Domingo, 14 de Março de 2021

A alucinação dos tauricidas

 

 

 

A imagem é linda. Touros livres no campo...

 

Encontrei-a na página do FB da prótoiro. Mostram os animais assim, como se fosse assim a vida deles. Como se eles nascessem, crescessem e morressem livremente, como é de seu direito, num ciclo de vida normal, vivido num campo florido, longe das torturas atrozes que os esperam, lá mais adiante…

 

Dizem os tauricidas que em Portugal, existem cerca de 70 mil hectares de montado afectos à criação de “toiros bravos”, isto é, Touros “fabricados” desde a nascença para serem “bravos”, pois sendo os Touros da família dos bovinos, nunca seriam “bravos” se não os “fabricassem”, atormentando-os para esse efeito.

 

E dizem também os tauricidas que existem 110 ganadarias, ou seja, lugares onde "fabricam" estes belos animais, para mais tarde serem sacrificados em nome da ganância, do "espectáculo", do sadismo, da psicopatia, da ignorância e da estupidez.

 

E dizem mais: juntamente com 30 mil cabeças de “gado bravo” coabitam no montado outras espécies animais (e agora vem o mais caricato) contribuindo a criação do Touro para a PRESERVAÇÃO DESTE TIPO DE ECOSSISTEMA, único do sul da Península Ibérica.

 

Santa ignorância! Querem fazer crer que o “gado bravo” que é um animal que não existe na Natureza, se não fosse “fabricado” com o único fim de ser TORTURADO, o tal ecossistema não existiria. Isto é mesmo de quem não sabe o que está a dizer. É da mais crassa estupidez!

 

Então para terminar esta caricatura, eles sugerem: «Conheça a importância ECOLÓGICA da Festa e defenda-a! PARTILHEM!»

 

Que importância ecológica? A da terra estrumada? Sem produtos químicos?

 

De que festa? Da festa das Flores do Campo?

 

Sim, vamos defender a festa das Flores do Campo, e partilhar a ideia dos Touros livres dos seus carrascos, nesses montados floridos.

 

Alexandre Herculano.png

Retrato de Alexandre Herculano. Gravura a buril de Louis Auguste Darodes. Séc. XIX.

Então, temos o seguinte: Portugal e Espanha ainda se arrastam por eras bárbaras, e a civilização ainda não pôde desterrar da Península». E isto diz tudo da involução das mentalidades destes dois povos peninsulares, para grande desventura dos que, apesar de peninsulares, já evoluíram.

 

Depois, no seguimento da anedota da importância do “toiro bravo” para o ecossistema e para a ecologia, alguém muito dotado de uma inteligência, virada do avesso, deixou este comentário absolutamente IDIOTA:

 

«Coisa que os "defensores" dos animais não percebem por desonestidade intelectual. Para eles as vacas deveriam era estar fechados em estábulos para lhes ser extraído o leite para beberem e as galinhas em "aviários" para porem os ovos para eles comerem e simultaneamente comerem rações de engorda rápida. E isto que é ser ovolactovegetariano

 

Pois o que os torturadores de animais não sabem (ou não lhes convém saber) é que os DEFENSORES dos animais querem ver as vacas livres nos campos. Querem ver os bois livres nos campos. Querem ver os bezerros livres nos campos. Não querem que se FABRIQUEM “toiros bravos” para serem torturados nas arenas.

 

Os DEFENSORES dos animais querem ver as galinhas soltas nos campos, a picarem o chão. Querem ver os pintainhos a correrem atrás delas em filinha indiana, ou aninhados debaixo das asas das progenitoras.

 

Os DEFENSORES dos animais querem ver a NATUREZA tal como ela deve ser. E não como o que o animal homem-predador quer fazer dela: cruel e cruenta.   

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:36

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Quinta-feira, 24 de Maio de 2018

ENTRE O CAOS, A QUIETUDE...

 

Copyright © Isabel A. Ferreira 2008
 
 
 
 
           
Aguardo com ansiedade a visita do ser exótico, o meu misterioso amigo. Prometeu-me vir hoje, logo que no antiquíssimo relógio da torre da Igreja do Senhor do Bom-Fim soe a primeira das 27 badaladas de um tempo que só nós sabemos. Contudo, inesperadamente, o relógio veio instalar-se entre a folhagem do velho embondeiro que vejo agora flutuar no meu jardim, como uma nuvem.
 
