Segunda-feira, 20 de Dezembro de 2021

«Sermão de Paz para os Animais» - Uma bela reflexão para este Natal, por Hans Bouma

 

Se há Ser Humano que eu respeite com todas as fibras do meu sentir é Hans Bouma, um Ser raro, de rara sensibilidade. Um Ser dotado da Consciência Cósmica, que falta ao comum dos mortais, não porque não possam adquiri-la, mas porque não querem, uma vez que não estão dispostos a evoluir.  

 

Mensagem de Natal e Ano Novo.png

 

Porque todos nós somos animais. Porque o Natal não é a quadra do consumismo desenfreado com que nos querem iludir. O Natal é um tempo para reflectir quem somos, o que somos, de onde viemos, para onde queremos ir, e principalmente para onde vamos…

 

Reedito este texto sublime dedicando-o àqueles que se dizem católicos, e vão a todas as missas, confessam-se, comungam, rodeiam os templos, andam sempre com a palavra “Deus” na ponta da língua, mas nada sabem de Cristianismo, de Misericórdia, de Piedade, de Compaixão, de Humanidade, e agem como os carrascos que cruxificaram Jesus Cristo, Aquele que deu origem ao Natal, que hoje quase todos que o celebram, celebram-no sem saber o que fazem.

 

Dedico-o aos que dizem ser representantes de Deus na Terra, mas não têm o “toque divino” para poderem fazer um Sermão de Paz como este, proferido em 22 de Dezembro de 2014, em Amsterdão, por Hans Bouma.

 

Leiam-no, com os olhos do coração.

 

Isabel A. Ferreira

 

Hans Bouma.jpg

 Hans Bouma (pastor e poeta, Amsterdão, Maarten Lutherkerk)

 

 «Mais um Motivo - Sermão de Paz para os Animais»

 

Por Hans Bouma

 

«No que respeita à relação entre animal humano e animal não-humano - especialmente os animais moralmente excluídos, humilhados e escravizados - a inevitável pergunta que se coloca é: que tipo de homem queres tu ser, e até onde vai a tua humanidade?

 

No decurso da história, seguramente temos progredido no nosso caminho humano, de respeito e compaixão para com os outros seres. Nós expandimos o sentido das nossas responsabilidades e percebemos que, como seres humanos, formamos uma comunidade global. Os maiores exemplos da evolução da nossa consciência ética são a Amnistia Internacional e Médicos Sem Fronteiras.

 

Embora estes organismos sejam, certamente, dignos de reconhecimento, não são ainda o nosso objectivo final. Até agora a preocupação deles tem sido as pessoas, os seus semelhantes, os representantes da mesma espécie. Mas os animais estão também aqui. É claro que eles não pertencem à nossa espécie, mas isso não é motivo para excluí-los da nossa moralidade. Eles também participam do mistério chamado VIDA. 

 

Que tipo de homem queres tu ser? Segues o caminho escolhido do respeito e da compaixão? O caminho para o moralmente correcto, mas ainda ignorando os animais não-humanos? Interpretarás a humanidade tão generosamente para nela incluíres os animais não-humanos?

 

O próximo passo é mais difícil: a etapa do companheiro humano ao companheiro creaturety (uma palavra que inventei) criaturidade; mas o que podemos fazer se a língua ou a cultura nos falha, neste ponto? Se nós não dermos este passo, se não dermos ao animal não-humano nenhum lugar na nossa agenda moral, então seguramente estaremos a ser incoerentes. Então teremos de falar de uma humanidade degradada e, consequentemente, desonesta e incredível. Nós chamamos a isso, discriminação.

 

O próximo passo.

 

Se tu és humano, por favor, sê benévolo, sê homem ou mulher plenamente. Se valores como a justiça, a compaixão, a solidariedade, o respeito e amor tiverem apenas significado para a espécie humana, então pouco ou nada compreendemos do mundo. Estes valores são de natureza universal e devem, portanto, ser aplicados universalmente e não restritamente à nossa própria espécie.

