Terça-feira, 19 de Fevereiro de 2013

Carta Aberta ao Professor Luís Diamantino, vereador do Pelouro da Educação e Cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim

 
 
 

Senhor Professor Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Educação e Cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim

 

 

Exmo. Senhor Doutor Luís Diamantino:

 

Dirijo-me ao senhor, porque o conheço há bastante tempo. Sei do que é capaz. E também sei do que não é capaz. Sei que é uma pessoa culta e aprecia a Cultura Culta.

 

Começarei por congratular-me pela construção das novas instalações do que decidiram chamar CROAC (Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia) em vez de “canil”, o horroroso e tristemente famoso canil da Póvoa de Varzim, onde muitos animais foram maltratados, massacrados, mortos à paulada, sob a orientação de um "veterinário" (que também tão bem conheço).

 

Li que as «novas instalações foram devidamente certificadas e que foram já vistoriadas pela Direcção-Geral de Veterinária (o que não merece grande confiança, uma vez que também são adeptos de touradas). Está localizado nas instalações do Horto Municipal, tem 14 celas, uma parte para os infecto-contagiosos e ANIMAIS PERIGOSOS, a zona do gatil e o local onde estará o nosso veterinário residente, José Carlos Guimarães».

 

O animal mais perigoso do mundo que conheço, Senhor Professor Luís Diamantino, é o animal homem-predador. Não há animais perigosos na Natureza. Muito menos Cães perigosos, os donos é que são perigosos.

 

Sabe-se que na Póvoa de Varzim existem lutas de cães, e que há animais humanos-predadores que transformam cães mansos em cães imbuídos dos maus instintos dos donos. Serão esses os “perigosos”?

 

Pois, congratulo-me com esta iniciativa, que espero traga mais DIGNIDADE ao tratamento destes seres (cães e gatos) que são tão fiéis aos homens, e merecem todo o nosso carinho.

 

 
 
 

Professor Luís Diamantino na inauguração do CROAC (à direita)

 

Aproveitando este PASSO EM FRENTE da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, gostaria de pedir publicamente ao Dr. Luís Diamantino, que interferisse em dois acontecimentos que trarão o MAIOR DESPRESTÍGIO para a Póvoa de Varzim: o primeiro é o CAMPEONATO DE TIRO AOS POMBOS (aliás proibido), que poderá muito bem ser substituído pelo Tiro aos Pratos – lembre-se da Pomba da Paz…dos Encontros pela Paz, tão bonitos, tão acarinhados por si… Então? Onde fica a coerência? A cultura? O humanismo? Essa Paz de que tanto fala?

 
 
 
 Como é possível fazer campeonatos com tiros a estes seres tão belos e mansos, em pleno voo de liberdade? Isto é de uma crueldade inenarrável.

 

Não só poupariam a vida de tão magníficos seres, como ajudariam a indústria da cerâmica, com o fabrico dos pratos.

 

O segundo é «a terrível e venal “arte” de torturar e matar animais em público», de acordo com a UNESCO, e que tenho certeza de que o Senhor Professor Luís Diamantino não aprova.

 

É essa idiotice que quer deixar de herança à sua filha?

 

Então porquê não declarar a Póvoa de Varzim “Cidade Anti-Tourada” e transformar a actual arena da tortura num MONUMENTAL CENTRO DE ARTES NOBRES?

 

Vou aqui transcrever duas cartas escritas por jovens, e dirigidas ao governo central, os quais pensam tal como eu, mas são mais politicamente correctos do que eu, porque eu já estou farta, há mais tempo, de tanta carnificina.

 

«Exmos. Senhores,

 

O Homem evolui em muitas coisas, mas insiste em manter outras.

 

Nas touradas há interesses instalados. Normal.

 

Touradas são actos próprios de uma época medieval, em que não havia sensibilidade nem conhecimento científico.

 

Não será o caso, no tempo actual. Todos sabem do sofrimento dos animais.

 

Mas há aqueles que fazem de conta que não vêem. Tudo porque têm interesses, ou não querem pôr em causa os tais interesses instalados.

 

Estes, se não tiverem influência no poder, são meras marionetas que se limitam a vegetar na sociedade. Sem causas, sem valores, sem respeito pelo sofrimento. São seres humanos que servem apenas de estrume à sociedade deixando um cheiro pestilento de neutralidade.

