É inacreditável o que está acontecer em pleno mês de Fevereiro, do ano de 2022 depois de Cristo, em que, em nome de uma vontade macabra de agitar o mundo, num momento em que o mundo está de pernas para o ar, com uma pandemia em curso, alguém decide, porque sim, invadir um País livre e soberano: a Ucrânia.
***
Porquê isto
***
Quando podemos ter isto?
***
O primeiro horror veio e foi… e ninguém aprendeu nada…
***
Então, o segundo horror veio e foi… e continuou-se a não se aprender nada…
***
Como também ninguém aprendeu nada com os milhares de guerras travadas entre os Homo Sapiens, desde que este descobriu que a magna pecunia proporcionava o Poder necessário para dominar o mundo…
E isto é a maior prova da irracionalidade de certos Homo que não acompanharam o caminho da evolução mental...
Tanta fome no mundo… e tanto dinheiro desperdiçado em armas, para matar pessoas inocentes… enquanto os cobardes instigadores se refugiam nos seus bunkers!
E não me venham dizer que isto é da racionalidade!
Isabel A. Ferreira
(Origem das imagens: Internet)
A superioridade de um ser humano não se mede por aquilo que ele diz ou pensa ou faz, mas pela sua capacidade de partilhar o Planeta com os outros seres; pela sua habilidade para se adaptar a um meio ambiente adverso, e pela sua competência de o preservar na sua singularidade.
Logo, não conseguindo o “homem” (*) partilhar o Planeta com as outras criaturas, e não se adaptando ao meio ambiente, e sendo incapaz de o preservar na sua singularidade, será um ser superior aos seres não-humanos?
Quando muito, será um ser que desenvolveu algumas capacidades que, contudo, não coloca ao serviço nem da Humanidade, nem do Planeta.
Ele é tão-só o destruidor-mor de todos os reinos Animal, Vegetal e Mineral.
Que superioridade será a “superioridade” do Homo que diz ser “sapiens”?
(*) Refiro-me ao homem-predador.
Isabel A. Ferreira
A propósito do título desta publicação, recebi do Zé Onofre o seguinte comentário:
Zé Onofre comentou o post Portugal, actualmente, existe apenas no que fomos capazes de dar ao Mundo, e na lembrança dos Povos aos quais deixámos um Novo Mundo às 17:55, 09/03/2021 :
Quando falamos do passado, temos que o ver à luz do seu tempo. É um principio que todos devemos ter em consideração quando o analisamos. Porém não podemos glorificar uns feitos e esquecer outros. É verdade que desbravamos a Costa de África, o que é um feito para celebrar. Contudo se celebramos essa gloriosa façanha, não podemos esquecer que daí resultou o maior tráfico de seres humanos. Calma. Sei que o pensamento da época não condenava esse tráfico. Mas se hoje nos orgulhamos dos feitos dos portugueses pelos oceanos do Mundo, também devemos concordar que, se aos olhares daquele tempo a compra e venda de escravos não era criticável, hoje, sem diabolizar os esclavagistas, devemos reconhecer que essa é uma nódoa caída na aventura das viagens atlânticas e por outros oceanos. Assim como o Vaticano tem pedido perdão, por aquilo que ao tempo era a razoável, também não nos ficaria mal, antes pelo contrário, pedir perdão pelo mal que fizemos, pensando que naqueles tempos não o era, mas que se mostrou nefasto Alexandre Herculano, no romance o Bobo, cuja acção se situa nos primeiros tempos de Portugal, descreve uma tourada, e não critica o facto de se realizarem touradas, Mas no final da descrição salta para o seu séc. XIX, e diz assim: «Tal era aforma primitiva e singela de um espectáculo de eras bárbaras, que a civilização, desenvolvendo-se alguns séculos, ainda não pôde desterrar da Península.» Assim nós neste tempo, passados 600 anos da Saga pelos mares, começada em Ceuta em 1415, não podemos olhar para ela com saudosismos, mas que são factos que não se repetirão. Foram, mas já não são. Olhemos com respeito para o passado o que não quer dizer que diabolizemos quem, de acordo com os novos tempos, pôs fim a um império que apodrecia. E se os povos que nós colonizamos olham para nós com uma censura não devemos estranhar. Os Castelhanos foram corridos de Portugal em 1640, e ainda sentimos mágoa deles. Zé Onofre PS. Se, antes de aprovar este comentário, que sinceramente tentei manter dentro do civismo e boa educação, me quer conhecer melhor procure no Blog "Das Eras" o que tenho vindo a escrever.
