Quarta-feira, 2 de Fevereiro de 2022

A “Taula de Canvis”, ou como os primeiros banqueiros eram tratados quando roubavam o povo

 

Recebi este interessantíssimo texto via-email

E fica a pergunta: em Portugal, vamos começar por quem?

Vale a pena ler.

 

Taula de Canvis.jpeg

 

A ‘Taula de Canvis’

 

A Taula de Canvis (Tábua/Mesa de Câmbios) apareceu em Espanha, durante o reinado de Jaime I, o “Conquistador” (1213-1276). Esta foi a primeira instituição financeira (o precedente mais directo dos bancos públicos, mais tarde complementado com os bancos privados), que apareceu em diferentes cidades Espanholas, em resposta às necessidades geradas pelo aumento do comércio e viagens de longas distâncias, que ocorreram desde a Idade Média, tanto terrestres como marítimas, que ligavam os portos Mediterrânicos (Marselha, Génova, Veneza, Valência) com os portos europeus do Atlântico, do norte e sul da Europa (França, Inglaterra, Flandres, Escandinávia, Sevilha, Lisboa).

 

A legislação romana que regia este negócio foi então renovada, sendo estes alguns dos principais artigos desta legislação ‘bancária’.

 

Em 13 Fevereiro de 1300, foi estabelecido que qualquer banqueiro que declarasse falência ou bancarrota, seria humilhado perante todo o povo, por um acusador público e forçado a viver rigorosamente a pão e água até que devolvesse aos seus credores o valor total dos respectivos depósitos.

 

Em 16 de Maio de 1301, foi decidido que os banqueiros seriam obrigados a obter fianças e garantias de terceiros para poderem operar, e aqueles que assim não fizessem não seriam autorizados a estender a colcha (manta) sobre suas mesas (taulas) de trabalho (câmbios).

 

O objectivo desta legislação era mostrar a toda a população que esses banqueiros não eram tão confiáveis quanto os que usavam a colcha sobre a mesa, ou seja, que estavam suportados por garantias.

 

Qualquer banqueiro que quebrasse esta regra (por exemplo, que trabalhasse com a colcha sobre a mesa, mas sem terem a fiança de garantia) seria imediatamente considerado culpado de fraude.

 

No entanto, apesar desta lei, alguns banqueiros logo começaram a enganar os seus clientes.

 

Devido a estas situações de ilegalidade, em 14 de Agosto de 1321, foi estabelecido que os banqueiros que não cumprissem imediatamente com os seus compromissos, seriam declarados em bancarrota e se não pagassem as suas dívidas no prazo de um ano, cairiam em desgraça pública, a qual seria apregoada pelos acusadores públicos para todo o povo do reino.

 

Decorrido esse prazo de um ano, o banqueiro que continuasse em dívida para com os seus credores, seria imediatamente decapitado em frente da sua mesa (taula), e as suas propriedades seriam vendidas localmente para pagar aos seus credores.

 

Existem provas documentais de que esta lei foi aplicada algumas vezes.

 

Por exemplo, o banqueiro catalão Francesc Castelló foi decapitado em frente da sua mesa em 1360, em estrita conformidade e cumprimento desta lei.

 

E fica a pergunta: em Portugal, vamos começar por quem?

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:08

link do post | Comentar | Adicionar aos favoritos
Terça-feira, 13 de Março de 2018

«ANIMAIS EM RESTAURANTES?»

 

Um lúcido texto de Teresa Botelho, publicado no Blogue «Retalhos de Outono»

Faço também minhas todas as palavras da Teresa

CÃES.jpg

Legenda: cães aceitam-se; banqueiros interditos, excepto se pagarem uma taxa de entrada de 70.000 Euros

 

Texto de Teresa Botelho

 

«Não estava nos meus planos comentar este tema, porque tais celeumas não passam de canções de embalar de sociedades rústicas, atrasadas, míopes, desocupadas, egocêntricas e acostumadas a certas mediocridades que daqui a algum tempo se dissipam e entram nas nossas rotinas, porque a presença de um animal dentro de um espaço fechado ou numa esplanada cheia de gente, pouca ou nenhuma diferença faz... 

 

Quando como em casa, eles estão ao meu lado, mas o meu prato é para eles tão meu, como as taças onde cada um deles come, mas se por acaso eu cometer alguma gafe na qualidade ou quantidade de alimentos que lhes coloco e que só é reparada enquanto eles comem, peço-lhes licença e corrijo o erro, sem zangas nem ressentimentos, porque as rotinas criaram essa confiança que só a convivência e a comunicação nos conseguem dar.

 

Falei de comunicação?

 

Claro que sim, porque até uma criança que não aprendeu ainda a verbalizar as suas vontades, consegue comunicar com quem a quiser entender...   

 

É tão fácil saber se um animal está ou não confortável, se se sente à vontade no meio de nós, se o medo o faz fugir, ou o torna agressivo que só quem não estiver atento, poderá negar todos esses sinais e achar que está apenas perante qualquer pedregulho insensível, entalado algures numa falésia batida pela chuva e sacudida pelo vento...

 

Porque razão será que o arcaico egocentrismo humano, inventa espaços que considera só seus e não os pode partilhar com as espécies que humanizou? 

 

Sem dúvida que o termo "humanizar" serve de desculpa para críticas, mas porque razão se domesticaram alguns animais, roubando-os à Natureza, para que nos servissem para os melhores e para os piores fins?                                                             

 

Porque razão o cão, o gato e alguns outros, se dedicam incondicionalmente a quem os trata e sofrem com a sua ausência?

 

Se os traumas que residem em muitos humanos são justificados, porque razão num animal não o são?

 

 

A lei que permite a entrada de animais de companhia em espaços de restauração, foi sem dúvida um ultraje ao "status humanóide" de muitos ignorantes que nada mais são do que provincianos obtusos e mal informados, tal como o é a discriminação de que são vítimas aquelas "aves já não tão raras", que por opção própria, não se alimentam dos nacos de carne que satisfazem os outros da sua espécie. 

 

Perante tais desigualdades e constrangimentos, proponho que os velhos dísticos de proibição de animais, passem também a incluir "humanos herbívoros", porque discriminação por discriminação, pelo menos que se assumam estas, já que outras há que ficarão apenas pelos bastidores dos preconceituosos...

      

Confesso que me sinto envergonhada com tanta resistência à evolução, mas sempre fomos assim, por isso, já que os cães que vejo atados à porta do supermercado aguardando a chegada dos seus tutores, perante o entra e sai de tantos  estranhos e dos carrinhos de compras, com ar de abandono, se comportam melhor que as criancinhas que correm e perturbam lá dentro com as suas birras e atropelos, merecem não só entrar em qualquer espaço comercial, como em todos os lados e só questiono o porquê de tanto falatório...

 

Pelo menos os animais, comem sem mostrar aos outros o conteúdo que mastigam, não bebem em excesso nem criticam ninguém e a poluição sonora que sinto em muitos restaurantes ao fim de semana, talvez fosse menor se as pessoas tivessem a educação de muitos cães...

 

Prometera a mim mesma, não ver mais alguns programas que a RTP transmite, porque a falta de isenção dos "dinossauros" que os apresentam me agride, mostrando-me a degradação da ética jornalística instaurada, mas perante tantos comentários que li, a curiosidade fez-me ir às gravações e novamente me vi no meio de um chorrilho de idiotices e de ignorantes... 

 

Ora como sou obrigada a pagar uma taxa para sustentar a TV pública, era ainda preciso chamarem ao debate um certo doutorzinho Taxa, para vomitar as suas diarreias mentais através de trágicas cenas de terror a tirar para o cómico?           

 

É evidente que abandalhar um tema sério que nada tem de extraordinário em outros países, é a técnica dos broncos que precisam manter o país na penumbra da estupidez para se conseguirem destacar, mas se outros aplaudiram as baboseiras do sr. Taxas, a apresentadora parece ter gostado, porque ao dar-lhe tempo de antena, confirma o seu próprio prazo de validade vencido e a necessidade de engraxar quem lhe paga, para que lho prolonguem ...

 

Esquecendo agora as taxas, os jornalistas em saldo, mais as críticas a uma lei que incomoda tanta gente porque segundo alguns, "há coisas mais importantes a debater", parece-me que algo aqui se esqueceu, já que puxar pela cabeça está cada vez mais caro por cá. 

Nos tempos que correm, a temática animal, como tão bem foi dito e talvez menos ouvido no referido programa, tem várias vertentes e atrevo-me a acrescentar, como educadora que fui que a mais importante é a pedagógica, logo, a presença de animais no nosso dia a dia e a observação das suas posturas e comportamentos em sociedade, faz parte dessa aprendizagem. 

 

Quem pinta cenas de ataques a travessas, a mesas e às pessoas, está apenas a passar um atestado de irresponsabilidade e estupidez a quem integrou os seus animais na família, sociabilizando-os e confiando neles ao ponto de os levar de passeio ou de férias (que o digam os estrangeiros que nos visitam), sem ter que os condenar ao stress de um carro fechado ou de uma trela atada à porta.

 

Sejamos, portanto, sensatos e aceitemos com lucidez os novos tempos, porque não são só as tecnologias que ditam o progresso, a ética faz parte dele, se o quisermos equilibrado e justo.»  

 

Fonte:

https://retalhosdeoutono.blogspot.pt/2018/03/animais-em-restaurantes.html

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 09:56

link do post | Comentar | Adicionar aos favoritos
Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2016

A “Taula de Canvis”, ou como os primeiros banqueiros eram tratados quando roubavam o povo

 

Recebi este interessantíssimo texto via-email

E fica a pergunta: em Portugal, vamos começar por quem?

Vale a pena ler.

 

Taula de Canvis.jpeg

 

A ‘Taula de Canvis’

 

A Taula de Canvis (Tábua/Mesa de Câmbios) apareceu em Espanha, durante o reinado de Jaime I, o “Conquistador” (1213-1276). Esta foi a primeira instituição financeira (o precedente mais directo dos bancos públicos, mais tarde complementado com os bancos privados), que apareceu em diferentes cidades Espanholas, em resposta às necessidades geradas pelo aumento do comércio e viagens de longas distâncias, que ocorreram desde a Idade Média, tanto terrestres como marítimas, que ligavam os portos Mediterrânicos (Marselha, Génova, Veneza, Valência) com os portos europeus do Atlântico, do norte e sul da Europa (França, Inglaterra, Flandres, Escandinávia, Sevilha, Lisboa).

 

A legislação romana que regia este negócio foi então renovada, sendo estes alguns dos principais artigos desta legislação ‘bancária’.

 

Em 13 Fevereiro de 1300, foi estabelecido que qualquer banqueiro que declarasse falência ou bancarrota, seria humilhado perante todo o povo, por um acusador público e forçado a viver rigorosamente a pão e água até que devolvesse aos seus credores o valor total dos respectivos depósitos.

 

Em 16 de Maio de 1301, foi decidido que os banqueiros seriam obrigados a obter fianças e garantias de terceiros para poderem operar, e aqueles que assim não fizessem não seriam autorizados a estender a colcha (manta) sobre suas mesas (taulas) de trabalho (câmbios).

 

O objectivo desta legislação era mostrar a toda a população que esses banqueiros não eram tão confiáveis quanto os que usavam a colcha sobre a mesa, ou seja, que estavam suportados por garantias.

 

Qualquer banqueiro que quebrasse esta regra (por exemplo, que trabalhasse com a colcha sobre a mesa, mas sem terem a fiança de garantia) seria imediatamente considerado culpado de fraude.

 

No entanto, apesar desta lei, alguns banqueiros logo começaram a enganar os seus clientes.

 

Devido a estas situações de ilegalidade, em 14 de Agosto de 1321, foi estabelecido que os banqueiros que não cumprissem imediatamente com os seus compromissos, seriam declarados em bancarrota e se não pagassem as suas dívidas no prazo de um ano, cairiam em desgraça pública, a qual seria apregoada pelos acusadores públicos para todo o povo do reino.

 

Decorrido esse prazo de um ano, o banqueiro que continuasse em dívida para com os seus credores, seria imediatamente decapitado em frente da sua mesa (taula), e as suas propriedades seriam vendidas localmente para pagar aos seus credores.

 

Existem provas documentais de que esta lei foi aplicada algumas vezes.

 

Por exemplo, o banqueiro catalão Francesc Castelló foi decapitado em frente da sua mesa em 1360, em estrita conformidade e cumprimento desta lei.

 

E fica a pergunta: em Portugal, vamos começar por quem?

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:36

link do post | Comentar | Adicionar aos favoritos

Mais sobre mim

Pesquisar neste blog

 

Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
14
15
16
17
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Posts recentes

A “Taula de Canvis”, ou c...

«ANIMAIS EM RESTAURANTES?...

A “Taula de Canvis”, ou c...

Arquivos

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Junho 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Direitos

© Todos os direitos reservados Os textos publicados neste blogue têm © A autora agradece a todos os que os divulgarem que indiquem, por favor, a fonte e os links dos mesmos. Obrigada.
RSS

AO90

Em defesa da Língua Portuguesa, a autora deste Blogue não adopta o Acordo Ortográfico de 1990, nem publica textos acordizados, devido a este ser ilegal e inconstitucional, linguisticamente inconsistente, estruturalmente incongruente, para além de, comprovadamente, ser causa de uma crescente e perniciosa iliteracia em publicações oficiais e privadas, nas escolas, nos órgãos de comunicação social, na população em geral, e por estar a criar uma geração de analfabetos escolarizados e funcionais. Caso os textos a publicar estejam escritos em Português híbrido, «O Lugar da Língua Portuguesa» acciona a correcção automática.

Comentários

Este Blogue aceita comentários de todas as pessoas, e os comentários serão publicados desde que seja claro que a pessoa que comentou interpretou correctamente o conteúdo da publicação. 1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome. 2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem "manda bocas". 3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias. Serão eliminados os comentários que contenham linguagem ordinária e insultos, ou de conteúdo racista e xenófobo. Em resumo: comente com educação, atendendo ao conteúdo da publicação, para que o seu comentário seja mantido.

Contacto

isabelferreira@net.sapo.pt