Não é tarde, nem será cedo, talvez! Não sei exactamente da hora. Ouço apenas os estranhos uivos das pedras, aqueles de que enigmaticamente me falara o ser exótico, da última vez que me visitou. Lá nas alturas vejo a lua rasgar os seus véus prateados e despudoradamente desnudar-se diante do mundo, enquanto as estrelas se lançam no espaço, numa atitude aparentemente suicida. Terão o propósito de assustar os anjos? As trevas afundam-se agora nas nuvens, e eu confundo-me com toda esta grotesca cena apocalíptica.
 
Os uivos das pedras tornam-se cada vez mais lancinantes. O Sol, que a esta hora costuma iluminar o outro lado do mundo, completamente endoidecido, acaba de despedaçar todos os seus raios e deixa-se afundar no Pacífico, queimando as águas deste oceano, que se torna da cor do sangue.
 
E o meu amigo que não vem...!
 
Mas ainda não é tarde. Nem será cedo, talvez! Continuo a não saber da hora. Ouço passos. Dlão! A primeira badalada. É ele que chega. A janela! Esqueci-me de abrir a janela.
 
— Que aconteceu à porta da sua casa?
 
— Não sei, meu amigo. Simplesmente sumiu. Enquanto eu olhava a Lua rasgando os seus véus prateados, a porta saiu numa desenfreada correria. Pareceu-me ouvi-la dizer qualquer coisa como abrirei a minha mente e não mais a encerrarei...
 
— O que me diz?!
        
— Exactamente o que acabou de ouvir, meu amigo.
        
Na verdade, esta era a chave que abriria a porta do caos. Disse-me o ser exótico. Estava tudo escrito naqueles farrapos que encontrara pendurados nos fios de ovos que as velhas galinhas do galinheiro de ninguém expeliram para dentro de um lindíssimo cálice de ouro.
 
O meu amigo não tinha qualquer dúvida.
 
— Um australopiteco nunca se engana – disse – Um australopiteco escreve sempre torto por linhas direitas e ziguezagueando segue o rasto dos cometas que o levam a lugar nenhum. Mas ele não se importa. Afinal, ele é um australopiteco. Nasceu das asas de uma vespa e alimenta-se de estrelas cadentes. É um governante, e os governantes governam sentados, para não se cansarem demasiado, enquanto o povo dorme tranquilamente o sono dos injustos, pois que injustiça maior senão aquela que exorta os governantes a governarem?
 
O ser exótico vai-me dizendo tudo isto, enquanto que, com algum esforço, entra pela janela, uma vez que a porta da minha casa decidiu simplesmente abandonar-me, para que o caos se instalasse no universo. É isto, meu amigo, é isto que devo deduzir das suas palavras?
        
O ser exótico não me respondeu imediatamente, porque, entretanto, o Sol que havia despedaçado todos os seus raios, parece arrependido, e, através da nesga de mar que se vislumbra da minha janela, podemos vê-lo juntando, desesperadamente, os estilhaços do seu ser, espalhados pelas águas avermelhadas.
 
— Observe bem, minha amiga, jamais terá outra visão igual. O Sol reconstrói-se no mar, e a Lua, repare bem, a Lua, envergonhada da sua nudez diante do mundo, pede ajuda aos bichos-da-seda para que refaçam os seus véus prateados. E as estrelas, que apenas fingiram um suicídio colectivo, voltam aos seus lugares. E mais, o relógio que se instalou entre a folhagem do velho embondeiro que, repare, já não flutua no seu jardim, voltou à antiquíssima torre da Igreja do Senhor do Bom-Fim. E a porta da sua casa, veja como tenta encaixar-se novamente nesta parede! Mas foi preciso que as galinhas expelissem aqueles fios de ovos no lindíssimo cálice de ouro, para que o caos se instalasse.
 
Eis a resposta que, ansiosamente, eu esperava! Afinal, não fora a minha porta a causadora de toda esta anarquia, embora ela tivesse proferido a frase-chave que daria início ao caos: «Abrirei a minha mente e não mais a encerrarei...». Agora sabia, foram os vómitos das velhas galinhas do galinheiro de ninguém, que desencadearam todo este desequilíbrio da Natureza.
 
— Não se esqueça, minha amiga, é preciso que os australopitecos se alimentem de estrelas cadentes para que o mundo volte ao seu normal. Por isso os luzeiros do céu apenas fingiram suicidar-se.
 