 

Que tipo de homem queres tu ser? Podes dizer que apenas um arrogante sentimento de superioridade pode levar-te a manter os animais fora da ética. Mas é diferente. As pessoas que se recusam a dar o próximo passo têm uma baixa auto-estima e estão sujeitas a sentimentos pungentes de inferioridade.

 

Que tipo de homem poderias tu ser? Poderias ser tão maravilhoso, porque tens tudo para tratares todos os seres viventes com respeito e compaixão. Se ficares preso ao desenvolvimento da tua humanidade, mantendo os animais não-humanos fora do teu horizonte moral, então vendes-te barato, vivendo claramente abaixo do teu nível. É isso que queres?

 

É irracional dizerem às pessoas, que defendem os animais que, ao defendê-los, estão a trair os da própria espécie. Mas se eu excluísse os animais não-humanos da minha humanidade, aí sim, estaria a trair-me a mim próprio e a abandonar-me. Então estaria a agredir a minha própria humanidade.

 

O próximo passo.

 

É uma questão de pertença, uma crescente consciência de afinidade. Os animais não-humanos começam a fazer parte da tua família, parte da tua vida. Estas são expressões preciosas do mesmo mistério que te envolve na tua própria maneira de ser. E tu não comes a tua família, nem fazes experiências com ela. E Família é o que tu respeitas, o que tu valorizas e o que tu amas.

 

União e afinidade. Além de acontecer entre as pessoas, as situações de reconhecimento mútuo podem desenvolver-se entre um ser humano e um ser não-humano. Aquilo que o filósofo judeu Martin Buber chama: «Eu e Tu». É possível um diálogo íntimo entre um ser humano e um ser não-humano. «Os olhos de um animal», escreveu Buber, "têm uma imensa força comunicativa». Uma vez que sejas capaz de ser sensível à linguagem dos olhos dos animais não-humanos, o teu mundo torna-se cada vez mais rico. O quanto poderás ver, ouvir e partilhar!

 

É comovente, ou de cortar o coração, quando olhas nos olhos dos animais encerrados num laboratório, ou nos olhos de um animal num matadouro.

 

Eu tive oportunidade de olhar nesses olhos, de entender a linguagem deles, e fiquei destroçado. Aquela «imensa força comunicativa» foi a de uma queixa, de uma acusação. Por que estás a fazer isto connosco? O que deu em ti? Que tipo de pessoa és tu?

 

Está longe de mim minimizar o sofrimento das pessoas, mas também penso no sofrimento dos animais não-humanos. O sofrimento deles tem uma profundidade, uma dimensão desconhecida para nós. Quando sofremos, podemos tirar proveito de todos os tipos de escapes culturais, sociais e religiosos. Nós temos a bênção da fuga espiritual. Nós podemos dar ao nosso sofrimento um sentido, situá-lo numa qualquer perspectiva, sublimá-lo ou transcendê-lo.

 

Temos inúmeras maneiras de aliviar o nosso sofrimento. Só o facto de podermos verbalizá-lo é já um privilégio.

 

Mas os animais não-humanos não têm palavras para o sofrimento. Eles não conseguem verbalizar o seu sofrimento. Nunca poderemos explicar aos animais que são maltratados pela indústria ou laboratórios o motivo por que eles estão a sofrer.

 

Eles nunca entenderão os nossos argumentos e desculpas. Eles enfrentam o mistério de um tempo de vida ou de morte sem o mínimo sentido. Numa interminável tristeza, sem esperança que se funda com o sofrimento que os deprime. Eles vivem num grotesco inferno.

 

Tu não tens de ser um crente para defender vigorosamente o direito dos animais não-humanos de serem criaturas com um valor absoluto. A partir do simples ponto de vista da tua humanidade tens todos os motivos para agir. Se és religioso, se és cristão, judeu, muçulmano, hindu ou budista, então tens uma razão acrescida para incluir os animais não-humanos na tua consciência ética.

 

Sejam quais forem as suas diferenças, todas as religiões assumem que a Terra teve uma origem divina. Concebida por um criador, um Deus muito criativo. Um Deus que é tão poderoso e generoso que se deu a conhecer na realidade física deste planeta. O facto de que a Terra é uma criação divina dá-lhe uma característica particular. Tudo e todos têm o seu próprio propósito e o seu próprio segredo. Quer se trate de uma árvore, um animal não-humano ou um homem, tudo o que vive possui o seu próprio direito exclusivo de existir.