Respondi, o seguinte, ao Zé Onofre:
A quem deverão os Romanos hodiernos pedir perdão?
Fonte da imagem: https://pt.slideshare.net/JooNachtigall/escravido-na-roma-antiga (Sugiro que cliquem neste link).
Caro Zé Onofre, vou esmiuçar o seu comentário, porque, parece-me, mistura alhos com bugalhos, e olha para a História com olhos apenas de olhar.
1 – O passado deve ser visto à luz do passado. Com todos os seus defeitos e virtudes. Ponto. O Império Português não foi pior nem melhor do que todos os outros Impérios. Foi simplesmente um império igual a todos os impérios, com as suas grandezas e também com as suas baixezas, de acordo com o pensar da época.
2 – É NORMAL glorificar os grandes feitos.
3 – NÃO é normal esquecer as baixezas cometidas. E os seres pensantes não as esquecem. Obviamente.
4 – É verdade que desbravamos a Costa de África, o que é um feito para celebrar. E celebramos não só esta como todas as outras façanhas maiores.
5 – Não, ninguém esquece a nódoa negra que foi o tráfico de africanos, que os próprios africanos traficavam, roubando-os às tribos rivais, e depois vendendo-os aos brancos, que pela costa africana iam passando. NÃO SÓ portugueses, mas também Ingleses, Franceses, Holandeses, Castelhanos. Nunca esquecer isto.
Tal tráfico era NORMAL, naquela época, até porque era tido como certo que os pretos não tinham alma, os escravos não tinham alma, as mulheres brancas e as crianças brancas também não tinham alma, e tudo isto era NORMAL naquela época.
Não esquecer também que AINDA HOJE, século XXI d. C. o tráfico de seres humanos está ACTIVO, passa por Portugal, e quem se importa? É que os mortos (todos os mortos do passado) não falam, mas os VIVOS podem falar e muito… Também não esquecer isto.
6 – A escravatura SEMPRE existiu, desde que o Homo é Homo Sapiens. E o pior é que ainda existe escravatura. A escravatura SEMPRE foi condenável, e foi condenada por todos os seres empáticos, de todas as épocas históricas da Humanidade. É só ESTUDAR a História da Escravatura, para sabermos que os Portugueses traficaram escravos, foram maus, mas não foram os mais bárbaros, dentre os muitos povos que traficaram escravos de todas as “raças” e cores: branca, amarela, preta, vermelha…
7 – A escravatura é, de facto, UMA das muitas nódoas negras de TODOS os impérios que existiram em TODAS as épocas.
8 – Ninguém, com um neurónio a funcionar, olha para as nódoas negras do PASSADO com saudosismo. Ninguém. Com saudosismo poderemos olhar para o que já fomos, e já não somos. Já fomos um povo ousado, que deu novos mundos ao mundo, e fez avançar a Humanidade, levando SABER aos lugares mais remotos do mundo. E é isto que devemos celebrar. E é isto que esses povos AINDA celebram, apesar de todos os pesares.
9 – Ninguém, com um neurónio a funcionar, esquece o lado negro das Descobertas portuguesas. Temos de olhar para esse lado negro e aceitá-lo tal como ele existiu, por ser preceito da época, e não tal como desejaríamos que ele tivesse existido. O passado negro deveria ter ficado no passado, mas não ficou. Deveríamos ter aprendido com o que fizemos de mau, para não o repetir. É essa a função de ACEITAR o passado tal qual ele foi, com as suas coisas boas e com as suas coisas más. E o que é que se anda a fazer? Pretende-se APAGAR esse passado, como se ele nunca tivesse existido. E tal atitude só diz da mediocridade, da mesquinhez e da ignorância dos que querem pedir PERDÃO por algo que existiu, porque fazia parte dos valores daquela época, mas está se a cair nos mesmos erros desse passado.
10 – Os homens de hoje deveriam pedir perdão às mulheres, porque houve tempos em que as consideravam criaturas sem alma? A mim, não me faz mínima diferença, porque SEI que tenho alma. Podemos pedir perdão aos MORTOS, porque só a eles o perdão é devido. É falacioso e demagógico andar a pedir perdão aos vivos, quando foram os que já morreram as principais vítimas desse passado ignominioso.