— Então, e o Sol e a Lua fingiram também? – Pergunto, um tanto incomodada com a minha ignorância.
 
— Não, esses entraram apenas em colapso. Temporariamente, como pôde observar. São eles os baluartes do tempo. A seu cargo têm os dias e as noites. Porém, mal ouviram os uivos das pedras (o sinal de Deus para que entrassem em autodestruição) nada mais fizeram do que obedecer ao Criador.
 
Neste momento já não ouvimos os uivos das pedras. Os sons agora são outros. É o vento que passa, sem pressa, serenamente...
 
— Minha amiga, aproveito esta acalmia para a deixar. Voltarei outro dia. Mas antes de partir quero que atente no que vou dizer-lhe: os australopitecos alimentam-se de estrelas cadentes e o caos humano, em linguagem eterna, escreve-se k ooooos...
 
Que tarde esta! Sinto que algo escapou aos meus sentidos. Fui protagonista de um estranho fenómeno, e o meu amigo partiu sem me explicar o que realmente se passou. Não endoideci, com certeza. Visionaria, na verdade, o k ooooos descrito naqueles farrapos pendurados nos fios de ovos que as velhas galinhas do galinheiro de ninguém verteram no cálice de ouro?...

Isabel A. Ferreira

 
publicado por Isabel A. Ferreira às 16:05

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Terça-feira, 17 de Abril de 2018

Penas têm-nas as galinhas...

 

TRIBUNAL.jpg

 (Origem da imagem: Internet)

 

As notícias que ultimamente têm vindo a público sobre crimes hediondos praticados no nosso país (que já não é o de brandos costumes e ainda menos o de duras leis) e os perpetrados nos E.U.A., por exemplo, e as penas aplicadas aos respectivos criminosos, suscitaram-me uma reflexão acerca do abismo existente entre a justiça que se administra num e noutro país.

 

Sei que não vou modificar coisa nenhuma, se disser o que penso sobre o Código Penal Português, porém, ficará o testemunho de alguém que, decididamente, não acredita na justiça do seu país.

 

Bem sei que em Portugal, apesar de tudo, os crimes mais horripilantes não acontecem todos os dias, e que nos E.U.A. (o modelo do que se faz do bom e do pior), eles (os crimes) são o pão nosso de cada dia, e há que existir penas elevadas para tentar travar essa criminalidade (se bem que não resultem, nem sequer a pena de morte, com a qual não concordo, em absoluto).

 

Contudo, tem-se verificado que, no nosso país, de há alguns anos a esta parte, crimes que nem ao diabo lembra, aumentaram assustadoramente. E o que acontece? Os criminosos são punidos com peninhas de galinha. Ficam meia dúzia de anos na prisão, e depois, porque até são boas pessoas, comportaram-se muito bem, durante a estadia entre as grades, com um conforto que muitas vezes não têm cá fora, e principalmente porque a TV os transforma em heróis muito coitadinhos, com entrevistas que até fazem as pedras chorar, e depois há que soltá-los. E se uns poucos até se reabilitam, outros, mal se apanham cá fora, retomam a vida criminosa, com maior vigor ainda, cheios de raivas acumuladas.

 

Em Portugal, o violador de um bebé (que não tem como se defender) leva uns oito anos no máximo de prisão (quando não o deixam à solta, apenas com a obrigação de se apresentar de X em X dias na esquadra da PSP). Uma vergonha! Nos E.U.A., aqui há uns anos, aquele pugilista que violou uma jovem de 18 anos (que já tinha muito tino para saber que não se vai para um hotel, com um matulão daqueles, para tomar chá com torradas) podia ter apanhado uma pena até 60 anos de prisão.

 

Estou a recordar-me também do hediondo “crime da mala” (de Braga) cujos criminosos apanharam uma pena conjunta (45 anos) menos do que a do violador americano.

 

Enfim, no nosso país, um violador, um esquartejador, um matador que mate com requintes de malvadez, se for considerado debilzinho, coitadinho, não pode ir para a cadeia, e a nossa justiça, nesses casos, age como Cristo na hora da agonia: perdoe-se-lhes os crimes, porque não sabiam o que estavam a fazer!

 

Hoje em dia, não podemos dar um estalo (para não ir mais longe) a um ladrão que nos entre em casa. Deus nos livre! Vamos nós para a cadeia, por agressão, e o ladrão não sofre nada, porque não teve tempo de roubar nada.

