Joselene Barreto é uma cidadã brasileira que, fazendo uma busca pela Internet, ao procurar informações sobre a Figueira da Foz, chegou ao até ao meu Blog e decidiu escrever-me a seguinte carta, com o título supracitado, a qual aqui transcrevo com a permissão dela, juntamente com a resposta que lhe dei.
E isto para dizer que vale a pena lutar por esta causa, neste Blog, porque as mensagens aqui transmitidas chegam longe, e fazem eco, não só no Brasil, mas em mais 103 países espalhados por todos os continentes.
Obrigada, Joselene.
A nódoa negra da Figueira da Foz, que diz do atrasado civilizacional desta cidade.
Carta de Joselene:
«Querida Isabel,
Não a conheço, mas li o que você escreveu sobre as touradas em Portugal e no mundo. É realmente uma coisa que muito me entristece. Parabéns pela coragem de levantar essa bandeira.
Sou brasileira, neta de portugueses nascidos em Porto e em Braga, e casada com um Português nascido em Esposende. Tenho orgulho que a região onde eles nasceram não participa desse horrendo massacre contra os touros.
Aqui no Brasil também praticam o tal do “rodeio”. Uma festa horrível, de origem norte-americana, onde os bois, novilhos e cavalos são tratados como lixo. No sul, Estado de Santa Catarina, na parte colonizada pelos portugueses dos Açores, praticam a tal Farra do Boi. Pesquise na internet e verá quão horrível é (nem tenho coragem de lhe contar, tamanho o sofrimento dos animais).
Eu e meu marido estamos pensando em voltar para Portugal, mas como moramos à beira mar, na cidade de Santos, litoral do Estado de São Paulo, gostaríamos de em Portugal também morar à beira mar. Por isto escolhemos a cidade de Figueira da Foz, no Distrito de Coimbra.
Mas qual foi a minha surpresa de, ao viajar virtualmente em Figueira da Foz através do Google Maps, me deparar com uma construção enorme, redonda, tipo um coliseu, e descobrir que se tratava de uma Praça de Touros.
Foi assim que cheguei até você. Pesquisando sobre touradas em Figueira da Foz e em todo o Portugal.
Achei a cidade muito bonita, mas fiquei com muita raiva do povo de lá acolher esse tipo de horror.
Isabel, você acha possível, uma vez que nos mudemos para Figueira da Foz, fazer alguma coisa contra essas touradas? Você teria alguma idéia? Também como posso fazer para me engajar com você nessa sua luta, uma vez morando em Figueira?
Como a polícia portuguesa trata os manifestantes a favor dos direitos dos animais, uma vez que o próprio governo dos municípios é a favor das touradas? Há violência polícia x manifestantes e até adeptos das touradas?
Você já pensou em pedir auxílio a alguma organização internacional para, “juntos”, ganhando forças, conseguirem “engatinhar”, e “começar” a conseguir algum resultado contra essa velhacaria? Pensei na Mercy for Animals, mais relacionada a animais do campo (gado).
Não conseguirei morar em Figueira e sempre passar à porta da Praça de Touros, apenas achando ruim, mas sem fazer nada contra.
Muito obrigada por sua atenção
Aguardo sua resposta. Não queria desistir de mudar-me para Portugal.
Bjs,
Josie (Joselene Lacerda de Oliveira Barreto)
Santos – SP/ Brasil»
***
A minha resposta:
Querida Joselene,
Agradeço a sua mensagem, que me tocou profundamente.
Não nos conhecemos, mas tal não é obstáculo para que estejamos em sintonia.
Realmente, as touradas são uma prática horrorosa, que envergonha a Humanidade do século XXI depois de Cristo.
É muito triste viver num país, embora seja o meu país, onde estes costumes bárbaros ainda se mantêm enraizados, por culpa de governantes incultos, portadores de um descomunal atraso civilizacional.
Eu nasci em Portugal, mas fui para o Brasil com dois anos, passei a minha infância, adolescência e juventude, cá e lá, e quase toda aminha família é brasileira, portanto podemos considerar-nos irmãs.
