«Os partidos, que deveriam ser a essência da democracia, estão a aniquilá-la». (Paulo de Morais)
Um artigo actualíssimo, publicado em 17 de Janeiro de 2019, no Jornal PÚBLICO, que vai exactamente ao encontro daquilo que penso sobre os partidos políticos, em Portugal.
Não podia estar mais de acordo com Paulo de Morais, e penso que os Portugueses deviam estar mais atentos ao que diz este senhor.
Isabel A. Ferreira
Paulo de Morais
«Criados para representar as diferentes visões da sociedade, ao serviço do eleitorado, os partidos políticos estão em fase acelerada de degenerescência. São habitados por elites políticas que esqueceram os cidadãos e tudo fazem agora para manter os privilégios de que se foram apropriando. São os principais responsáveis pela abstenção, pelo desinteresse crónico pela política e pela crise da democracia.
O principal objectivo dos maiores partidos portugueses é, na verdade, manterem-se na esfera do poder, partilhar negócios de Estado com os grupos económicos de que são instrumento e garantir emprego aos muitos milhares de apaniguados, os militantes partidários e seus familiares.
O seu primeiro desígnio é eliminar a concorrência. Instalados no poder, os partidos do sistema (PSD, PS, CDS, Bloco e PC) garantem o exclusivo das candidaturas ao Parlamento, para que personalidades independentes não possam ter assento na Assembleia da República. Não permitem a entrada no seu feudo parlamentar de independentes, obstaculizam o acesso a novos partidos. Para beneficiar os maiores, permitem-se violar o princípio da proporcionalidade, que a Constituição exige: em 2015, um deputado do PSD ou do PS foi eleito com 20 mil votos, mas já o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista necessitam para a sua eleição de cerca de 30 mil votos. Além do mais, impedem que outras forças políticas tenham acesso ao Parlamento, apesar de algumas delas terem recebido muitos mais votos do que os 20 mil que elegem cada um deles.
Os partidos nem sequer cumprem a Lei, em múltiplos aspectos, o mais escandaloso dos quais é o desrespeito pela legislação de financiamento político. São recorrentemente condenados, multados pelo Tribunal Constitucional; mas sem quaisquer consequências, porque o Estado sempre permite a prescrição, no tempo, das sanções que aplica.
Estes partidos garantem ainda, apenas para si próprios, financiamentos de Estado permanentes. Usufruem de subsídios públicos de todo o tipo, com os quais mantêm uma máquina de propaganda, ilegítima fora de períodos eleitorais. Só em Portugal há, em permanência, propaganda partidária nas ruas, uma forma de lavagem cerebral sistemática. Utilizam até o domínio público como propriedade sua: são aos milhares os pequenos cartazes ilegais, degradados, apensos a candeeiros públicos, de propaganda ao Bloco de Esquerda e do Partido Comunista. Este lixo urbano deveria ser removido pelas câmaras; o que não acontece, porque os partidos estão acima da lei.
Agarrados como lapas ao Estado, os dirigentes partidários distribuem benesses e privilégios pelas empresas que os financiam e para as quais vão mais tarde como assalariados. Foi o que sucedeu com as ruinosas parcerias público-privadas rodoviárias, cujo maior agente foi a Mota-Engil, que acabou a albergar quase todos os ex-governantes do sector das obras públicas: de Jorge Coelho a Seixas da Costa, do PS, a Valente de Oliveira e Ferreira do Amaral, do PSD. O mesmo fenómeno de promiscuidade entre política e negócios marcou a onda de privatizações ao desbarato, manipuladas por políticos que hoje recebem tenças milionárias nas empresas que os próprios partidos privatizaram. O socialista Luís Amado preside à privatizada EDP, assessorado pelo social-democrata António Mexia e pela centrista Celeste Cardona. Para presidir à privatizada ANA, foi designado o ex-ministro José Luís Arnaut. A lista dos políticos de negócios é interminável, neste infernal sistema de portas giratórias que coloca o Estado ao serviço de interesses privados.
Além de negócios e rendas milionárias, os partidos garantem a sobrevivência económica dos seus apoiantes através da atribuição de muitos milhares de empregos. Usam, para este fim, a Administração Central, as autarquias, as empresas municipais, os institutos públicos. Transformaram-se mesmo na maior agência de emprego do país.