 

A propósito, não resisto a contar uma peripécia passada comigo, já há algum tempo. Estava eu num determinado sítio a tentar levantar dinheiro de uma máquina automática, em pleno dia, quando sinto uma pressão nas costas, e uma voz grave, de homem, a dizer: «Isto é um assalto».

 

Instintivamente, olhei para o chão para ver onde estavam colocadas as pernas do assaltante, ao mesmo tempo que levantava o calcanhar para lhe aplicar um “golpe baixo” que o neutralizasse. Um golpe, entre outros, que aprendi, no Brasil, para defesa pessoal.

 

Nisto ouvi um “espera lá” gritado, e depois uma gargalhada. Era uma partida de um amigo brincalhão. Não aconteceu nada de grave. O “assaltante” não era um assaltante. Mas se fosse? E se o golpe resultasse? Talvez eu fosse parar à prisão, e ainda teria de pagar uma indemnização ao assaltante, por danos físicos, morais, pedir-lhe muita desculpa, etc., etc., etc,.

 

São as leis que temos. E não vale a pena recorrer à justiça, pois esta fica por aplicar.

 

Lembro-me de um crime que envolveu dois idosos, barbaramente assassinados, com um martelo de picar carne, há uns anos. A PJ deixou-me entrar no local do crime (a casa onde viviam), estavam ainda os corpos no sítio exacto onde foram mortos. Eu, naquele momento, era a única jornalista na casa. Sem mexer em nada, verifiquei tudo o que me interessava para a reportagem e mais alguns pormenores para a investigação que me propus fazer para ajudar a polícia a encontrar o assassino, uma vez que me revoltei com o que vi e até porque conhecia os velhinhos.

 

Consegui, por mero acaso, descobrir quem foi o assassino, homem influente, no meio, que andou à solta até morrer de um cancro, passados uns anos. Nunca foi preso, as autoridades “nada conseguiram apurar” e o caso foi arquivado. Nos entretantos, o Inspector, que andava a investigar o caso, foi, inesperadamente, mandado para casa com uma boa reforma. Eu fui contar à polícia o que descobri. Que guardasse para mim as minhas descobertas. Foi uma luta que travei sem glória. Ainda cheguei a ser ameaçada. Não foi feita justiça. E eu que descobri todo o enredo, pormenorizadamente! Revoltei-me, como é óbvio. De vez em quando lá passava eu pelo assassino. Ele sabia que eu sabia, porque o interroguei. Olhava para mim com uns olhos, que se matassem, já estaria morta. E eu tive de engolir aquela afronta, anos a fio. Não me deixaram outra opção.

 

Este duplo assassinato (sem culpado) e os dois processos, aos quais estive kafkianamente ligada durante dois anos, abusivamente enredada nas malhas da justiça, deixaram-me completamente descrente da justiça portuguesa.

 

E uma vez que fui aconselhada por um amigo Delegado do Ministério Público a “mergulhar” nesses meandros para ficar a conhecer por dentro e por fora o que é um tribunal português, e ainda porque nunca perdi uma história dos inspectores Maigret, Poirot e Holmes, decidi dedicar-me ao estudo desses assuntos judiciais e policiais.

 

Aquilo que hoje sei poderá valer-me um dia, quem sabe, para escrever histórias verídicas do arco-da-velha.

 

E enquanto, no meu país, os bandidos forem mais protegidos por leis, do que os cumpridores dos seus deveres cívicos, sociais e morais, não me cansarei de dizer que penas têm-nas as galinhas!...

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 12:12

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Quarta-feira, 17 de Abril de 2013

«CÂMARA DE VIANA AVANÇA COM REGULAMENTO DE PROTECÇÃO DE ANIMAIS PARA IMPEDIR NOVAS TOURADAS»

 

 

Quando a inteligência se sobrepõe à ignorância

 

 

«A realização de uma tourada nas Festas da Agonia de 2012 foi uma derrota para a Câmara de Viana» disse Nelson Garrido, que não viu o acontecido sob outra perspectiva.

 

Esta NÃO FOI uma derrota para a Câmara de Viana do Castelo. Esta foi uma derrota para a JUSTIÇA PORTUGUESA. Esta “coisa” só aconteceu, porque uma aficionada estava no lugar errado. Se essa aficionada estivesse no lugar certo, isto é, a picar pedras os organizadores da “coisa” não teriam nunca a oportunidade de meterem sequer os pés em Viana do Castelo. Esta é que é a verdade.