Sei que no Brasil também praticam o chamado “rodeo” e as hediondas vaquejadas, com grande sofrimento para os animais. Tenho lutado também pela abolição dessas práticas importadas dos EUA. Conheço também a idiota Farra do Boi, uma prática oriunda dos Açores, onde ainda se praticam, em algumas ilhas, as imbecis touradas à corda, as quais conspurcam o belo Arquipélago dos Açores. Luto pela abolição de todas estas monstruosidades.
Fico feliz por o Porto, Braga e Esposende não estarem no rol dos municípios atrasados civilizacionalmente. Eu nasci em Ovar, uma cidade do Distrito de Aveiro, que também está limpa do lixo tauromáquico. Podemos orgulhar-nos das nossas terras de origem.
Em Portugal, existem 308 municípios e, destes, apenas cerca de 40 são medievalescos. Entre eles, infelizmente está a Figueira da Foz, uma bonita cidade, sim, mas manchada de lixo tauromáquico, com uma arena de tortura activa, que diz do atraso civilizacional da cidade.
Mas querida Joselene, existem muitas cidades à beira-mar, livres de touradas, no Norte do País e também no Sul.
Na região de Esposende, por exemplo, terra do seu marido, existem belas praias e lugares paradisíacos para se viver, como Ofir, Belinho, Apúlia, e mais a norte, na região de Viana do Castelo (única cidade portuguesa que se declarou anti-tourada) existem sítios maravilhosos para morar, como Areosa, Vila Praia de Âncora, Afife, Moledo.
Mais para Sul, temos também lindas cidades à beira-mar, como Espinho. E no Concelho de Ovar, na zona da Ria, existem belas vivendas com vista para a própria Ria. Um lugar de sonho.
Não precisa de fixar-se numa cidade que, na época tauromáquica, suja-se com cartazes horrorosos, de propaganda à tortura de Touros e Cavalos.
Há muito tempo, vários grupos anti-tourada e pessoas como eu, individualmente, lutam pela Abolição da Selvajaria Tauromáquica, porque tal prática não passa disso mesmo. Todos os anos fazem-se manifestações na Figueira da Foz e nas restantes cidades atrasadas, para que os governantes evoluam e acabem com esta vergonhosa actividade medievalesca, que não passa de um insulto à civilização.
Não temos tido o sucesso desejado, embora cada ano que passa as touradas têm diminuído bastante, bem como também o número de adeptos, porque não estamos a lidar com pessoas normais. É gente completamente alienada, que optou pela ignorância, pois todos sabemos que a tauromaquia assenta em três bases: ignorância, estupidez e mentiras que, repetidas ao longo de séculos, tornaram-se verdades falaciosas para os que se recusam a evoluir.
Uma vez que escolha a Figueira da Foz para morar, como poderá fazer alguma coisa contra as touradas ou como se engajar comigo nesta luta? Boa pergunta.
Poderá fazer o que nós fazemos: insistir junto às autoridades locais e governo central para que acabem com esta prática que envergonha a Humanidade e Portugal, diante do mundo civilizado.
A abolição desta selvajaria não está longe de acontecer. Já faltou mais. Porém, antes de limparmos os municípios deste lixo, temos de limpar a Assembleia da República Portuguesa dos deputados do PS, PSD, CDS/PP e PCP que, inacreditavelmente, estão lá para servir o lobby tauromáquico e não os interesses cultos do País. E isso é mais difícil de conseguir porque eles sentaram-se naquelas cadeiras com cola no fiofó. E a abolição passará por uma lei que acabe com este vergonhoso atraso civilizacional.
Quando há manifestações, a polícia portuguesa está claramente a favor dos carrascos dos animais e não a favor dos manifestantes que são pelos Direitos dos Animais, uma vez que os torturadores têm a lei pelo lado deles: é que em Portugal há uma lei retrógrada que permite que se torture Touros e Cavalos nas arenas, para divertir sádicos, porque os Touros e Cavalos não são considerados animais como os Cães e os Gatos, aliás, em Portugal, apenas os Cães e os Gatos são considerados animais, e têm uma lei que os protege, desde que não sejam “artistas” dos circos, ou de corridas. De resto, todos os outros animais, domésticos ou selvagens, podem ser exterminados, em Portugal, à vontade da crueldade dos seus criadores, caçadores e psicopatas.
