tão exuberante que homem algum se atreveu a violá-la. Adaptaram determinados locais para o homem lá poder viver. Mas não a destruíram. E era possível nela podermos apreciar belos chalés e palacetes de arquitectura notável, lindas avenidas, floridas e arborizadas, testemunhos de uma civilização controlada, não agredindo a Natureza virgem.
Na ilha tudo era fresco e limpo, e os turistas (estrangeiros e brasileiros) que ali afluíam não se atreviam a conspurcar o lugar, com a sua incivilização. Não podiam! Tal era a magia que Paquetá exercia sobre os homens.
Sou daquelas pessoas que pensam que o homem pode preservar o seu próprio paraíso, quando o tem, ou construí-lo, quando o não tem, tudo dependendo do seu grau de inteligência, da sua boa vontade, da sua sensibilidade, da sua lucidez. Por isso, revolto-me ao deparar-me com homens de pouca inteligência, de má vontade e insensíveis a conduzir o destino dos que sabem distinguir entre o inferno e o paraíso.
É verdade que o que é paraíso para uns, pode ser inferno para outros, no entanto, quem mutila o próprio corpo para dele arrancar os próprios pulmões, é um mero suicida, não é um Homem!
Quem teve o privilégio de conhecer Paquetá e outros paraísos, ou viveu outras civilizações, onde a Natureza é respeitada e preservada para o próprio homem dela usufruir, não pode, em toda a consciência, aceitar a vida na selva de cimento em que se transformaram as nossas cidades.
Deus que criou paraísos para o homem viver, e deu inteligência ao homem (e não às pedras) para ele poder discernir, não quer, com certeza, ver destruído o que construiu com tanto engenho e arte.
Deus, ao mostrar o paraíso a Adão e Eva disse-lhes: «Eis o Jardim do Éden, onde podeis viver felizes e tranquilos, se assim o desejardes!»
Dependia, pois, deles, viver eternamente sem «consumirem a própria existência em rudes e penosos trabalhos».
Adão e Eva conheceram o Paraíso e perderam-no, por não saberem preservá-lo. E Deus nada pôde fazer. A escolha foi deles.
Quem de nós não conseguir interpretar o simbolismo do «Jardim do Éden» não poderá nunca entender a magia da Natureza, os segredos da flora e da fauna que rodeiam a Humanidade.
É essa ignorância que eu lamento.
Isabel A. Ferreira