 

 

 

«Andrea Cruz  

16/04/2013 - 21:31

 

Oposição critica documento pelas implicações que poderá ter em algumas actividades económicas do concelho.

 

Depois da polémica tourada promovida pela Prótoiro, no verão do ano, em Viana do Castelo, a maioria socialista na Câmara Municipal decidiu prevenir nova investida da Federação Portuguesa de Associações Taurinas na primeira cidade anti-touradas do país e aprovou um regulamento municipal de protecção de animais.

 

Quando entrar em vigor, actividades como comércio, guarda, criação e espectáculos com animais vão passar a necessitar de autorização municipal. O regulamento será submetido a discussão pública após a ratificação em Assembleia Municipal.

Segundo a autarquia, o documento representa uma transposição, na forma de regulamento municipal da legislação sobre “a protecção dos animais contra a acção do homem”, a qual “define a competência das Câmaras Municipais para autorização de diversas actividades que envolvem animais”.

Em Agosto de 2012 quando o município não conseguiu impedir a realização da corrida de toiros, após decisão do tribunal, o presidente socialista José Maria Costa prometeu “tomar todas as medidas necessárias para evitar mais touradas em Viana”, face à garantia de regresso, em 2013, da Prótoiro.

“O regulamento remete-nos para a lei geral, que nos diz que nos espectáculos públicos os animais não podem ser vítimas de violência gratuita. Assim, se alguém tentar promover touradas em Viana, evocaremos o regulamento para impedir espectáculos que maltratem animais de forma gratuita”, explicou o autarca.

O regulamento, composto por seis artigos, define que a utilização de animais “em quaisquer espectáculos ou eventos congéneres”, deverá respeitar a legislação sobre a defesa e bem-estar dos animais, sendo “proibidos os espectáculos em que se inflijam sofrimento ou lesões aos animais”.

Questionado se documento tem como objectivo principal impedir a realização de mais touradas no município, José Maria Costa sublinhou: “Não sei, mas presumo que as touradas infligem sérios danos e talvez até a morte dos animais”.

A oposição na autarquia não poupou críticas ao documento. Pela bancada social-democrata, António José Amaral, engenheiro zootécnico de formação, afirmou: “A autarquia tem de medir as consequências daquilo que aprova pois, com este documento, está a condicionar muitas actividades económicas no concelho”. O autarca alerta para as consequências que poderá vir a ter nos pequenos negócios como a venda de galinhas ou de ovos.

Já o vereador do CDS-PP, Aristides Sousa adiantou que “gostaria de ver aprovado um regulamento do bem-estar da pessoa e dos carenciados”. “Estou cansado, enquanto cidadão e enquanto contribuinte, de tanto espectáculo dentro do espectáculo da defesa dos animais”, rematou.
»

 

 

***

A oposição da autarquia de Viana do Castelo, constituída pelo PSD e CDS-PP (só podia ser!) peca pela LUCIDEZ. António José Amaral não fez a mínima ideia da patacoada que disse.

 

E o Aristides Sousa, coitado, nem sabe que é um animal. Se soubesse não “remataria” tais idiotices.

 

Ó oposição de Viana: EVOLUÍ. Os animais não humanos são tão animais como vós. Mais respeito pela criação de Deus. A tanta missa que assistem e ainda não se humanizaram!

 

ARRE!

 

http://www.publico.pt/local/noticia/camara-de-viana-avanca-com-regulamento-de-proteccao-de-animais-para-impedir-novas-touradas-1591525

 

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:00

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Terça-feira, 4 de Dezembro de 2012

A alucinação dos tauricidas

 

 

A imagem é linda. Touros livres no campo...

 

Encontrei-a na página do FB da prótoiro. Mostram os animais assim, como se fosse assim a vida deles. Como se eles nascessem, crescessem e morressem livremente, como é de seu direito, num ciclo de vida normal, vivido num campo florido, longe das torturas atrozes que os esperam, lá mais adiante…

 

Dizem os tauricidas que em Portugal, existem cerca de 70 mil hectares de montado afectos à criação de “toiros bravos”, isto é, Touros “fabricados” desde a nascença para serem “bravos”, pois sendo os Touros da família dos bovinos, nunca seriam “bravos” se não os “fabricassem”, atormentando-os para esse efeito.

 

E dizem também os tauricidas que existem 110 ganadarias, ou seja, lugares onde "fabricam" estes belos animais, para mais tarde serem sacrificados em nome da ganância, do "espectáculo", do sadismo, da psicopatia, da ignorância e da estupidez.