Assim, os partidos tudo fazem para manter o status quo: controlam o sistema eleitoral, impedem a apresentação de alternativas, violam leis, utilizam recursos públicos em seu proveito, manipulam a opinião pública, enxameiam as televisões com comentadores facciosos, censuram todo o discurso contraditório. Ameaçados pelo desmoronar das bases democráticas, preferem apelidar de populista qualquer alvo em movimento, do que realmente regenerar a sua missão. Os partidos, que deveriam ser a essência da democracia, estão a aniquilá-la.
Presidente da Frente Cívica»
Fonte:
O Parlamento português, sempre colado aos mesmos partidos políticos (PS, PSD, PCP, Chega, Iniciativa Liberal e CDS/PP) vai dando uma no cravo outra na ferradura, muito mais na ferradura do que no cravo, pois de vez em quando vão dando uns rebuçadinhos, para amainar as hostes.
De acordo com o PAN, ao longo dos últimos anos – inclusive nos dias anteriores ao massacre da Torre Bela – foram muitas as vezes que apresentaram propostas, numa tentativa inglória da urgente regulamentação da cruel e anacrónica prática da caça, contudo, nenhuma foi aprovada!
O lobby da caça até pode ser poderoso, mas não pertence ao mundo civilizado. E assim sendo, é o parente paupérrimo da sociedade portuguesa.
Diz o PAN que a maioria parlamentar continua, reiteradamente, a REJEITAR toda e qualquer proposta no sentido de transformar um sector, que continua a achar-se intocável, aliás como outros sectores quejandos, com a total conivência da maioria das forças políticas. Porém, e ainda de acordo com o PAN, nenhum sector o é, daí que continuarão a fazer finca-pé para provar isso mesmo, e mudar a realidade de violências e crueldades perpetradas contra animais não-humanos, que já só devíamos conhecer através dos livros de História!
2017: Suspensão da caça a norte do Tejo durante o período de dois anos? Não votada!
Fonte: https://www.facebook.com/PANpartido/photos/pcb.3723932874334447/3723930307668037/
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A propósito deste tema, para que se tenha uma ideia do que a maldita caça representapara o comum dos mortais, aqui deixo um comentário publicado na minha página do Facebook, de um cidadão português, que amaldiçoa esta actividade com toda a legitimidade, porque a caça nem é boa para os animais não-humanos, nem para os animais humanos, que somos todos nós. A caça é uma praga de parasitas da sociedade, que o Parlamento português sustenta a pão-de-ló.
E os cães que abandonam depois das caçadas! Eu, na minha aldeia (Beira Baixa), já recolhi dezenas deles, desde há 30 anos e, nesta data, tenho 12 desses! E os cães que matam e que atiram para os poços das hortas, nos últimos dias de caça! E as toneladas de chumbo que ficam "semeadas" lá pelos campos! Até um apiário, com 15 colmeias, que tinha numa horta dos meus pais tive que abandonar! Davam tiros nas colmeias e destruíram-me vários portões! Há mais de 20 anos que não passo um fim-de-semana na minha aldeia, por causa dos caçadores, venho sempre embora à sexta-feira à noite! Bandidos, Selvagens!!!!!!!
Os “tauromáquicos”, nem sequer são ARTISTAS. Esqueceram-se? São TORTURADORES, logo, não são ARTISTAS.
Ainda não aprenderam a nova TERMINOLOGIA tauromáquica? Também nem sequer fazem “espectáculos”. A TORTURA não é um espectáculo, é uma actividade BÁRBARA.
Querer meter um actor, uma bailarina clássica, um pianista, um artista plástico, um cineasta, um poeta, um escritor, no mesmo saco de um TORTURADOR DE TOUROS, é da ignorância.
O PAN apresentou ontem, na Reunião da Comissão de Cultura e Comunicação, uma proposta que pedia um “apoio extraordinário à redução da actividade económica dos artistas e profissionais do espectáculo, com excepção para os profissionais do espectáculo tauromáquico“.
Pode ler-se no Artigo 26.º-A do Projecto de Lei chumbado, um reforço da tentativa de exclusão da Tauromaquia: “o apoio previsto no presente artigo não se aplica à actividade tauromáquica ou aos artistas tauromáquicos, qualquer que seja a sua modalidade“.
