Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2012

Direitos civis para os animais, já!

 

 

É esta a imagem que o Parlamento Português pretende expandir como cartaz turístico? 

 

«Texto que subscrevo inteiramente e aqui transcrevo, destinado aos deputados da Assembleia da República Portuguesa, para que aprendam com quem sabe, e para que da próxima vez que discutirem  a abolição de Touradas em Portugal, não apoiem a crueldade e a violência contra Touros e Cavalos, porque mostram ao mundo uma falta de conhecimento intolerável. E isso só desprestigia Portugal e os Portugueses.»  (Isabel A. Ferreira)

 

Por George Dvorsky *

 

http://www.anda.jor.br/23/01/2012/direitos-civis-para-os-animais-ja

 

As últimas décadas de pesquisas com animais deixaram claro para a comunidade científica que “humanidade” não é exclusiva do Homo sapiens. Os seres humanos têm memória? Ovelhas, várias espécies de pássaros e esquilos também. Quando ficam frustrados, ratos sofrem ansiedade e depressão. Orangotangos e chimpanzés sustentam tradições culturais, transmitidas de geração para geração.

 

Está na hora de repensarmos os nossos conceitos e encarar aquele momento em que a ciência passa a ser incorporada à legislação e à ética. Precisamos entender os animais como pessoas (sujeitos), com personalidade e direitos.

 

Nada disso nos diminui. Temos, sim, características que nos diferenciam: abelhas se comunicam muito bem, mas não há notícias de que sejam capazes de escrever sinfonias — a sua linguagem é funcional, serve para garantir a sobrevivência do grupo. Bonobos, aves e ursos armazenam alimentos para o inverno, sinal de que conseguem projetar o futuro a curto prazo mas, até onde sabemos, só a nossa espécie é capaz de pensar na própria morte. Por outro lado, somos mais limitados em outros aspectos — nossos sentidos são muito inferiores aos de muitas espécies. O que nos diferencia não pode mais nos tornar arrogantes. Isso vem acontecendo há séculos, basta pensar na mitologia grega, que encaixa os humanos entre os deuses e o resto dos seres vivos. Pelo contrário, esse pensamento nos obriga a ter a humildade de tratar os animais como iguais.

 

O Parlamento da Espanha já tomou esta atitude com os grandes primatas, em 2006. Os mesmos (que, aliás, compartilham 98% do nosso genoma) já haviam sido defendidos em 1999 na Nova Zelândia e Inglaterra — que acabaram com as experiências científicas que os usam de cobaias.

 

Estas medidas foram importantes porque marcaram uma mudança na relação dos seres humanos com os outros animais. Precisamos passar agora para um estágio de coexistência social. Agressões contra esses seres devem ser levadas a tribunal exatamente como os casos entre humanos. Punição muito severa para quem mantém bichos em cárcere privado ou sem a alimentação correta. Regras de convívio: se o seu cachorro está desconfortável com a casa onde dorme, tem todo o direito de ganhar outra, mais adequada. E mais: ao ficar doentes ou envelhecer, todos os animais merecem receber todos os cuidados que são assegurados pela lei a um ser humano. Da mesma forma, os bichos teriam deveres e seriam punidos caso agredissem homens, mulheres ou crianças.

 

Precisamos valorizar e respeitar tudo o que os animais têm de vantagens evolutivas, e defendê-los nos aspectos em que são mais frágeis. Precisamos abandonar este tipo de racismo contra outras espécies. É vantajoso para nós: só aceitando a humanidade dos demais, com quem convivemos, é que vamos nos tornar verdadeiramente humanos.

 

*George Dvorsky é sociólogo canadense e diretor do programa Direitos de Pessoas não-Humanas, do Instituto de Ética e Tecnologias Emergentes.

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:42

link do post | Comentar | Adicionar aos favoritos

Mais sobre mim

Pesquisar neste blog

 

Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
14
15
16
17
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Posts recentes

Direitos civis para os an...

Arquivos

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Direitos

© Todos os direitos reservados Os textos publicados neste blogue têm © A autora agradece a todos os que os divulgarem que indiquem, por favor, a fonte e os links dos mesmos. Obrigada.
RSS

AO90

Em defesa da Língua Portuguesa, a autora deste Blogue não adopta o Acordo Ortográfico de 1990, nem publica textos acordizados, devido a este ser ilegal e inconstitucional, linguisticamente inconsistente, estruturalmente incongruente, para além de, comprovadamente, ser causa de uma crescente e perniciosa iliteracia em publicações oficiais e privadas, nas escolas, nos órgãos de comunicação social, na população em geral, e por estar a criar uma geração de analfabetos escolarizados e funcionais. Caso os textos a publicar estejam escritos em Português híbrido, «O Lugar da Língua Portuguesa» acciona a correcção automática.

Comentários

Este Blogue aceita comentários de todas as pessoas, e os comentários serão publicados desde que seja claro que a pessoa que comentou interpretou correctamente o conteúdo da publicação. 1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome. 2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem "manda bocas". 3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias. Serão eliminados os comentários que contenham linguagem ordinária e insultos, ou de conteúdo racista e xenófobo. Em resumo: comente com educação, atendendo ao conteúdo da publicação, para que o seu comentário seja mantido.

Contacto

isabelferreira@net.sapo.pt