 

E dizem mais: juntamente com 30 mil cabeças de “gado bravo” coabitam no montado outras espécies animais (e agora vem o mais caricato) contribuindo a criação do Touro para a PRESERVAÇÃO DESTE TIPO DE ECOSSISTEMA, único do sul da Península Ibérica.

 

Santa ignorância! Querem fazer crer que o “gado bravo” que é um animal que não existe na Natureza, se não fosse “fabricado” com o único fim de ser TORTURADO, o tal ecossistema não existiria. Isto é mesmo de quem não sabe o que está a dizer. É da mais crassa estupidez!

 

Então para terminar esta caricatura, eles sugerem: «Conheça a importância ECOLÓGICA da Festa e defenda-a! PARTILHEM!»

 

Que importância ecológica? A da terra estrumada? Sem produtos químicos?

 

De que festa? Da festa das Flores do Campo?

 

Sim, vamos defender a festa das Flores do Campo, e partilhar a ideia dos Touros livres dos seus carrascos, nesses montados floridos.

 

***

 

Depois, no seguimento da anedota da importância do “toiro bravo” para o ecossistema e para a ecologia, alguém muito dotado de uma inteligência, virada do avesso, deixou este comentário absolutamente IDIOTA:

 

«Coisa que os "defensores" dos animais não percebem por desonestidade intelectual. Para eles as vacas deveriam era estar fechados em estábulos para lhes ser extraído o leite para beberem e as galinhas em "aviários" para porem os ovos para eles comerem e simultaneamente comerem rações de engorda rápida. E isto que é ser ovolactovegetariano

 

Pois o que os torturadores de animais não sabem (ou não lhes convém saber) é que os DEFENSORES dos animais querem ver as vacas livres nos campos. Querem ver os bois livres nos campos. Querem ver os bezerros livres nos campos. Não querem que se FABRIQUEM “toiros bravos” para serem torturados nas arenas.

 

Os DEFENSORES dos animais querem ver as galinhas soltas nos campos, a picarem o chão. Querem ver os pintainhos a correrem atrás delas em filinha indiana, ou aninhados debaixo das asas das progenitoras.

 

Os DEFENSORES dos animais querem ver a NATUREZA tal como ela deve ser. E não como o que o animal homem-predador quer fazer dela: cruel e cruenta.   

 

Isabel A. Ferreira

 

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:37

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Quarta-feira, 15 de Outubro de 2008

ENTRE O CAOS, A QUIETUDE...

 

Copyright © Isabel A. Ferreira 2008
 
 
 
 
           
Aguardo com ansiedade a visita do ser exótico, o meu misterioso amigo. Prometeu-me vir hoje, logo que no antiquíssimo relógio da torre da Igreja do Senhor do Bom-Fim soe a primeira das 27 badaladas de um tempo que só nós sabemos. Contudo, inesperadamente, o relógio veio instalar-se entre a folhagem do velho embondeiro que vejo agora flutuar no meu jardim, como uma nuvem.
 
Não é tarde, nem será cedo, talvez! Não sei exactamente da hora. Ouço apenas os estranhos uivos das pedras, aqueles de que enigmaticamente me falara o ser exótico, da última vez que me visitou. Lá nas alturas vejo a lua rasgar os seus véus prateados e despudoradamente desnudar-se diante do mundo, enquanto as estrelas se lançam no espaço, numa atitude aparentemente suicida. Terão o propósito de assustar os anjos? As trevas afundam-se agora nas nuvens, e eu confundo-me com toda esta grotesca cena apocalíptica.
 
Os uivos das pedras tornam-se cada vez mais lancinantes. O Sol, que a esta hora costuma iluminar o outro lado do mundo, completamente endoidecido, acaba de despedaçar todos os seus raios e deixa-se afundar no Pacífico, queimando as águas deste oceano, que se torna da cor do sangue.
 
E o meu amigo que não vem...!
 
Mas ainda não é tarde. Nem será cedo, talvez! Continuo a não saber da hora. Ouço passos. Dlão! A primeira badalada. É ele que chega. A janela! Esqueci-me de abrir a janela.
 
— Que aconteceu à porta da sua casa?
 