Os partidos chumbaram a proposta com a seguinte votação:
Contra: PSD, PS, PCP, CDS (sempre os mesmos trogloditas).
Abstenção: BE (uma surpresa, apesar do direito que têm em absterem-se).
Favor: PAN
Então e os Verdes? O Chega? A Iniciativa Liberal? A Joacine Katar Moreira?
Muito, muito lamentável. Pelo que se vê, a EVOLUÇÃO fica nas escadarias do Palácio de São Mento. Não há modo de lá entrar!
Fonte:
Esta publicação circulará por 145 países, de todos os continentes.
Levará ao mundo o atraso civilizacional desta gente involuída, que não encaixando o avanço da Humanidade, e não tendo um pingo de superioridade moral, serve os desvalores de uma época que há muito ficou para trás, e faz esta figura triste. Deplorável! Completamente descabida, fora do nosso tempo.
É que estas coisas da selvajaria tauromáquica nada têm a ver com "gosto" mas com ÉTICA, CIVILIZAÇÃO e EVOLUÇÃO.
Que vergonha!
E é isto um DEPUTADO?
Depois não se surpreendam com os maus resultados nas urnas.
Cada vez se afundam mais, com estes discursos pategos, desprovidos de racionalidade.
O CDS está condenado à extinção.
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«Pedimos a máxima partilha da lamentável e retrógrada Intervenção do deputado do CDS na Assembleia Municipal de Famalicão acerca das Garraiadas!
No ano passado foi entregue uma petição, em sede de Assembleia Municipal, a pedir o fim do licenciamento e apoio financeiro, assim como a organização das garraiadas, por parte da Câmara Municipal.
A Câmara Municipal de Famalicão é uma coligação PSD/CDS desde 2001, o facto de terem maioria absoluta leva-os a um comodismo absurdo e à livre vontade de fazerem o que querem sem terem em conta a vontade dos cidadãos!
É de lamentar a posição do deputado do CDS, pelo tom de gozo durante a sua intervenção.
A petição é um procedimento legal para a expressão da vontade dos cidadãos, além de um direito previsto na Constituição Portuguesa que temos ao nosso dispor para exercermos a nossa cidadania e assim defendermos aquilo que consideramos ser importante.
Famalicão tem vindo a mostrar melhorias, mas ainda está longe de ser um concelho que se quer evoluído, de respeito e compaixão por todos!
Nota: Os peticionários não receberam qualquer resposta oficial à petição
(entregue a 27.4.2019)
Link Vídeo Completo da Sessão, vejam todas as intervenções: https://www.youtube.com/watch?v=rVjMZvScxpk
«O Presidente Marcelo fez apenas figura de corpo presente, quedo e mudo. Compreende-se a sua vergonha, porque já não há independência para comemorar.» - (Paulo Morais)
in:
Blogue Portugal Glorioso
https://portugalglorioso.blogspot.com/2019/12/um-dezembro-nao-ha-independencia-para-comemorar.html
«Nas cerimónias do PRIMEIRO DE DEZEMBRO, DIA da Restauração da INDEPENDÊNCIA, o Primeiro-Ministro ANTÓNIO COSTA esteve AUSENTE e o Presidente MARCELO fez apenas figura de corpo presente, QUEDO E MUDO. Compreende-se a sua vergonha, porque JÁ NÃO HÁ INDEPENDÊNCIA PARA COMEMORAR.
Os maiores grupos económicos estão dominados pelo capital estrangeiro. A EDP e a REN estão controladas por chineses, que contratam Luís Amado ou Seixas da Costa (do PS), Eduardo Catroga (do PSD) e Celeste Cardona (do CDS) como seus representantes. Na GALP pontificam angolanos, a par do Grupo Amorim: contratam Costa Pina (do PS), Luís Todo-Bom (do PSD) e Adolfo Mesquita Nunes (do CDS).