11 – Temos de olhar para o passado com olhos de VER, e com SABER. Ninguém diaboliza ninguém. Isso é ver a questão com preconceito. Os povos que nós colonizámos, se nos olham com censura, caem no mesmo erro. Fomos NÓS, os do século XXI d. C. que os colonizámos? NÃO fomos.
Essa de dizer que «os Castelhanos foram corridos de Portugal em 1640, e AINDA sentimos mágoa deles» é de uma tristeza infinita... QUEM é que AINDA sente mágoa de QUEM? De Filipe VI? De Pedro Sánchez? Do General Franco? Do actual povo espanhol, que nada teve a ver com a arremetida Filipina dos séculos XVI/XVII?
Portugal existe, graças a muitos homens e mulheres que, com grande coragem, muitos sacrifícios e um enorme AMOR à PÁTRIA (algo que os actuais governantes e gente quejanda NÃO TÊM, porque andam a servir os interesses dos estrangeiros, que lhes dão mais “vantagens”), mantiveram intacta a chama da nossa IDENTIDADE de Povo Livre. Já fomos grandes.
Hoje, não passamos de um pequeno País, que anda a arrastar-se por aí, sem brio, sempre na cauda do mundo, com um punhado de gente dentro a tentar destruir a sua Cultura, a sua História, a sua Língua, a sua Identidade, a sua Liberdade, adquirida num 25 de Abril que ainda não se cumpriu completamente, porque vivemos numa ditadura disfarçada de “democracia”.
A História segue o seu rumo de acordo com as ATITUDES dos seus protagonistas. O “pedaço” da História que Portugal está a viver, actualmente, será julgado pelo FUTURO, e, pelo que a História da Humanidade nos diz, NENHUM dos actuais protagonistas será poupado ao mau juízo que os vindouros deles farão.
Destrua-se a ponte, que já foi “Salazar” e hoje é “25 de Abril”. Aquela não foi uma obra do ditador? Atirem-se abaixo os palácios de São Bento e de Belém, e todos os monumentos construídos com o ouro que vinha do Brasil-colónia (e não do Brasil pós-1822). Não nos lembra a monarquia, tão odiada pelos republicanos?
Seja-se racional, pelo menos uma vez na vida, para não se cair no ridículo e ficar para a História como a geração mais inculta de toda a nossa História.
***
Zé Onofre, fui ao seu Blogue. O que escreve combina com este comentário que me enviou. Tem toda a liberdade de olhar para a História com esses seus olhos de OLHAR. Mas a História deve ser olhada com olhos de VER.
Como deve ter reparado, também eu tentei responder-lhe com civismo e boa educação. Obrigada.
Isabel A. Ferreira
... resultado exclusivo da acção daquele que diz pertencer à espécie Homo Sapiens: imagens que nos esmagam pela sua desmedida crueza, de que apenas o género homo é capaz. Nenhuma outra espécie do Reino Animal é tão cruel, com os da sua própria espécie, como a espécie dita “humana”.
As imagens, que correram o mundo, foram recolhidas da Internet, e as crianças nelas retratadas aludem a épocas diferentes, umas mais antigas, outras mais recentes; aludem a situações que nos levam às mais insanas guerras, ao nazismo, à fome, aos maus-tratos, à fuga, à negligência, a costumes bárbaros, à violência, ao abandono, ao aborto, ao trabalho infantil, ao desrespeito pelos mais básicos direitos das crianças, e dos valores humanos; a uma monstruosa insanidade dos que governam os povos, não tendo em conta que as crianças são o amor feito visível, citando o filósofo alemão Friedrich Novalis, naquela que é a mais bela definição de criança.
Através deste GRITO pretendo chamar a atenção para algo tão simples quanto isto: é urgente ter em conta que as crianças EXISTEM, são seres inofensivos, inocentes e indefesos, e todos nós, como sociedade humana, temos o DEVER de as defender, tal como a sociedade não-humana defende as suas crias na Selva, para que possa haver FUTURO.
Isabel A. Ferreira
Vejam o vídeo e digam de vossa justiça!
O vídeo mostra a acção do “Homo Parvus” no Planeta Terra, espécie à qual pertencem os políticos, os gananciosos, os que podem, os que (des)governam o mundo.