 

Todas as religiões estão centradas na criação de relações e fazer a ponte entre as distâncias em três direcções: horizontal, a respeito de outros seres humanos; vertical, em relação a Deus ou ao divino; e para baixo, em relação à Terra. A palavra religião deriva do latim “religare”: tem o significado de religação, uma nova ligação entre o homem e Deus. Todas as religiões são religiões de salvação.

 

Salvação significa o todo.

 

As pessoas precisam de ser reintegradas na sua relação com o mundo. O homem isolado é apenas um fragmento. Para ser completo, ele deve agregar três vertentes: os outros homens, a Terra, e Deus ou o divino.

 

Como lidas com as criações, com toda a vida que te foi confiada pelo Criador? Essa é a questão vital, inevitavelmente proporcionada por todas as religiões. A tua relação com a vida e a criação de Deus só é salutar se o teu relacionamento com os teus semelhantes e a Terra for ideal. Na tua benevolência para com a vida no seu todo, está o âmago da tua própria vida.

 

O filósofo e teólogo, músico e médico Albert Schweitzer compreendeu isto perfeitamente. A sua crença é a seguinte: «Eu sou vida que quer viver, rodeada de vida que quer viver». Ele define a religião como «o respeito pela vida posto em prática».

 

Para Schweitzer religião não é teoria, mas prática. Por exemplo, tu és crente com garfo e faca: comendo carne estás a comer o sofrimento. Que gosto tem isto? Durante décadas Albert trabalhou como médico na selva africana, em Lambaréné; foi um homem extremamente benevolente para com o povo, não apenas para com as pessoas, mas também para com os animais não-humanos. A religião coloca-te na realidade terrena.

 

Um conceito-chave na tradição judaica e cristã é: êxodo, viagem. Em muitas circunstâncias, tanto os seres humanos, como os seres não-humanos podem ser levados a situações de cativeiro. Eles não têm a liberdade de viver a vida como deve ser vivida, ou em relação aos não-humanos, como é da natureza deles.

 

Pensa nos animais utilizados na indústria da carne ou em laboratórios. O êxodo em massa é um projecto de libertação, um objectivo de reabilitação moral, assente directamente nas intenções do criador. É um plano que tem um carácter intrínseco. Nada nem ninguém é excluído. Assim como as pessoas devem ser libertadas de situações desumanas, os animais não-humanos devem ser libertados de situações degradantes.

 

Então ponha-se um fim à exploração animal na indústria, nos laboratórios e em todas as situações degradantes em que o homem os coloca. Estou a lembrar-me da morte horrível de 2/3 triliões de animais mortos anualmente pelas indústrias da pesca. Isso é terrível e repugnante.

 

Não só o Judaísmo e o Cristianismo, mas também outras religiões seguem a chamada «regra de ouro»: «Não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti». O outro pode ser um ser humano, mas também um ser não-humano que, tal como tu, é um ser vivo com emoções e desejos, um ser que pode sofrer e chorar, que pode brincar e festejar. Todos carecem de bem-estar e felicidade, de desenvolvimento e harmonia que podes conceder a ti mesmo, ou a um teu semelhante, mas também a um animal não-humano. Ou vice-versa: tu proteges os outros, pessoas e animais não-humanos, contra tudo de que também queres ser protegido: a violência, a injustiça, a prisão, a humilhação ou a exploração.

 

Para os crentes, o compromisso com os animais não-humanos, respeito e compaixão por tudo o que vive deve ser uma questão da maior urgência; isto deve ser nada menos do que um acto de fé. Para tudo o que te rodeia, encontras as mesmas razões para partilhar com os animais não-humanos a tua humanidade.

 

Se a religião não te inspira a compaixão, a respeitar a vida, então ela perde toda a sua relevância. O que resta do Deus criativo quando Ele só pode ser o Deus das pessoas? Pobre Deus, esse!