O BPI é controlado por espanhóis, que têm a seu soldo Lobo Xavier e outros. No BCP, mais uma vez chineses e angolanos. Na ANA (aeroportos) mandam os franceses da VINCI e ao seu serviço está o social-democrata Luís Arnaud. E... ETC. A Economia Nacional está na mão de estrangeiros, os políticos portugueses estão ao seu serviço, fazendo o papel histórico de Miguel de Vasconcelos ou até do Conde Andeiro.
Perdida a Independência, resta a esperança que surja um grupo de conjurados (40 são bastantes) que, sob o comando de um novo D. João IV, ponha fim a este servilismo doentio.
A imagem da SIC é deprimente: protagonistas tristes, informação errada, nesta data que ficou obscura.»
Paulo de Morais
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Nota: falta acrescentar a independência linguística, que Portugal perdeu para o Brasil. (Isabel A. Ferreira)
Também li: «Campanha eleitoral já está nas ruas. Saiba quem são os candidatos ao Parlamento Europeu e o que defendem».
Bem, então li a notícia para saber quem são e o que defendem.
Ora bolas! Li que são 17 partidos que concorrem às eleições europeias (aliás, mais legislativas do que europeias), e os partidos que a notícia apresentou foram: PS, PSD, CDS, CDU, BE e PDR, apenas aqueles que actualmente têm assento no Parlamento Europeu.
Quem são os outros?
Destes, eu já lhes conheço de cor e salteado os discursos rotos, de tão gastos.
Estou interessada em ouvir os OUTROS.
Quem são os OUTROS ONZE, além do PAN?
É preciso sentar neste Parlamento gente NOVA , que traga ideias NOVAS.
Origem da notícia e da imagem:
Texto publicado por Prótouro – Pelos Touros em Liberdade
https://protouro.wordpress.com/2018/12/04/deputados-presentes-em-reuniao-da-protoiro/
A “prótoiro” realizou no passado dia 29 uma reunião para discutir a estratégia para a tauromaquia e para a qual não convidou a imprensa tauromáquica.
Mas na dita cuja pasmem-se estiveram presentes representantes dos partidos que apoiaram a descida do IVA na Assembleia da República, ou seja deputados do CDS, PSD, PS e PCP.
O não terem convidado a imprensa foi propositado já que não queriam os mesmos revelassem o que foi discutido e postassem fotos dos deputados, portanto, sem fotos não sabemos quem foram os canalhas.
Os alarves que estiveram presentes não têm um pingo de vergonha na cara já que para além de terem votado para apoiar o lobby tauromáquico, agora também participam nas reuniões da “prótoiro”!
E se participam nessas reuniões é caso para perguntar em que outras coisas da “prótoiro” participarão?
Prótouro
Pelos touros em liberdade
Pois é! É que a caça está no mesmo patamar das touradas, ou seja, ambas são práticas bárbaras, onde se tortura e mata animais indefesos, por mero divertimento.
Os caçadores matam animais e dizem que fazem muito por eles (pelos animais) e pela Natureza, como se nós fôssemos muito estúpidos.
A etapa de caçador, no percurso evolutivo do homem, é a etapa mais primitiva. De caçador passou a colector, de colector a agricultor, e hoje o Homem vai à Lua.
Manuel Alegre é caçador. Não seria preciso dizer mais nada.
Mas vou dizer, porque me repugna os poetas que gostam de matar ou ver matar e torturar animais indefesos, algo que não faz parte da Cultura e da Civilização do Homem Contemporâneo.
Origem da imagem: Internet
O ex-candidato presidencial Manuel Alegre manifestou-se esta quinta-feira muito incomodado com as declarações da ministra da Cultura, Graça Fonseca, sobre as touradas no Parlamento. "É este tipo de intolerâncias que cria os Bolsonaros", disse Manuel Alegre ao jornal PÚBLICO.
Contudo, de acordo com Leonardo Boff, com o qual estou completamente de acordo, «tudo tem limites, também a tolerância, pois nem tudo vale neste mundo. Os profetas de ontem e de hoje sacrificaram as suas vidas porque ergueram a sua voz e tiveram a coragem de dizer: "não te é permitido fazer o que fazes". Há situações em que a tolerância significa cumplicidade com o crime, omissão culposa, insensibilidade ética ou comodismo. Não devemos ter tolerância com aqueles que têm poder de erradicar a vida do Planeta e de destruir grande parte da biosfera.»