Agora, raramente há violência nessas manifestações, em Portugal, exclusivamente porque os manifestantes animalistas rejeitam a violência, o que já não acontece com os torturadores que, sendo adeptos da tortura, por vezes, tentam atropelar-nos ou atacar-nos como atacam os Touros: cobardemente. Já aconteceu.
Quanto a pedir auxílio a estrangeiros, nós trabalhamos em conjunto com algumas organizações de Espanha, México e sul-americanas, no sentido de pressionar os governos dos respectivos países. Em Espanha, México, Equador, Peru e Bolívia tem-se conseguido óptimos. Portugal está mais atrasado, aliás como em quase tudo, porque mais atrasados têm sido os seus governantes, desde há muito tempo. Mas lá chegaremos.
Compreendo que não vá sentir-se bem morando na Figueira da Foz e ter de passar à porta da Praça de Touros, apenas achando ruim, mas sem fazer nada contra. É terrível esse sentimento.
Mas como lhe disse, se escolheu a Figueira da Foz apenas por ser uma cidade bonita e não por motivos de trabalho ou outros, há bastantes cidades bonitas, à beira-mar, livres do lixo tauromáquico, para nela poderem viver tranquilamente e civilizadamente.
Desde já lhe digo que lutar contra blocos de cimento armado não é nada fácil. Temos a certeza de que um dia esses “blocos” cairão como tordos, porque um dia é da caça e outro do caçador. Sempre foi e sempre será assim.
Não desista de Portugal. É um país lindo e maravilhoso para se viver, desde que não seja em cidades conspurcadas com lixo tauromáquico e atrasadas civilizacionalmente.
Espero ter-lhe sido útil.
Beijinhos, Joselene,
Isabel A. Ferreira
***
Entretanto, recebi, hoje, uma mensagem da Joselene, a dizer o seguinte:
«Primeiramente gostaria de agradecer por sua resposta. Ela foi elucidativa a ponto de eu e meu marido desistirmos totalmente de nos mudarmos para Figueira da Foz. Como mencionou, há outros destinos em Portugal, provavelmente até mais lindos do que Figueira da Foz (que, à primeira vista, apenas virtualmente, pareceu-me linda)». (Joselene)
Sim, a Figueira da Foz é apenas virtualmente linda. Nenhuma cidade é plenamente linda, quando promove a selvática tortura de Touros e Cavalos.
Um dia, a Figueira da Foz libertar-se-á deste estigma, e tornar-se-á uma cidade realmente linda e digna de albergar cidadãos cultos e civilizados, quando assim o quiserem, os governantes. (IAF)
«Enquanto os animais não humanos não forem considerados seres tão sencientes como os animais humanos (está provado cientificamente que o são) os países que mantém práticas primitivas e bárbaras contra esses seres deveriam ser penalizados de algum modo»
Um forcado ataca um touro moribundo e embolado... depois não gostam que lhes chamem cobardes...
Touradas, jardins zoológicos, passeios de charrete e a possibilidade de nadar com golfinhos são exemplos sobre Portugal recolhidos num mapa digital, promovido por uma fundação espanhola, que pretende alertar os turistas para más práticas relacionadas com animais.
O mapa, um projecto da fundação de defesa animal FAADA, de Barcelona, está disponível em www.turismo-responsable.com
e foi criado para dar a conhecer aos turistas as actividades com animais existentes nos vários países para que "possam viajar de forma responsável", disse a coordenadora da FAADA, Giovanna Constantini, citada pela agência de notícias espanhola EFE.
Sobre Portugal, o mapa dá como exemplo as corridas de touros, sublinhando que, em algumas localidades, existe permissão para matar o touro na arena.
O mapa cita também uma investigação de 2011 sobre 10 zoológicos portugueses, realizada pela Born Free Foundation (Reino Unido), cujos resultados mostraram que os parques zoológicos autorizados não estavam totalmente de acordo com as normas da União Europeia, enquanto outros operavam sem licença.