— Não sei, meu amigo. Simplesmente sumiu. Enquanto eu olhava a Lua rasgando os seus véus prateados, a porta saiu numa desenfreada correria. Pareceu-me ouvi-la dizer qualquer coisa como abrirei a minha mente e não mais a encerrarei...
 
— O que me diz?!
        
— Exactamente o que acabou de ouvir, meu amigo.
        
Na verdade, esta era a chave que abriria a porta do caos. Disse-me o ser exótico. Estava tudo escrito naqueles farrapos que encontrara pendurados nos fios de ovos que as velhas galinhas do galinheiro de ninguém expeliram para dentro de um lindíssimo cálice de ouro.
 
O meu amigo não tinha qualquer dúvida.
 
— Um australopiteco nunca se engana – disse – Um australopiteco escreve sempre torto por linhas direitas e ziguezagueando segue o rasto dos cometas que o levam a lugar nenhum. Mas ele não se importa. Afinal, ele é um australopiteco. Nasceu das asas de uma vespa e alimenta-se de estrelas cadentes. É um governante, e os governantes governam sentados, para não se cansarem demasiado, enquanto o povo dorme tranquilamente o sono dos injustos, pois que injustiça maior senão aquela que exorta os governantes a governarem?
 
O ser exótico vai-me dizendo tudo isto, enquanto que, com algum esforço, entra pela janela, uma vez que a porta da minha casa decidiu simplesmente abandonar-me, para que o caos se instalasse no universo. É isto, meu amigo, é isto que devo deduzir das suas palavras?
        
O ser exótico não me respondeu imediatamente, porque, entretanto, o Sol que havia despedaçado todos os seus raios, parece arrependido, e, através da nesga de mar que se vislumbra da minha janela, podemos vê-lo juntando, desesperadamente, os estilhaços do seu ser, espalhados pelas águas avermelhadas.
 
— Observe bem, minha amiga, jamais terá outra visão igual. O Sol reconstrói-se no mar, e a Lua, repare bem, a Lua, envergonhada da sua nudez diante do mundo, pede ajuda aos bichos-da-seda para que refaçam os seus véus prateados. E as estrelas, que apenas fingiram um suicídio colectivo, voltam aos seus lugares. E mais, o relógio que se instalou entre a folhagem do velho embondeiro que, repare, já não flutua no seu jardim, voltou à antiquíssima torre da Igreja do Senhor do Bom-Fim. E a porta da sua casa, veja como tenta encaixar-se novamente nesta parede! Mas foi preciso que as galinhas expelissem aqueles fios de ovos no lindíssimo cálice de ouro, para que o caos se instalasse.
 
Eis a resposta que, ansiosamente, eu esperava! Afinal, não fora a minha porta a causadora de toda esta anarquia, embora ela tivesse proferido a frase-chave que daria início ao caos: «Abrirei a minha mente e não mais a encerrarei...». Agora sabia, foram os vómitos das velhas galinhas do galinheiro de ninguém, que desencadearam todo este desequilíbrio da Natureza.
 
— Não se esqueça, minha amiga, é preciso que os australopitecos se alimentem de estrelas cadentes para que o mundo volte ao seu normal. Por isso os luzeiros do céu apenas fingiram suicidar-se.
 
— Então, e o Sol e a Lua fingiram também? – Pergunto, um tanto incomodada com a minha ignorância.
 
— Não, esses entraram apenas em colapso. Temporariamente, como pôde observar. São eles os baluartes do tempo. A seu cargo têm os dias e as noites. Porém, mal ouviram os uivos das pedras (o sinal de Deus para que entrassem em autodestruição) nada mais fizeram do que obedecer ao Criador.
 
Neste momento já não ouvimos os uivos das pedras. Os sons agora são outros. É o vento que passa, sem pressa, serenamente...
 
— Minha amiga, aproveito esta acalmia para a deixar. Voltarei outro dia. Mas antes de partir quero que atente no que vou dizer-lhe: os australopitecos alimentam-se de estrelas cadentes e o caos humano, em linguagem eterna, escreve-se k ooooos...
 
Que tarde esta! Sinto que algo escapou aos meus sentidos. Fui protagonista de um estranho fenómeno, e o meu amigo partiu sem me explicar o que realmente se passou. Não endoideci, com certeza. Visionaria, na verdade, o k ooooos descrito naqueles farrapos pendurados nos fios de ovos que as velhas galinhas do galinheiro de ninguém verteram no cálice de ouro?...

Isabel A. Ferreira

 
publicado por Isabel A. Ferreira às 10:13

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