Não devemos ter tolerância com aqueles que se divertem a matar e a torturar animais indefesos, porque tal não faz parte da Ética, da Civilização, da Evolução Humana.
Não podemos ser tolerantes com gente que não respeita a Vida. A vida de qualquer ser vivo é tão importante para ele, como a nossa vida é importante para nós. Daí que não possamos ser tolerantes com gente que mata e tortura animais apenas para se divertir ou passar o tempo.
Não podemos ser tolerantes com os trogloditas, sejam eles caçadores/poetas, ou escritores, ou pintores, ou presidentes da República, ou tauricidas.
Incomodado com a posição defendida pela ministra da Cultura relativamente às touradas, Manuel Alegre assume que "atitudes como" a de Graça Fonseca "colocam a democracia em causa".
Mas qual democracia? Torturar e matar animais não-humanos é uma atitude antidemocrática, porque não farás aos outros (sejam esses outros animais humanos ou não-humanos) o que não gostas que te façam a ti. E este é um princípio democrático, que remonta quase ao início dos tempos. Um preceito universal já conhecido entre os povos muito antigos.
Ao explicar que o Governo não pretende recuar no fim da isenção do IVA para toureiros, Graça Fonseca disse: "Quanto à tauromaquia não é uma questão de gosto, é de civilização e manteremos como está". O CDS logo se indignou, no hemiciclo e fora dele, mas agora também os socialistas estão a mostrar o seu desagrado.
Eu direi: estão a mostrar o seu IMO. Não estão a demonstrar o seu desagrado. Os socialistas (não serão todos, mas como não se manifestam, são medidos pelo mesmo alqueire) estão de conluio com as máfias da tauromaquia e da caça. Os socialistas apoiam estas políticas carniceiras da monarquia e da direita republicana.
E Manuel Alegre diz ao PÚBLICO, esta coisa espantosa: «O que está aqui em causa com as suas [da Ministra da Cultura] declarações é a liberdade de uma grande tradição ibérica reflectida por muitos escritores e artistas de todas as áreas. […] Agora são as touradas, depois há-de ser a caça e depois o livro que podemos ou não ler ou o filme que podemos ou não ver".
Pois. O problema aqui é que a caça pode vir a ser atingida pela flecha certeira da Civilização. O que vale é que os caçadores são uma espécie em extinção. A nova geração é feita de outro barro. Jamais a Cultura Culta, da qual fazem parte os livros e os filmes, estará no mesmo saco da caça e das touradas.
Como é possível aliar um costume bárbaro, introduzido em Portugal pelo rei espanhol Filipe I (II de Espanha, e que não regulava lá muito bem da cabeça) a uma tradição ibérica, reflectida por muitos escritores e artistas de todas as áreas, como se os tais escritores e artistas, que os trogloditas tanto gostam de citar, fossem deuses intocáveis ou gente de boa índole, e não tivessem grandes pancas, ou não fossem cruéis como Picasso, ou com graves problemas psicológicos, como Hemingway (que se suicidou) e Garcia Lorca. Além disso, na época dessa gente não se sabia o que hoje se sabe sobre a senciência animal. Mas a dúvida persistirá: uma vez bárbaro, bárbaro para sempre? Os contemporâneos têm toda a informação, e continuam aficionados, porque pau que nasce torto nunca se endireita (são raríssimos os que se endireitam), e o facto de serem artistas ou escritores ou frequentarem universidades não implica que tenham boa índole. Os maiores assassinos da História da Humanidade foram (e são) gente com cursos e cargos dos mais superiores. Porque isto da boa índole, do carácter, do IMO forma-se no berço.
Manuel Alegre diz que a introdução do IVA agora decidida "é uma perseguição aos toureiros e a uma actividade que mexe com milhares de pessoas". Mas que milhares de pessoas? Talvez umas centenas. Contudo, uma actividade sangrenta, brutal, irracional, inculta, estúpida, cruel e desumana, ainda que mexa com centenas de pessoas, não pode justificar a sua existência. Essas pessoas que vão plantar batatas, porque plantar batatas também alimenta bocas, e é uma profissão digna. Ser toureiro nem profissão é. Plantar batatas poderá não dar para comprar Ferraris e Porches, mas enche o estômago.
