Com a cumplicidade das insanas autoridades locais.
Este é “Elegido” o touro hoje lanceado cobardemente… em Tordesilhas, numa Espanha Negra, onde sempre se cometeram as mais inacreditáveis e cruéis barbaridades.
Este será o Touro sacrificado em nome da estupidez mais grosseira do animal que se diz humano.
Continuaremos a lutar, até que Luz se faça sobre Espanha.
Assinem esta petição, por favor:
http://www.rompeunalanza.com/firma
Fonte:
http://esquadraopet.blogspot.pt/
Nem o homem mais primitivo fazia isto... Caçava os animais para comer, mas não os torturava para diversão. E é esta gente tosca que se diz viver no Século XXI depois de Cristo?
O INFERNO DO TORO DE LA VEGA.
Salvemos o VOLANTE que vai ser sacrifidado daqui a uns dias, às mãos destes maus selvagens...
Um texto que mostra ao negrume do mundo tauromáquico em Espanha, num ritual que terá lugar este mês... Mas em Portugal, o negrume também existe...
É a Península Ibérica primitiva e grosseira, ainda enfronhada no tempo dos dinossauros...
«ESPANHA NEGRA
La España negra é o título de um livro do pintor José Gutiérrez Solana (1886-1945) de leitura às vezes difícil e sempre incómoda, não por razões de estilo ou ineditismos de construção sintáctica, mas pela brutalidade do retrato de Espanha que nele é traçado e que não é outra coisa senão a transposição da sua pintura para a página escrita, uma pintura que foi classificada como lúgubre e “feísta”, na qual fez reflectir a atmosfera da degradação da Espanha rural da época, mostrada em quadros que não recuam diante da expressão do mais atroz, obsceno e cruel que existe nos comportamentos humanos.
Influenciado pelo tenebrismo barroco, muito em particular por Valdés Leal, é também evidente a impressão que sobre ele exerceram as pinturas negras de Goya.
A Espanha de Gutiérrez Solana é sórdida e grotesca no mais alto grau imaginável, porque isso foi o que encontrou nas chamadas festas populares e nos usos e costumes do seu país. Hoje, Espanha não é assim, tornou-se numa terra desenvolvida e culta, capaz de dar lições ao mundo em muitos aspectos da vida social, objectará o leitor destas linhas.
Não nego que poderá ter razão na Castelhana, nas salas do museu do Prado, no bairro de Salamanca ou nas ramblas de Barcelona, mas não faltam por aí lugares onde Gutiérrez Solana, se fosse vivo, poderia colocar o seu cavalete para pintar com as mesmas tintas as mesmíssimas pinturas.
Refiro-me a essas vilas e cidades onde, por subscrição pública ou com apoio material das câmaras municipais, se adquirem touros à ganadarias para gozo e desfrute da população por ocasião das festas populares.
O gozo e o desfrute não consistem em matar o animal e distribuir os bifes pelos mais necessitados. Apesar do desemprego, o povo espanhol alimenta-se bem sem favores desses.
O gozo e o desfrute têm outro nome. Coberto de sangue, atravessado de lado e lado por lanças, talvez queimado pelas bandarilhas de fogo que no século XVIII se usaram em Portugal, empurrado para o mar para nele perecer afogado, o touro será torturado até à morte. As criancinhas ao colo das mães batem palmas, os maridos, excitados, apalpam as excitadas esposas e, calhando, alguma que não o seja, o povo é feliz enquanto o touro tenta fugir aos seus verdugos deixando atrás de si regueiros de sangue. É atroz, é cruel, é obsceno.
Mas isso que importa se Cristiano Ronaldo vai jogar pelo Real Madrid? Que importa isso num momento em que o mundo inteiro chora a morte de Michael Jackson? Que importa que uma cidade faça da tortura premeditada de um animal indefeso uma festa colectiva que se repetirá, implacável, no ano seguinte? É isto cultura? É isto civilização? Ou será antes barbárie?
José Saramago, “Espanha Negra”- Junho de 2009»
http://caderno.josesaramago.org/49039.html