Não mostra, evidentemente, a acção do Homo Sapiens Sapiens, detentor do Saber Humano, que faz avançar a Humanidade.
Façam o favor de usar o material genético do cérebro e pensarem como HOMO SAPIENS SAPIENS ETHICUS, no momento de votarem…
Aqui ficam algumas ideias…
Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, também conhecido por Apporelly e pelo falso título de nobreza de Barão de Itararé foi um jornalista, escritor e pioneiro no humorismo político brasileiro
Rui Barbosa foi um ilustre e sábio jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador brasileiro.
Desconheço quem é João Azevedo, mas que diz uma grande verdade, lá isso diz.
Marcus Tullius Cícero foi um ilustre filósofo, orador, escritor, advogado e político romano
Joseph Ernest Renan foi um célebre escritor, filósofo, filólogo e historiador francês
Raphael Gouvea Monteiro, escritor, palestrante consultor
https://www.facebook.com/raphaelgouveamonteiroescritor
***
Será preciso dizer mais alguma coisa?
Maria Helena Capeto, uma cientista e escritora que muito prezo, escreveu este curto mas interessantíssimo diálogo, que diz tudo sobre a tentativa que fazemos para passar aos desinformados, as informações necessárias para que evoluam e saiam da ignorância em que estão mergulhados até à ponta dos cabelos.
Porém, a missão torna-se impossível, porque assim como o pior cego é aquele que não quer ver, o pior ignorante é o que, por opção, prefere continuar ignorante.
Homo Sapiens versus Homo Parvus
Sapiens - Não arranques a árvore, colhe só os frutos!
Parvus - Eu quero a árvore toda para mim!
Sapiens - Se não arrancares a árvore todos vão poder comer os frutos, tu incluído.
Parvus - És parvo ou quê? Estão ali mais duas árvores!
Sapiens - Mas se arrancas essa, os teus irmãos também arrancam as outras.
Parvus - E depois?
Sapiens - Depois não há mais frutos para ninguém!
Parvus - Mas nós ficamos com eles, por isso não há problema. É tradição.
Sapiens - Os frutos vão apodrecer e nem vocês vão ter mais.
Parvus - Lá estás tu com as tretas das teorias sempre armado em sabichão! Aprendeste isso onde? Sempre arrancámos as árvores! Não consegues perceber que assim estamos a protegê-las? Se não as arrancássemos já não existiam! Vê se vais aprender alguma coisa de jeito! Se soubesses do que falas ias arrancar as árvores como nós!
Sapiens - Desisto. Quando não tiverem frutos comam os troncos!
...
Maria Helena Capeto
A selvajaria tauromáquica nada tem, nunca teve e nunca terá a ver com ”liberdade de escolha”, mas tão-só com mau carácter, ignorância, perversidade, sadismo, estupidez, idiotismo, brutalidade, barbárie, incultura, crueldade, violência, obscurantismo, selvajaria, tudo, absolutamente tudo o que não pertence à essência do Homo Sapiens, e é atributo maior do Homo Parvus.
Senhores deputados do PS (à excepção de Diogo Leão, Pedro Delgado Alves, Rosa Albernaz, Inês Lamego, Ivan Gonçalves, Isabel Santos, Pedro Bacelar, Luís Graça, Carla Sousa, Tiago Barbosa Ribeiro e João Torres), PSD, CDS/PP e PCP, nós não somos estúpidos. Sabiam?
Pretendem enganar quem? A vós próprios?
Uma intervenção que envergonha as pedras das calçadas portuguesas.
O Amor Animal
O vídeo, aqui reprodizido, é apenas uma pequena amostra desse amor entre os animais humanos e os animais não-humanos
A este propósito, aproveito para aqui deixar uma nova teoria sobre a Humanidade, da autoria de Josefina Maller, incluída no seu livro
«A Hora do Lobo»
«Oskar entende a política como um veículo que deve levar de um lugar para o outro, de passagem, e apenas de passagem, aqueles que nela se enfronham, e não um lugar cativo, propício a gerar a mais sórdida e malfazeja corrupção. Por este motivo, Oskar incomodava os corruptos, forçosamente. Era, pois, um homem a abater. Um dia, na impossibilidade de o eliminarem fisicamente, amordaçaram-no, do modo mais infame e covarde.