 

Agora estamos a comemorar o Natal, a festa da paz. Mas só teremos algo para celebrar, se pudermos olhar, olhos nos olhos, além dos seres humanos, também os animais não-humanos. Aqueles olhos, como diz Martin Buber, com um imenso poder comunicativo.

 

Mas neste momento, quantos animais – e apenas para esta festa - fecham os olhos depois de uma vida que não foi mais do que um processo de morte lenta? Para eles, não houve saída, nem paz.

 

Agora, milhões e milhões de animais estão à nossa espera.

 

À espera de pessoas que também serão verdadeiramente humanas.

Religiosos ou não, nós sabemos o que temos de fazer.

A libertação dos animais não-humanos.

Temos razões suficientes para o fazer.»

 

Hans Bouma

 

Fonte:  http://www.stopfunkilling.org/SERMON-FOR-ANIMALS-HANS-BOUMA.html

 

(Traduzido da versão inglesa por Isabel A. Ferreira)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:01

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Sábado, 9 de Novembro de 2019

Escolas de toureio: é o mesmo que atirar as crianças para um contentor de lixo

 

Miséria moral, social e cultural que o Estado Português trata com uma gigantesca leviandade e hipocrisia.

 

Mandar miúdos para escolas de toureio, é como atirá-los a contentores de lixo, neste caso, não para morrer (o que poderá acontecer um dia), mas para se transformarem em monstrinhos.

 

"A criança que se inclina sobre o animal, fazendo-o sofrer, saberá um dia estender a mão ao seu irmão?" (Albert Schweitzer (1875-1965), médico, teólogo cristão, filósofo e humanista).

 

LIXO.jpg

 

(Foto da Internet)

 

Fonte:

https://www.facebook.com/VFXAnti.tauromaquia/photos/a.1050063075024035/2821441031219555/?type=3&theater&ifg=1

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:28

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Sexta-feira, 18 de Março de 2016

«MALTRATAR ANIMAIS É DEMONSTRAR COBARDIA E IGNORÂNCIA» (LEON TOLSTÓI)

 

(Escritor russo, autor do bestseller “Guerra e Paz”)

 

Uma reflexão magnífica de sábios, sobre a condição animal, matéria tão descurada por aqueles que se consideram seres “racionais”.

 

Vale a pena ler, e depois de ler, nunca mais poderão dizer que não sabiam…

 

DIREITOS DOS ANIMAIS.jpg

 

A defesa dos direitos dos animais ou da libertação animal, também chamada simplesmente abolicionismo constitui um movimento que luta contra qualquer uso de animais não-humanos que os transforme em propriedades de seres humanos, ou seja, meios para fins humanos.

 

Eis uma visão humanista e sábia sobre os animais não humanos.

 

***

«Pensei mais de uma vez que, quando se trata de animais, todo o homem é um nazista.» - Isaac Bashevis Singer in «O Penitente»

 

«O que todos esses pretensos sábios, filósofos e líderes mundiais sabem a seu respeito? Eles convenceram-se de que o homem, o pior transgressor dentre todas as espécies, é o ápice da criação. Todos os outros seres foram criados somente com o propósito de servirem a humanidade, podendo, com isso, serem atormentados e exterminados. Em relação a eles, todas as pessoas são nazistas; para os animais o mundo é uma eterna Treblinka.» - Isaac Bashevis Singer in The Letter Writer)

 

«Concedei aos animais um vislumbre de razão, imaginai que pesadelo apavorante é, para eles, o mundo: um sonho de homens de sangue-frio, cegos e surdos, que lhes cortam a garganta, abrem-lhes o peito, esventram-nos, cortam-nos em pedaços, cozinham-nos vivos, às vezes rindo-se deles e de suas contorções enquanto padecem em agonia. Há coisa mais atroz entre os canibais?» - Romain Roland

 

«Quanto mais completamente a criação inferior se encontra submetida à nossa força mais responsáveis deveremos ficar pelo seu mau governo; por maioria de razão se deve considerar esta responsabilidade, visto que a própria natureza dos animais inferiores os torna incapazes de receberem em outro mundo qualquer recompensa dos maus tratos que sofrerem neste.» - Alexander Pope, in The Guardian

 

«Que ingenuidade, que pobreza de espírito, dizer que os animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam! Será porque falo que julgas que tenho sentimento, memória, ideias? Pois bem, calo-me. Vês-me entrar em casa aflito, procurar um papel com inquietude, abrir a escrivaninha, onde me lembra tê-lo guardado, encontrá-lo, lê-lo com alegria. Percebes que experimentei os sentimentos de aflição e prazer, que tenho memória e conhecimento.» - Voltaire, in Dicionário filosófico.