 

Mas os que têm influência no poder e nada fazem para alterar esta questão – como será o vosso caso – esses, se nada fizerem para alterar esta realidade, o que serão? Com que consciência vivem? O que conta para eles? Será apenas o aplauso de uma minoria que trata o sofrimento de forma descartável que lhes enche o ego? Não conseguem ter causas, para não afrontar os interesses instalados?

 

Por favor, reflictam e ajam conforme o valor que, de facto, tendes.

 

Cumprimentos,

 

 

 

***

 

«Exmos. Senhores,

 

Venho apelar à vossa sensibilidade para que termine a tourada no nosso país. Além do dinheiro público ter fins bem mais dignos do que apoiar esta barbárie, é importante que duma vez por todas este país entenda que torturar animais inocentes não é forma de divertimento.

 

Como não se pode mudar mentalidades de um dia para o outro, pelo menos que existam leis que proíbam esta carnificina. As leis existem aliás unicamente porque o ser humano não respeita os valores fundamentais.

 

Não vinga já a questão da tradição, uma vez que tal não pode aplicar-se a algo absolutamente imoral. Tradição era a escravatura de seres humanos, a pena de morte ou a mulher não ter direitos.

 

Há tradições que são cultura e há outras, como a tourada, que remontam a estádios de vivências pré-históricas de que o homem civilizado se deve envergonhar e não deve transmitir aos seus descendentes (aliás este é o significado de tradição).

 

Peço apenas para que defendam o direito à vida e a não sofrer maus tratos que todos temos na lei, inclusive os outros animais (não percebo porquê a distinção entre eles e os touros e cavalos intervenientes nas touradas). Esta excepção aliás, parece-me tudo menos ética.

 

O que está em causa na tourada é a tortura lenta e sádica de seres vivos como nós, capazes de sentir dor como todos os seres humanos, os cães e os gatos que temos em casa.

 

A vós, que tendes o poder de alterar a lei para que esta tortura tenha um fim, apelo para que não continuemos a ser a vergonha dos países civilizados da Europa. Vários já nos excluíram das suas rotas de turismo enquanto tivermos este espectáculo degradante!

 

Têm aqui uma oportunidade de fazer História e os vossos nomes ficarem lembrados como aqueles que aboliram a tourada em Portugal.

 

Agradeço a vossa atenção e reflexão.

 

 

 

***

 

Faço minhas as palavras do Pedro e da Lígia.

 

A Póvoa de Varzim não pode fazer leis? Não pode ultrapassar a lei? Mas poderá dizer NÃO à carnificina, como outros municípios já fizeram. Poderá dizer NÃO também aos circos que utilizam animais.

Professor Luís Diamantino, sabe melhor do que eu (porque eu sei) como se pode contornar as LEIS PARVAS.

 

Não queiram os autarcas poveiros ficar no «Livro Negro da Tauromaquia» (que estou a escrever) como aqueles que tiveram oportunidade de dizer NÃO à estupidez, e recusaram-se.

 

 
 
Contemple a beleza, a dignidade e a nobreza deste ser, e pondere: é de HOMENS INTEIROS torturá-lo até à morte, por diversão e interesses económicos escusos, Dr. Luís Diamantino? 

 

 

Por fim, queria acrescentar que para a Póvoa de Varzim poder receber COM DIGNIDADE E PROPRIEDADE o excelente evento que dá pelo nome de «CORRENTES D’ESCRITAS», que ocorrerá já esta semana, de 21 a 23 de Fevereiro, terá forçosamente de abandonar as práticas primitivas e sanguinárias a que vem dando apoio, ou estarão a meter no mesmo saco tauricidas, assassinos de pombos, e escritores, o que não dará prestígio algum ao evento literário.

 

Pelo animais aqui referidos, mas também pelo prestígio da Póvoa de Varzim (onde um dia talvez seja bom viver, sem carnificina) espero que o Senhor Professor Luís Diamantino tenha em consideração estas palavras, para que se cumpra a CULTURA CULTA no

 

 

 

 

De outro modo, tudo não passará de um grande equívoco.

 

Com os meus mais respeitosos cumprimentos,

 

Isabel A. Ferreira

 

(Carta enviada ao destinatário)

 

 
publicado por Isabel A. Ferreira às 18:43

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