Como consequência desse acto, começou a interessar-se pelo estudo do que mais tarde viria a designar de Fenómeno do Homo Parvus ou Homo Predador, isto é, de uma criatura com aspecto de homem, porém possuidora de um cérebro primitivo, extraordinariamente mais primitivo do que o dos seus (dele, Oskar) irmãos macacos, conforme ele próprio faz questão de afirmar, e a qual criatura se desenvolveu paralelamente ao chamado Homo Sapiens – aquele que possui saber e o utiliza para o seu próprio bem-estar, e para o bem-estar de toda a Humanidade. Todavia, afiança Oskar, não se sabe muito bem como nem porquê – aliás como muita coisa que diz respeito à ciência, existindo até várias teorias sobre a questão, todas elas obviamente contraditórias, ou não seja a verdade da ciência sempre provisória – o Homo Parvus conseguiu sobrepor-se ao Homo Sapiens e alcançou o poder, se bem que um poder podre, o mais obtuso e destrutivo dos poderes, porque assente numa insipiência grosseira, o que o levou a começar a desgovernar o mundo, e este transformou-se num lugar mais caos do que ordem, onde o Sapiens, sob o desgoverno do Parvus, viveu quase sempre à deriva. Um contra-senso? Talvez, assevera Oskar, e questiona: «A força bruta, assente na ignorância, não foi sempre mais poderosa do que a mais eloquente inteligência? Quantos homens sábios morreram às mãos do Homo Parvus!»
A vida ignara dos homoparvus, norteada pelo seu saber pobre e podre, gira ao redor de tudo o que diz respeito à aniquilação do Planeta e dos seres que nele vivem: guerras, crimes de guerra, genocídios, massacres, torturas, invasões de territórios, armas nucleares, químicas e de destruição massiva, extinção de espécies; massacres de animais, campos de concentração, de reeducação e de extermínio; terrorismo, bombistas suicidas, enfim, um catálogo infinito de atrocidades, digno apenas de constar n’ O Livro Negro do Terror e da Ignorância, livro que, na verdade, já conta muitos milhares de páginas, escritas com o sangue dos inocentes. E sobre estas matérias, é preciso que se diga, Oskar escreveu já vários livros, que enfureceram não só os poderosos do seu país, como também os poderosos de todo o Planeta. É, pois, evidente, que Oskar seja tão desprezado, entre os políticos, entre os desgovernantes (como ele os qualifica) e até entre alguns dos seus pares, devido às suas ideias, estranhas, polémicas e, sobretudo, provocadoras, porque demasiado “simplistas”, na opinião das (des)inteligências buriladas no caos em que se transformou a vida no Planeta, onde proliferam (pre)conceitos abstracto-filosóficos, baseados na exclusividade de um eu sem causas, e em normas de conduta imoral e incívica, rebuscadas, sinistras e insólitas, a todos os níveis, tornando impróprias para consumo as sociedades engendradas em tal desordem.
Todas as épocas e todas as gerações, desde o dia em que o homem descobriu que podia acumular riquezas, e que essas riquezas lhe conferiam um determinado poder, tiveram o seu caos. No entanto, o tempo de Oskar, que, enfim, também é o nosso, é o tempo em que as nações, apesar de todos os progressos e de todas as evoluções, de todas as revoluções e de todas as boas intenções, ainda discutem a questão da guerra e da paz, não conseguindo atinar com qual destas situações será mais vantajosa para a Humanidade, ou mais condizente com mentalidades evoluídas. Direi que não estamos propriamente na era dos trogloditas, pois só pontualmente, um ou outro homem vive em cavernas. Calcula-se ter havido uma evolução de ideias e de comportamentos, desde o já longínquo primeiro amanhecer do australopiteco, contudo, essa evolução não se verificou entre o Homo Parvus que, nascendo pequeno e medíocre, permanece pequeno e medíocre, empancado, autoritário, impiedoso, repressivo, demente, obstinado, ignorante, enfim, constitui um verdadeiro entrave ao progresso dos povos.
Por outro lado, a cultura, o saber, a ciência, a arte, tudo o que valoriza a existência dos seres ditos humanos, é do domínio do Homo Sapiens que, no entanto, e inexplicavelmente, raras vezes teve o poder de mandar no mundo e quando, eventualmente, lá chega, é impiedosamente assassinado. O poder é dos fracos, e o saber dos fortes, sentencia Oskar que, todavia, não consegue explicar por que o poder dos fracos sempre se sobrepôs ao saber dos fortes, distanciando-nos, deste modo, e cada vez mais, do paraíso primordial, que foi o nosso Planeta à época da sua criação.