 

«Responde-me maquinista, teria a natureza ajustado nesse animal todos os órgãos do sentimento sem objectivo algum? Terá nervos para ser insensível? Não inquines à natureza tão impertinente contradição.» - Voltaire, in Dicionário filosófico.

 

«Chegará o dia em que todos os homens conhecerão o íntimo de um animal. E neste dia, todo o crime contra o animal será um crime contra a humanidade.» - Leonardo da Vinci, citado em "Pantanal‎.

 

«Mentem todos os que afirmem que os animais nasceram para servir de sustento ao homem ou para servirem de nossos escravos… Se assim fosse teríamos de aceitar como perfeitamente lógica a asserção, condenada actualmente, de que a exploração do homem pelo homem é uma coisa imprescindível e que existe todo o direito do homem sacrificar os seus semelhantes, visto que, como os animais, nós possuímos inteligência, vida, percepção, e somos também sensíveis ao sofrimento.» - J. Fontana da Silveira em Almanaque Vegetariano.

 

«Os animais foram criados pela mesma mão caridosa de Deus que nos criou... É nosso dever protegê-los e promover o seu bem-estar.» - Madre Teresa de Calcutá.

 

«Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais.» Abraham Lincoln.

 

«Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seus semelhantes.» - Albert Schweitzer (Recebeu o Prémio Nobel da Paz de 1952).

 

«A protecção dos animais faz parte da moral e da cultura dos povos civilizados.» - Victor Hugo,

 

«As pessoas se sentem ofendidas com campanhas pelos direitos dos animais. Isso é um absurdo. Não é tão ruim quanto a indústria de assassinato em massa de animais.» - Richard Gere .

 

«Como zeladores do Planeta, é nossa responsabilidade lidar com todas as espécies com carinho, amor e compaixão. As crueldades que os animais sofrem pelas mãos dos homens estão além da nossa compreensão. Por favor, ajudem a parar com esta loucura.» - Richard Gere.

 

«Eu dei minha beleza e minha juventude aos homens. Agora dou minha sabedoria e minha experiência aos animais.» - Brigitte Bardot - Actriz francesa, sobre a instituição de protecção aos animais que fundou na década de 80.

 

«Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de lutar por crianças ou idosos. Não há bons ou maus combates, existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem defender-se.» - Brigitte Bardot.

 

«Quando o assassinato de um animal, especialmente com requintes de perversidade, for na verdade punido como crime hediondo, aí o homem terá justificada a sua condição de racional.» - Geuza Leitão.

 

«É uma barbárie, horrível, medieval. Não posso imaginar-me por um momento sequer, a cantar lá.» - Paul McCartney, revoltado com cenas de matança de cães e gatos num mercado chinês.

 

«Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer». - Jeremy Bentham.

 

«Enquanto matarmos e torturarmos animais, vamos continuar a torturar e a matar seres humanos - vamos ter guerra. Matar precisa ser ensaiado e aprendido em pequena escala; enquanto prendermos animais em gaiolas, teremos prisões, porque prender precisa ser aprendido em pequena escala; enquanto escravizarmos os animais, teremos escravos humanos, porque escravizar precisa ser aprendido em pequena escala.» - Edgar Kupfer- Korberwitz.

 

«O animal selvagem e cruel não é aquele que está atrás das grades. É o que está na frente delas.» - Axel Munthe.

 

«Não podemos ver a beleza essencial de um animal enjaulado, apenas a sombra de sua beleza perdida.» - Julia Allen Field.