E Manuel Alegre não se contentou a fazer uma triste figura com estas declarações anti-civilização. Teve o desplante de deixar um aviso a Graça Fonseca e a outros políticos, como se ele fosse o dono do mundo, e disse esta coisa incrível: "Falar de touradas pode dar muita visibilidade, mas há problemas mais graves de que os deputados e governantes não falam, como por exemplo o desaparecimento dos cavalos marinhos da Ria Formosa ou a proliferação de eucaliptos por todo o país".
Pois o governo da geringonça não fala desses problemas e de muitos outros mais, aliás muito cabeludos, como o da ilegalidade do acordo ortográfico de 1990, por exemplo, porque não lhes convém, o que não tira que a actual Ministra da Cultura, confrontada com a pergunta da deputada do CDS/PP, não tivesse o direito e o dever de lhe responder adequadamente, pondo a questão no plano da Civilização.
Era o que mais faltava, um caçador vir admoestar uma Ministra da Cultura, a mais equilibrada que já tivemos desde há longos, longos anos, apenas porque esta defendeu a Civilização!
E Manuel Alegre conclui, de um modo, inacreditável, apenas condizente com mentalidade da direita: «Isto não é uma questão de gostar ou não gostar. Isto não pode ser uma questão de natureza filosófica como a ministra quer fazer crer».
Pois esta coisa das touradas nada mais é do que uma questão filosófica, uma questão social, uma questão cultural, uma questão moral, uma questão civilizacional, que a senhora Ministra da Cultura teve a lucidez e a coragem de levar para um hemiciclo que, na sua maioria, pugna pela incultura e pela incivilização.
E nós, a esmagadora maioria dos Portugueses, estamos com a senhora Ministra da Cultura, nesta questão, e vaiamos o poeta da carnificina.
Faço inteiramente minhas as palavras do Comandante Manuel Figueiredo, um dos muitos portugueses que enviaram à senhora Ministra Graça Fonseca, o seu apoio:
Para terminar, diz a notícia que o primeiro socialista a mostrar a sua indignação foi o deputado Luís Moreira Testa, que escreveu no Facebook: «Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa, Ernest Hemingway ou Federico García Lorca. É desta civilização que eu faço parte, mas também da de Goya, Dalí ou Picasso e de tantos outros, como Jorge Sampaio ou Manuel Alegre».
Pois o senhor Luís Moreira Testa tem todo o direito de expressar o que lhe vai na alma, e os seus gostos literários e de amizade. Contudo, é preciso dizer que a todos os cidadãos citados, falta-lhes o sentimento maior que faz de um ser, um verdadeiro Ser Humano: a empatia. Dir-se-á, igualmente, que todos esses senhores ficarão para a História, quando a bárbara tauromaquia estiver extinta, do mesmo modo que ficaram os imperadores romanos, apoiantes do bárbaro Circo Romano, ou seja, serão lembrados como seres incivilizados, incultos, primitivos, dotados de instintos cruéis, ou seja, ficarão lembrados como seres desumanos.
Todos esses nomes já constam do Livro Negro da Tauromaquia, facto que não dá prestígio a nenhum deles.
Isabel A. Ferreira
Fonte da notícia:
Texto:
Prótouro
Pelos touros em liberdade
«PROMESSAS LEVA-AS O VENTO»
André Silva o incorruptível deputado do PAN anunciou que o PS lhe garantiu que no orçamento de 2019 os tauricidas que o Código do IVA considera artistas tauromáquicos deixarão de beneficiar de isenção de IVA.
Claramente e sem sombra de dúvidas que essa medida é da mais elementar justiça, já que pessoas que ganham a vida a torturar e matar animais, não podem num estado de direito, ser equiparadas a pessoas que trabalham em artes performativas que não incluem a matança de seres vivos.
No entanto, prometer é uma coisa e viabilizar é outra já que o orçamento tem que ser aprovado na generalidade e na especialidade e consequentemente, o que o PS prometeu, pode ser uma armadilha ou seja, dizemos sim ao gajo que nos anda sempre a chatear e depois aquando da aprovação do orçamento não passa nada já que sabemos à partida que o PSD, o CDS, o PCP e muitos dos nossos deputados que estão vendidos à tauromáfia vão votar contra.