Quantos livros de poetas foram apreendidos e queimados diante da porta de Adriano, no decorrer dos séculos! Por esta e por outras que tais discrepâncias, Oskar recusa-se a aceitar o conceito de uma Humanidade uniforme, ou seja, rejeita a ideia da existência de uma só espécie humana. Para ele, há o Homo Sapiens, possuidor de uma inteligência construtiva, e o Homo Parvus que, não tendo evoluído ainda, é o resistente de uma raça de destruidores, não completamente extinta, e que, desde sempre, dominou a Humanidade através de políticas despóticas, agressivas e irracionais, e em tempos mais recentes, acrescidas de uma perversão mental conhecida por terrorismo, que se generalizou por todo o mundo.
Vive-se numa época em que já não há governantes nem autoridades, tão-só desgovernantes e desautoridades, sem a mínima capacidade crítica, analítica, ou mesmo reflexiva. Os autodenominados “políticos” e “autoridades”, ao não terem respeito por si próprios, não o têm também em relação aos outros, mas, sobretudo, não têm o respeito desses outros, ao praticarem uma política conforme os seus interesses mesquinhos, e não com base nos interesses dos povos, isto é, não exercem uma política com saber, com prudência e com lucidez, como seria desejável. O importante é acumular riquezas como se fossem viver eternamente e pudessem levá-las com eles para os túmulos, transformando os vermes em seus legítimos herdeiros.
Estamos num tempo em que paira sobre a Humanidade o espectro da pobreza extrema, da fome, da destruição do ambiente, da cada vez mais acentuada escassez de água potável, considerada o ouro de um futuro que, no entanto, é já presente; e de doenças provocadas por vírus e bactérias inteligentes, o novo e mais mortal inimigo do homem, o qual não se combate com armas de fogo comuns. Com as nucleares, talvez! Contudo, neste caso, quem não morresse da doença, morreria da cura. E o círculo fechava-se, nele encurralando a desprotegida Humanidade.
A grande maioria dos povos tenta sobreviver na linha de todos os limites, enquanto uma minoria atira para o lixo os excessos de uma existência farta. Já não se diz que o mundo é governado, mas que o mundo é desgovernado por uma sucessão de uns e de outros, tal o caos em que os cada vez mais poderosos homoparvus mergulham as nações. A vida no planeta começa a ser deprimente e insustentável. As políticas, ditas globalizantes, estão a transformar o mundo no quintal dos desgovernantes que detém um domínio político fortemente acorrentado a um ameaçador e obcecado poder económico, minado pela corrupção e pelo tráfico de influências. Os países, os povos, os cidadãos comuns que não pertencem ao chamado Double G (Grupo dos Grandes) consomem-se num quotidiano carregado de nuvens negras e águas fétidas e agitadas, vivido num permanente e desesperado desassossego, alimentado por um profundo desânimo, enquanto os “políticos” menores, sonhando com um lugar cativo no tal Double G, resvalam para enormes desaires. É o tempo do domínio da besta, que nada tem a ver com o ano da besta das profecias, ou com as bestas das lendas e dos saberes antigos. Esta é uma besta moderna, completamente desavergonhada, e que faz alarde da sua bestialidade, através dos actos que pratica, deixando atrás de si um rasto de destruição e de lixo, nunca visto ou sequer imaginado.
Estamos no tempo em que os fins justificam todos os meios, mesmo os mais inconcebíveis e irracionais. E enquanto o mundo do Homo se desmorona, a aranha continua a construir a sua teia, com engenho e arte, cuidadosamente, uma teia, no entanto, tão frágil que um sopro de vento pode desfazê-la num segundo. Mas esse é o destino da teia da aranha, que intui a sua vida breve, por isso, é tão delicada no fabrico dos fios que enredam a presa com que se alimenta, uma vez que não é da aranha cultivar uma horta ou um pomar. E enquanto essas teias são tecidas, com extrema minúcia, o mundo vai girando, vertiginosamente, enlouquecido e, de volta em volta, o tempo avança. Inexorável».
(Excerto do livro «A Hora do Lobo» © Josefina Maller