Segundo a informação, os zoológicos não dão "qualquer contribuição significativa à conservação das espécies", sendo que a conservação da maioria dos animais nestes parques não é considerada prioritária.
"Das espécies ameaçadas, apenas 57 por cento faziam parte de um programa europeu de criação em cativeiro", adianta o texto.
Acrescenta ainda que a informação disponibilizada aos visitantes sobre a conservação era inadequada, muitos parques fomentavam o contacto directo entre os animais selvagens e o público e organizavam espectáculos com animais sem qualquer mais-valia educativa.
Na informação sobre Portugal é ainda mostrada preocupação com os passeios em carros puxados por cavalos (charretes).
"Numerosos animais são explorados além dos seus limites, enquanto levam turistas por terrenos acidentados, debaixo do sol, sem água ou descanso. Sofrem insolações, feridas e são espancados em consequência destas 'experiências turísticas' em que os benefícios económicos para os proprietários estão sempre acima do bem-estar dos animais", afirma-se no texto.
Nadar com golfinhos é outra das actividades apontada no mapa, que considera que esta prática, que acontece sobretudo no Algarve, tem "graves implicações para os animais e pode ser perigosa para as pessoas".
No mapa, que está online há uma semana, aparecem todos os países e as actividades que fazem com animais para atrair turistas, desde os passeios com elefantes em muitos países asiáticos até às tradicionais corridas de carros de cavalos na Alemanha ou aos passeios em camelo no Egipto.
Alerta também para as tradições vendidas turisticamente, como os pacotes de caça na África do Sul, onde os turistas podem caçar leões em reservas.
As lutas com galos nos países da América do Sul, como Peru, Bolívia ou Colômbia, ou o treino de macacos para roubar turistas são outros exemplos que constam do mapa.
Segundo Giovanna Constantini, um dos países que mais maltrata os animais é a Tailândia, onde 3.800 dos 5 mil elefantes do país se encontram em cativeiro, sendo na sua maioria usados para passeios ou exibidos em espectáculos.
Sobre Espanha, a informação disponibilizada afirma que as touradas se fazem com animais "drogados e confundidos, que são apunhalados várias vezes até à morte".
O mapa visa alertar os viajantes para a exploração turística dos animais, revelando o que se esconde por detrás de cada espectáculo ou transporte animal.
O mapa indica ainda, em cada país, uma lista de centros de recolha e projectos de voluntariado que trabalham na conservação e no tratamento de animais, bem como de organizações não-governamentais de protecção de animais.
Lusa/SOL
Fonte:
http://www.sol.pt/noticia/126950
QUANDO É QUE HOMENS DESTES VÊM GOVERNAR PORTUGAL?
A Bolívia aprovou a primeira legislação mundial dando à natureza direitos iguais aos dos humanos.
A Lei da Mãe Terra, que conta com apoio de políticos e grupos sociais, é uma enorme redefinição de direitos. Ela qualifica os ricos depósitos minerais do país como "bênção", e espera-se que promova uma mudança importante na conservação e em medidas sociais para a redução da poluição e controlo da indústria, num país que tem sido há anos destruído por conta de seus recursos.
A Lei da Mãe Terra estabelece 11 direitos para a natureza, incluindo o direito à vida, o direito da continuação de ciclos e processos vitais livres de alteração humana, o direito a água e ar limpos, o direito ao equilíbrio, e o direito de não ter estruturas celulares modificadas ou alteradas geneticamente.
Ela também vai assegurar o direito de o país "não ser afectado por mega-estruturas e projectos de desenvolvimento que afectem o equilíbrio de ecossistemas e as comunidades locais".
Notícias:
http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/planeta-urgente/bolivia-cria-lei-mae-terra-287125/
http://www.aljazeera.com/news/americas/2013/01/201313135048554958.html
Artigos da Lei:
http://pt.scribd.com/doc/44900268/Ley-de-Derechos-de-la-Madre-Tierra-Estado-Plurinacional-de-Bolivia