«Algumas lições a tirar disto tudo»
Uma excelente reflexão proposta por Miguel Santos, um Homem que vê para além do visível.
Dois textos, o do Miguel Santos e o do New York Times, que todos os governantes deviam ler, e absorver, como de um fármaco se tratasse, porque depois desta pandemia, ou o mundo muda, ou outros coronavírus, ainda mais ferozes, assolarão a Humanidade, cega surda e muda a estes sinais da Natureza.
«Porque acredito que esta pandemia deve também servir para que a humanidade, e cada um de nós individualmente, façamos uma profunda introspecção e meditação sobre a essência do que é estar vivo, e para onde queremos ir no futuro como espécie, recomendo a leitura deste excelente artigo do New York Times, sobre o como muitas das doenças imuno-resistentes, e epidemias, e pandemias, se originam no consumo de carne de animais selvagens, e na desregração ecológica que a humanidade promove através do mundo.» (Miguel Santos)
«Isto reforça uma reflexão aprofundada, que tenho vindo a fazer, de que a exploração da natureza e seus seres está, esteve sempre, na origem de uma genealogia da Exploração cumulativa, de uma genealogia do Mal, que, após essa exploração primordial, se expande para a exploração do Homem pelo Homem, de uma etnia por outra, do feminino pelo masculino, do trabalhador pelo Capital.
Ou seja essas explorações históricas são epifenómenos da Exploração da Natureza pela Humanidade (nenhuma delas é isoladamente o centro da História...), e só podem ser verdadeiramente sanadas quando ultrapassarmos o ANTROPOCENTRISMO que se radica na exploração subtractiva da Natureza e seus seres sencientes pelo ser humano, e quando rejeitarmos ABSOLUTAMENTE a violência e as ideologias de conflito e de ódio social como mediação societária e como relação com a natureza não humana, seus instrumentos históricos.
O Antropocentrismo é o Egocentrismo colectivo da espécie humana que a põe numa pretensa posição de dominadora sobre a ecologia não humana, e é também raiz dos egocentrismos individuais que sempre se afirmam face à oposição a um 'Outro'...
O planeta Terra grita em nosso redor, a multitude de seres sencientes não humanos que partilham connosco a aventura da Vida e da Consciência exalam sofrimento e exaustão face à destruição ecológica que a humanidade espalha através dos continentes e dos oceanos.
A origem desta crise profunda, que em silêncio se propaga à milénios é eminentemente espiritual, a sua solução será espiritual, só DEPOIS política, económica e tecnológica.
E os meios para a resolver serão somente os MEIOS CONGRUENTES COM OS FINS da maturação de uma civilização espiritual, ecológica, pacífica, justa e equitativa: ecopacifismo, reespiritualização social, ética biocêntrica, democracia pluralista participativa, descentralização económica (biorregionalização, comunidades intencionais), unificação política global mundial, etc..
Que a humanidade, e cada um de nós, escute os gritos silenciosos da Terra e dos seres não-humanos.
O século XXI será espiritual e ecológico, ou não será...»
Miguel Santos
A “humanidade” no seu pior
Crédito da foto: Visão
Avançamos hoje com uma denúncia de crime público ao Ministério Público devido à forte suspeita de graves maus tratos aos animais envolvidos nas corridas de Galgos. Conforme avançou também o resultado de uma investigação jornalística, o universo dos aficionados desta actividade de “entretenimento humano”, representa um negócio altamente lucrativo que vive à custa da exploração da alta performance destes animais, pela exigência dos violentos treinos a que são sujeitos, com choques eléctricos, administração de drogas estimulantes altamente prejudiciais para a sua saúde e um desgaste brutal. Para além disso, existe também a suspeita de que a esta actividade esteja associado o crime de apostas ilegais, havendo um igual desconhecimento sobre se estas corridas estão a ser licenciadas.
Na tentativa de obter mais informação, questionamos hoje o Ministro da Agricultura e do Mar, sobre o seu conhecimento da actividade de corridas de galgos, se já existiu alguma acção de fiscalização a estas corridas, se sim quando, quantas e qual o resultado das acções, se tem conhecimento dos métodos de treino utilizados nesta actividade e se tem conhecimento da administração de drogas estimulantes como cocaína, cafeína, eritropoetina, anfetaminas, entre outros, bem como anti-inflamatórios não esteróides ou corticosteróides.
Estas substâncias têm impactos negativos ao nível da saúde dos animais com fortes sintomas de abstinência devido à habituação e podem estar associados ao desenvolvimento de cancro, de graves problemas cardíacos, doenças renais, hepáticas, dermatológicas, odontológicas e outras patologias emocionais e comportamentais.
“Num momento em que se inflamam as inquietações sobre posturas radicais, este lucrativo e impune negócio, faz com que o conceito de respeito por todas as formas de vida não signifique absolutamente nada. Existem automóveis tratados com mais cuidado do que estes animais.
O PAN defende o fim do antropocentrismo, ou seja, a ideia de que o Ser Humano está no centro de tudo e de que pode utilizar todas as formas de vida indiscriminada ou inconscientemente. O que não significa que coloque os animais à frente dos humanos, conforme se tem comentado.
A defesa dos direitos humanos tem já uma longa e admirável narrativa, sendo a defesa daqueles que connosco partilham o espaço uma extensão natural deste movimento. As pessoas têm direitos, garantidos e reconhecidos constitucionalmente e instâncias criadas para os assegurar. A defesa dos direitos dos animais, no respeito pelos princípios mais básicos, apenas agora está a começar, eles ainda estão no fim da linha”, avança André Silva.
Os defensores deste negócio afirmam publicamente que se trata de uma actividade social e cultural que enche os restaurantes das regiões e afirmam que quem “usa” os animais é quem mais “gosta deles”. Uma declaração comum a todos os profissionais das indústrias que utilizam animais para entretenimento.
As autarquias continuam a inaugurar pistas municipais para corridas de galgos e a investir na manutenção e recuperação de praças de touros. Estes eventos violentos, para humanos e não humanos, reflectem o paradigma do lucro e a indiferença de um nicho da sociedade que ainda considera aceitável a utilização e maus tratos de animais para divertimento humano, chamando-lhe cultura. Não fazem parte do paradigma social para o qual o PAN gostaria de contribuir, baseado na promoção de uma cultura da empatia e também não acompanham o desejo da maioria dos cidadãos nem da Constituição Portuguesa.
PAN aguarda respostas do Ministro da Agricultura e do Mar:
- Denúncias e fortes indícios de graves maus tratos aos animais envolvidos nas corridas de Galgos
- Actividade de “entretenimento humano” representa um negócio altamente lucrativo que vive à custa da exploração da alta performance destes animais
- Autarquias continuam a inaugurar pistas municipais para corridas de galgos e a investir na manutenção e recuperação de praças de touros
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(AVISO: uma vez que a aplicação do AO90 é ilegal, não estando efectivamente em vigor em Portugal, este texto foi reproduzido para Língua Portuguesa, via corrector automático).
Um excelente texto, ainda actual, muito bem concebido e politicamente correcto
Aficionados, aprendam alguma coisinha… Vá!
Por JOÃO PEDRO SANTOS
As touradas nunca deveriam ter sido criadas, nunca deveriam ter sido mantidas, mas definitivamente devem ter um final ruinoso em Portugal.
No dia 08 de Maio, vai ser recebido pelo Primeiro-Ministro o autor do movimento em defesa da abolição das touradas que venceu o concurso promovido pelo website do Governo, no âmbito da iniciativa 'O Meu Movimento' que pressupunha a criação de um movimento cívico por uma Causa, no portal do Governo, com a respetiva angariação de apoiantes através das redes sociais.
Trata-se de mais um marco inequívoco da luta contra o mal-estar público que ainda se vive na sociedade portuguesa que coexiste com um espetáculo de gozo lúdico, em prejuízo de touros e cavalos, obrigados a participar numa cultura sanguinária e vil, que teima ainda em marcar lugar entre nós.
Quando se fala em mitos urbanos, associamos a histórias macabras de terror doentio que nos abalam a certeza e nos aceleram a pulsação. Assim será um dia com as touradas, quando ouvirmos falar destes crimes de sangue e sofrimento, pois não se compreende outro modo de aceitar e conviver com uma prática tão bárbara e desestruturante da sanidade mental humana.
Quando leio que localidades como Pombal e Alter do Chão, entre outras, estabelecem as touradas como Património Cultural Imaterial nestes Concelhos, algo vai mal no humanismo destes autarcas.
Quando descubro que a pega de touros, aspira a tornar-se Património Cultural Imaterial da Humanidade, sob o aval da UNESCO, algo turvou a mente dos nossos autarcas que deveriam estimular a promoção de valores elevados e tradições positivas que dignifiquem Portugal e os Portugueses e não a vanglória a práticas violentas de antropocentrismo cínico e frustrado.
Compreendo que estas medidas são mais uma tentativa de blindar a legitimidade das touradas por decretos-lei e património cultural, mas denuncia acima de tudo o receio doentio de olhar a realidade de nojo e vergonha no qual as touradas cobrem todos os portugueses.
As touradas nunca deveriam ter sido criadas, nunca deveriam ter sido mantidas, mas definitivamente devem ter um final ruinoso em Portugal.
Acredito que é inevitável reconhecer a fraqueza que as touradas representam para qualquer povo que vai ter de reconhecer um dia, que errou profundamente durante centenas de anos em manter uma tradição que nos rebaixa e vexa sobremaneira. Também sei que o acesso crescente a mais informação e a mais estudos científicos permitirão a mais portugueses a tomada de consciência do óbvio: os touros e cavalos são animais sencientes, que sentem dor, sofrimento, stress e, ao qual devemos, no mínimo, a dignidade de lhes permitir terem a sua vida da forma mais natural possível, sem a perversidade humana das touradas.
Os mitos urbanos relatam-se em sites de internet, filmes ou em conversas de amigos, na tentativa de fazer passar um medo coletivo que nos une, de alguma forma bizarra, mas nunca deixa de ser ficcional. Ao contrário, as touradas são reais e encarnam o receio que teimamos em manter na memória para nos lembrarmos que somos o topo da cadeira alimentar, intelectual e moral.
Apesar de todos os nossos avanços tecnológicos, sociais, económicos e éticos, ainda existem pessoas que resistem a soltar-se de um passado coletivo de sangue e morte, que teve o seu começo em episódios de guerras, escravatura e massacres, que deixaram de fazer sentido atualmente, mas que persistiram no tempo, num formato mais velado, como as touradas, onde toda a violência e frustração são supostamente libertadas contra os touros.
A mudança social está a acontecer, quer queiramos ou não. Não podemos caminhar para o futuro, com a cabeça virada para trás, olhando saudosamente o passado e este espetáculo atroz. Assim morrerão as touradas.
Fonte: http://www.esquerda.net/opiniao/quando-touradas-forem-um-mito-urbano/23043#comment-6292