Domingo, 21 de Setembro de 2014

Percurso do Touro usado para toureio (II)

 

Diz quem sabe e viu: o Médico-Veterinário Dr. Vasco Reis, o único que, em Portugal, dá a cara e luta pela Abolição das Touradas.

O que se segue é a descrição nua e crua da selvajaria tauromáquica que o governo português legitima numa lei parva e inconstitucional.

 

Retirada das bandarilhas.jpeg

Brutalmente, tal como foram cravados, os ferros são agora retirados sem anestesia, arrancados ou por corte do couro

 

 

(O que talvez os governantes não saibam e é urgente saberem, para que possam legislar conforme a racionalidade)

 

Texto do Dr. Vasco Reis (Médico-Veterinário dos sérios, e que honra a profissão)

 

«O touro vive uns 4 anos na campina na boa companhia de outros da mesma espécie em espaço largo e com razoáveis condições.

 

Passará por momentos difíceis. Desenvolve-se.

 

Um dia é escolhido para a lide numa tourada.

 

Apartam-no violentamente, com ou sem medicação, com ou sem uso do bastão eléctrico, para uma manga e enfiam-no numa caixa apertada onde mal se pode mexer.

 

O stress da claustrofobia é tremendo, ao passar da liberdade e tranquilidade da campina para o caixote onde fica confinado, brutalmente afastado da companhia importante dos outros bovinos a que o ligam laços emotivos fortes.

 

A seguir acresce a ansiedade/pânico provocados pelo transporte.

 

Depois a espera, provavelmente, com pouco ou nenhum alimento e bebida.

 

Talvez sendo injectado, a ponta dos cornos será cortada até ao extremo vivo e muito enervado, ficando extrema e dolorosamente sensível ao contacto.

 

Para não sangrar cauterizam a sangue frio. Há touros que não resistem a esta operação. Sofre outras acções destinadas a fatigá-lo, debilitá-lo, retirar-lhe capacidade para a lide.

 

Mais tarde, a condução ao curro da praça de touros. Empurrado depois para a arena = beco cruel sem saída, suportando logo o enorme alarido, que ainda o assusta mais.

 

Depois a provocação, o engano, o cravar dos ferros, que o ferem e magoam terrivelmente, através da pele, de aponevroses, de mais ou menos músculos, atingindo tendões e, por vezes até pleura e pulmão (meu testemunho) e o fazem sangrar e sofrer.

 

Tudo isto o enfurece, magoa, deprime e esgota. Depois é retirado com as “chocas”. Brutalmente, tal como foram cravados, os ferros são agora retirados sem anestesia, arrancados ou por corte do couro.

 

Depois o sofrimento cresce pela dor provocada pelos ferimentos, infectando e provocando-lhe febre, ficando animicamente derrotado, até que o abate o liberte de tamanho sofrer.

 

Desgraçada vítima dos chamados humanos, “corrida” e torturada unicamente para diversão de aficionados, alimentar de vaidades, de negócios de tauromáquicos e no prosseguimento de uma cruel tradição.

 

É, portanto, uma aberração, comprovativa da maior hipocrisia, quando tauromáquicos e ganadeiros afirmam serem as pessoas que mais gostam dos touros.

 

Deixam-nos viver eventualmente bem durante cerca de 4 anos, para que então sejam torturados na tourada e abatidos em sofrimento uns dias a seguir, em vez de viverem no seu meio natural os 20 anos em média da sua expectativa de vida.

 

Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita "espectáculo" e publicitada.

 

Percurso do Cavalo usado para toureio

 

O cavalo é um animal de fuga, que procura a segurança e que a atinge pondo-se à distância daquilo que desconfia ou que considera ser perigoso.

 

Defende-se do agressor próximo com o coice e por vezes com a sapatada do membro anterior, se for mais afoito ou considerar o perigo menor.