Por favor não nos acusem de ser pessimistas, porque esse não é o caso, mas conhecendo os políticos que nos governam há resmas de anos todo o cuidado é pouco e como tal até à votação final do orçamento não vamos lançar foguetes.
A nós estes partidos fedorentos não nos enganam, porquanto, os mesmos só existem para encher os bolsos deles próprios, dos amigalhaços e da tauromáfia.
Prótouro
Pelos touros em liberdade
Fonte:
https://protouro.wordpress.com/2018/10/08/promessas-leva-as-o-vento/
Um artigo de André Silva (deputado do PAN) com o qual concordo plenamente… e junto-me ao coro das críticas à candidata a primeira-ministra de Portugal, que não tem o mínimo senso comum...
«Cristas afirmou que "talvez" tenha pena dos animais se pensar "muito, muito, muito, muito, muito". Para além deste enorme esforço cognitivo, reforçou ainda que olha para a tourada "como um bailado" e que no CDS a tauromaquia é uma tradição com um elevado número de aficionados. Vejamos: talvez esta visão estratégica nem sequer esteja assim tão apurada»
Por André Silva
13-03-2018
«Assunção Cristas teve um fim-de-semana muito ocupado com a realização do congresso do CDS em Lamego, no qual enviou muitos recados políticos que materializam a estratégia do já habitual e tradicional tango entre o jogo político e o jogo mediático. Até aqui, nada de novo. O que é mesmo bizarro é que alguém que afirma ver-se como Primeira-Ministra de Portugal reduza a realidade dos assuntos sensíveis a afirmações a "preto e branco".
Sobre a crueldade das touradas, Cristas afirmou que "talvez" tenha pena dos animais se pensar "muito, muito, muito, muito, muito". Para além deste enorme esforço cognitivo, reforçou ainda que olha para a tourada "como um bailado" e que no CDS a tauromaquia é uma tradição com um elevado número de aficionados. Vejamos: talvez esta visão estratégica nem sequer esteja assim tão apurada. Aliás, acredito que cada vez mais simpatizantes do CDS não se revêm nesta posição do partido. Mas vá aceitando que são necessários os sound bites generalistas e de compreensão fácil, não deixa de ser surpreendente a ligeireza com que uma candidata a Primeira Ministra, que se assume como afável e humana, desconsidere a sensibilidade da maioria da população portuguesa sobre este tema.
Se o CDS acredita que o expoente da excelência da nossa espécie está num ser humano arriscar a sua vida em frente a um animal e que a manutenção de tradições violentas é prioritária em relação à evolução humana – evolução esta que num dado momento passou a rejeitar a crueldade e a brutalidade gratuitas para divertimento de alguns –, então este partido não reúne os mais elevados princípios éticos para se posicionar como a principal alternativa ao Governo. E mesmo que a perpetuação do tauronegócio defendida pelo CDS fosse uma possibilidade, teria que ocorrer um retrocesso civilizacional no nosso país, cujos cidadãos estão cada vez mais comprometidos com uma democracia evoluída e com uma sociedade que não se alimenta do conflito estéril e da dominação de alguns por outros.
Comprometido com o sentido humanista que entende a cultura como um contributo caracterizador da evolução mental e civilizacional das sociedades que também serve para nos tornarmos melhores – e que, na verdade, melhor corresponde à sensibilidade contemporânea –, talvez possa deixar uma alternativa cultural para Assunção Cristas poder apreciar com a família: uma grande estreia de animação, O Touro Ferdinando, que para além de retratar questões contemporâneas como a protecção e o bem-estar animal, é um filme divertido e que educa pela sensibilidade, pelo respeito e pela empatia com todas as formas de vida. Sem querer revelar tudo, adianto já um pequeno resumo: pela sua figura imponente e assustadora, Ferdinando é escolhido como o maior e o mais rápido touro para participar nas corridas em Madrid. Mas como tem um coração generoso e não gosta de lutar com os outros, tudo faz para voltar à calma e à tranquilidade da quinta onde vivia.
Cara Assunção Cristas, recomendo mesmo e asseguro que sairá da sala de cinema com muito, muito, muito, muito, muito maior capacidade de se colocar no lugar do outro.»
Fonte: