Já escrevi sobre a minha INDIGNAÇÃO quanto á atribuição do Prémio Femina 2015, também a uma torturadora de Touros e Cavalos Lusitanos
Estas são as agraciadas com o Prémio Femina 2015
Origem da imagem e texto sobre as agraciadas:
Georgina Benrós de Mello, directora-geral da CPLP, recebe o Prémio Femina de Honra. Georgina é cabo-verdiana, licenciada em Economia e Gestão e já exerceu a profissão em Cabo Verde e em Timor-Leste, tendo trabalhado nesses países com projectos de diferentes agências das Nações Unidas.
Inocência Mata e Ana Mafalda Leite, recebem o prémio por mérito nas Artes e Letras; Fátima Cardoso, por mérito nas Ciências, Soraya Gadit, por méritos relevantes, e Sónia Matias (a que tortura Touros e Cavalos Lusitanos) vai receber o mesmo prémio (PASME-SE!) pela divulgação da cultura, da história e da matriz portuguesa no estrangeiro e na lusofonia...
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Enviei às senhoras laureadas, os dois textos que escrevi a este propósito, cujos links aqui deixo:
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/2015/11/05/
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/2015/11/06/
Uma das senhoras, muito amavelmente, respondeu-me, e vou partilhar publicamente o conteúdo da mensagem, por entender ser do interesse dos leitores.
Por motivos óbvios, OMITIREI o nome da senhora:
«Exma Senhora Isabel A. Ferreira
Agradeço o envio das suas mensagens.
Penso que sabe que não tenho qualquer influência na escolha das agraciadas.
Compreendo a sua posição em relação à Tauromaquia.
Na verdade eu também não gosto dessa actividade.
No entanto compreendo que seja algo típico da cultura Portuguesa. Sobretudo aliada ao Cavalo Lusitano, um ser muito bonito.
Sendo uma actividade normalmente efectuada e dominada por homens, é muito difícil a uma mulher ter uma posição de relevo nesse tipo de actividades.
Penso que terá sido essa a óptica da Comissão de Honra na escolha da Sra Dª Sónia Matias.
No entanto, quem melhor poderá responder às suas questões e indignação, será a própria Comissão.
Da minha parte, agradeço-lhe as amáveis palavras relativamente à minha nomeação e ao trabalho que tenho desenvolvido (…)…
Melhores cumprimentos
(...)
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Respondi à Senhora e aqui deixo a minha resposta, com um grande pesar no coração.
Exma. Senhora (…)
Agradeço a gentileza da sua resposta.
Ao escrever o que escrevi sobre o Prémio Femina 2015, a minha intenção era a de evitar que as senhoras laureadas se recusassem a receber um prémio que, ao mesmo nível, foi atribuído a uma torturadora de seres vivos, que em nada dignifica as Mulheres Portuguesas, os Valores Humanos, a Cultura Portuguesa e o Avanço Civilizacional.
Vejo que não fui entendida.
Se eu estivesse no lugar das laureadas, recusar-me-ia a receber um prémio que, ao ser atribuído também a uma personagem cujo maior feito é torturar Touros e Cavalos Lusitanos, numa arena, para gáudio de sádicos, estaria a desonrar actividades civilizadas e dignas de serem louvadas, por trazerem mais-valia às sociedades humanas.
Esta “actividade” aviltante de torturadora de seres vivos, foi colocada ao nível da actividade que a Senhora (…) exerce e, por isso, fiquei absolutamente INDIGNADA, pela falta de lucidez de um júri masculino completamente alienado.
Confundir uma actividade DIGNA com algo INDIGNO não é da racionalidade. Até porque a tauromaquia não representa nem de perto nem de longe a Cultura Portuguesa.
A TORTURA de seres vivos nunca foi CULTURA em parte alguma do Universo.
O Cavalo Lusitano é um animal sensível e nobre, barbaramente vilipendiado nestas demonstrações bárbaras, e ficam bastante maltratados, física e psicologicamente, e muitos morrem nas arenas. A Sónia Matias não representa, nem de perto nem de longe, a Mulher Portuguesa.
E nós, se queremos dignificar a nossa acção feminina na sociedade, temos o DEVER de nos insurgir contra este tipo de machismo e orquestração masculina, para ELEVAR aos píncaros, uma actividade que é condenada por todo o mundo civilizado, e nada acrescenta ao avanço da civilização.
Peço desculpa, mas não posso deixar de me INDIGNAR ao ver colocar ao mesmo nível uma Senhora que contribui para o avanço da civilização, a receber um mesmo prémio atribuído a uma torturadora de seres vivos, que em nada contribui para a dignidade humana, nem para o avanço civilizacional que pretendemos para o nosso País.
No próximo dia 28 de Novembro, se as senhoras laureadas aceitarem receber o Prémio Femina 2015, ao lado de alguém cujo maior feito é espetar bandarilhas no corpo de um Touro e fazê-lo sangrar até à morte, e sujeitar o belo Cavalo Lusitano a maus-tratos inconcebíveis ao ser manipulado numa arena, estarão a contribuir para o retrocesso civilizacional e a desacreditar um Prémio que, este ano, não cumpre a sua função: destacar o VALOR da mulher portuguesa.
Se a Senhora (…) entende que torturar seres vivos para divertir sádicos (porque é essa a “utilidade” da tauromaquia) faz parte da Cultura Portuguesa e da Dignidade Humana, e é uma actividade que VALORIZA a mulher portuguesa, peço desculpa, mas por muito que já tenha feito pela humanidade, esse muito evaporar-se-á no momento em que aceitar receber um prémio conspurcado pela iniquidade de um júri masculino que desconhece o verdadeiro sentido do VALOR FEMININO.
Com os meus cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
Exmos. Senhores Deputados da Assembleia da República Portuguesa:
Depois da grande estupefacção e decepção que em mim causou o adiamento do debate da petição da ANIMAL, não com certeza por influência da ATCT (que se vangloriou do seu contributo, neste sentido, o que a ser verdade seria bastante grave), mas por outro motivo qualquer que, espero, seja menos obscuro do que este, seguiu-se aquele “fait divers”, protagonizado pela ministra Assunção Cristas, relativamente ao número de animais que os cidadãos poderiam ter nos seus lares, com certeza com o intuito de “tomar o pulso” ao povo Português, o que também me surpreendeu pela negativa.
Como a reacção do povo foi imediata e em massa, a ministra deixou cair o assunto e a MAIORIA dos deputados da Assembleia da República puderam então ter uma ideia da força e do poder do povo.
E porque ainda quero acreditar que vivo num País democrático, com órgãos governativos e governantes cumpridores das suas funções, e respeitadores da Constituição Portuguesa e do juramento que fizeram ao tomar posse dos seus cargos, tento manter uma espectativa, se bem que periquilitante, no bom senso de V. Exas.
Portugal não pode continuar na senda da violência, da idiotice, da selvajaria, da incultura e da falta de lucidez, no que respeita ao sofrimento de bovinos e cavalos, transformados pela “indústria” tauromáquica em instrumentos para se torturar cruelmente, no intuito de divertir uma minoria (e todos sabemos que é uma minoria) de cidadãos sádicos, que histericamente aplaudem o sofrimento atroz de um herbívoro trespassado de bandarilhas, a sangrar copiosamente, esgotado de forças, a bradar de dor até à morte, e o sofrimento silencioso (porque lhes cortam as cordas vocais) dos cavalos.
Não é da Ética Política os Senhores Deputados da Nação serem cúmplices do ecocídio que grassa nas terreolas mais atrasadas de Portugal, apenas para “agradarem” a um lobby obscuro e empedernido, o que também é contra todas as regras civilizadas e racionais dos verdadeiros estadistas.
Por tudo isto, o filósofo australiano Peter Singer e Tom Regan têm combatido, intensamente, o especismo, que submete os animais não humanos a torturas e maltratos de toda a espécie, o que impele para um plano do mais inferior que existe os indivíduos que praticam, aplaudem e apoiam tal ignomínia.
A reacção contra a opressão e exploração dos animais começou já em 1975, com a publicação da obra "Libertação Animal" do já referido filósofo Peter Singer.
Porém, em Portugal, como sempre acontece com tudo o que diz respeito a avanços civilizacionais, os Direitos dos Animais nunca foram objecto de importantes debates, como já acontece em vários países que estão na senda da evolução.
E, como se isto não bastasse para colocar Portugal no rol dos países terceiro-mundistas, a Lei nº 92/95, de 12 de Setembro, irracionalmente, exclui os Touros e os Cavalos do Reino Animal, para que um lobby possa tirar proveito monetário da tortura legislada e apoiada por governantes que talvez não saibam que os Touros e os Cavalos têm um ADN muito semelhante ao dos seres humanos, logo, sofrem horrores quando deles fazem objectos de tortura.
Quanto aos outros animais, a lei e as autoridades policiais penalizam quem tenta socorrê-los e amenizar o sofrimento deles, mais do que sancionam aqueles que os maltratam e abandonam.
Isto é absolutamente irracional. Inacreditável. Inadmissível.
O critério determinante para libertar os animais da tirania humana é, justamente, a capacidade de sofrer e de sentir emoções semelhantes às nossas, por parte desses seres erradamente considerados irracionais. (É preciso rever este falso conceito).
Além disso, a compaixão pelo sofrimento atroz dos animais é um factor decisivo na criação de uma nova Lei de Protecção dos Animais, que cada vez está a tornar-se mais necessária e urgente.
Uma nova Lei que ponha, finalmente, termo ao indizível sofrimento dos Touros e dos Cavalos, nas arenas, e dos restantes animais nos canis municipais (autênticos campos de concentração nazis), dos que são abandonados nas ruas, dos do circo, dos que são aproveitados para lutas, enfim… de todos os que são cruelmente maltratados como se fossem cacos partidos, e não seres vivos, que têm sangue e alma como nós.
Para que os Senhores Deputados possam ter um suporte de reflexão, nada melhor do que ver para crer, porque creio que muitos do que estão sentados nas cadeiras do poder não fazem a mínima ideia do sofrimento animal, e por isso, quando aparece algum projecto-lei a este respeito, votam sem conhecimento de causa (o que é um grave erro), arrastados por aficionados colocados estrategicamente nas listas dos candidatos à Assembleia da República, que nada mais fazem ali do que puxar a brasa para a sardinha da já tão apodrecida tauromaquia.
Por isso aqui deixo a V. Exas. um excelente vídeo para que possam reflectir.
Senhores Deputados, sejam os primeiros, entre os oito tristes países que ainda mantém costumes bárbaros, a dar o exemplo de um avanço civilizacional. Pelo menos, por uma vez na vida, sejam construtivos.
Com os meus melhores cumprimentos,
Isabel A. Ferreira