 

No treino e na lide montada, ele é dominado pelo cavaleiro com os ferros na boca, mais ou menos serrilhados, puxados pelas rédeas e actuando sobre as gengivas (freio ou bridão – este com acção de alavanca, ambos apertados contra as gengivas e língua por uma corrente de metal à volta do maxilar inferior– barbela), elementos castigadores.

 

Em alternativa pode ser usado o “hackamore”/serrilha exterior à boca actuando contra o chanfro e também submetido à acção de alavanca.

 

O cavalo é incitado pela voz e por outras acções, chamadas de “ajudas”, como sejam de esporas que são cravadas provocando muita dor e até feridas sangrentas.

 

Calcule-se o sofrimento físico e psicológico do cavalo, que por vezes provoca a morte em plena tourada por síncope cardíaca.

 

Ele é impelindo para a frente para fugir à acção das esporas, devido à dor que elas lhe provocam e a voltar-se ou travar pela dor na boca e pelo inclinar do corpo do cavaleiro.

 

Resumindo: o cavalo é obrigado a enfrentar o touro pelo respeito/receio que tem do cavaleiro, que o domina e o castiga, até cravando-lhe esporas no ventre e provocando-lhe dor e desequilíbrio na boca. Isso transtorna-o de tal maneira, que o desconcentra do perigo que o touro para ele representa de ferimento e de morte e quase o faz abstrair disso.

 

É, portanto, uma aberração, comprovativa da maior hipocrisia, quando cavaleiros tauromáquicos afirmam gostarem muito dos seus cavalos e lhes quererem proporcionar o bem-estar.

 

Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita espectáculo e publicitada.»

 

Vasco Reis (Médico-Veterinário)

 

***

Agora que os governantes já sabem, só têm uma opção: abolir esta verdadeira selvajaria exercida sobre dois magníficos animais sensientes, e que envergonha até as pedras da calçada portuguesa.

Como é possível que "gente" que se diz "civilizada" e exige respeito,  pode praticar, apoiar e aplaudir tamanha barbárie?

Não, não merecem o mínimo respeito, a mínima consideração, e o perdão, poderá até acontecer, mas é preciso que se arrependam de actos tão vis e pugnem pela abolição de tais práticas desumanas, boçais e imensamente cruéis.

Isabel A. Ferreira

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:43

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Quarta-feira, 13 de Novembro de 2013

Touradas à portuguesa - O outro olhar!

 
Eles começam a ser torturados antes de entrarem na arena
 
 
 
 
 

 

Na verdade, a tourada “à portuguesa” constitui um dos espectáculos legalmente permitidos, mais cruéis em todo o mundo civilizado, tendo em conta os processos a que são sujeitos os touros antes e depois da corrida.

 

Poucas horas antes do espectáculo os touros, depois de separados do resto da manada, são imobilizados e com uma serra são-lhe cortados os cornos que depois são revestidos com as chamadas “embolas” de ferro forradas a couro, processo doloroso e stressante para o animal.

 

Depois de terminada a corrida não recebem qualquer tipo de assistência veterinária. Em vez disso, ainda vivos, são novamente imobilizados para que lhes sejam arrancadas as múltiplas bandarilhas e ferros que têm espetados no dorso.

 

Para retirar as lâminas é necessário efectuar alguns cortes com uma navalha (sem qualquer tipo de anestesia). Os touros são depois transportados para o matadouro, gravemente feridos, onde aguardam o abate, geralmente à segunda-feira…

 

Os animais são acondicionados em condições degradantes, dentro de um pequeno contentor do veículo de transporte onde não se conseguem movimentar, nem sequer deitar.

 

São obrigados a permanecer nestas condições até ao momento do abate, sem água, nem alimento. Alguns morrem antes de entrar no matadouro, numa agonia lenta.

 

Fonte:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=210778862438224&set=a.105563109626467.7657.100005183347345&type=1&theater

***

Exigimos a abolição das touradas já!

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:36

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