 

«O circo ensina as crianças a rir da dignidade perdida dos animais. Nesse caso, a 'humanização' dos bichos reflecte claramente a falta de humanidade das pessoas projectada em um macaco de vestido, camuflada sob os risos.» - Olegario Schmitt (escritor brasileiro) em No Pé da Letra (1999).

 

«Matar um animal para fazer um casaco é um pecado. Nós não temos esse direito. Uma mulher realmente tem classe quando rejeita que um animal seja morto para ser colocado sobre os seus ombros. Só assim ela será verdadeiramente bela.» - Doris Day.

 

«A pessoa que eu amo nunca usaria pele de animais. Pele faz-me pensar em mulheres rasas, que não têm consciência. A indústria de peles pertence a uma época em que as pessoas eram inacreditavelmente egoístas. Se você fosse uma espécie de chefe de organização tribal e não existisse uma loja de departamentos, 350 anos atrás, eu entenderia. Mas hoje em dia temos fibras sintéticas e usar peles não é mais uma necessidade. O elitismo das peles deixa-me com vontade de vomitar.» - Gavin Rossdale, em entrevista à revista Grrr!

 

«A protecção dos animais faz parte da moral e da cultura dos povos.» - Victor Hugo

 

«Todos os seres vivos buscam a felicidade; direccione a sua compaixão para todos.» - Mahavamsa (Budista)

 

«Os animais existem por suas próprias razões. Eles não foram feitos para humanos, assim como negros não foram feitos para brancos ou mulheres para os homens.» - Alice Walker

 

«... vários vivisseccionistas ainda alegam que o que eles fazem ajuda a salvar vidas humanas. Eles estão a mentir. A verdade é que as experiências em animais matam pessoas, e os que investigam em animais são responsáveis pelas mortes de milhares de homens, mulheres e crianças a cada ano.» - Dr. Vernon Coleman (Membro da Sociedade Real de Medicina, Inglaterra)

 

«Crueldade é algo que está presente em famílias humanas por incontáveis eras. É quase impossível alguém que é cruel com os animais ser generoso com as crianças. Se se permite às crianças a crueldade contra os seus animais de estimação ou outros que cruzem os seus caminhos, elas aprenderão facilmente a ter o mesmo prazer com a miséria dos seus semelhantes. Essas tendências podem facilmente levá-las ao crime». - Fred A. McGrand (1895)

 

«Se eu tivesse outra vida, dedicá-la-ia inteiramente à luta contra a vivissecção.» - Bismark

 

«Até que tenhamos coragem de reconhecer a crueldade pelo que ela é - seja a vítima um animal humano ou não humano - não podemos esperar que as coisas melhorem neste mundo...não podemos ter paz vivendo entre homens cujos corações se deleitam em matar criaturas vivas. Para cada acto que glorifica o prazer de matar, estamos atrasando o progresso da humanidade» - Rachel Carson

 

«A civilização de um povo se avalia pela forma como 0os seus animais são tratados.» - Humboldt

 

«Mutilar animais e chamar isso de “Ciência” justifica a condenação da espécie humana ao inferno moral e intelectual... Essa repugnante Idade das Trevas da tortura impensada dos animais tem que ser superada.» - Grace Slick (Músico)

 

«Se fôssemos capazes de imaginar o que se passa, constantemente, nos laboratórios de vivissecção, não poderíamos dormir em paz e em nenhum dia estaríamos felizes e tranquilos.» - Dr. Ralph Bircher

 

«Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais (...) os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento» - Charles Darwin  

 

«Os animais dividem connosco o privilégio de ter uma alma» - Pitágoras

 

«Pergunte aos vivisseccionistas por que eles experimentam em animais e eles responderão: «Porque os animais são como nós». Pergunte aos vivisseccionistas por que é moralmente 'OK' experimentar em animais e eles responderão: «Porque animais não são como nós». A Experimentação animal apoia-se em contradição de lógica.» - Professor Charles R. Magel (1920)

 

«Incêndios deliberados e crueldade contra animais são dois dos três sinais de infância que sinalizam o potencial de um serial killer» - John E. Douglas

 

«Por que é que o sofrimento dos animais me comove tanto? Porque fazem parte da mesma comunidade a que pertenço, da mesma forma que os meus próprios semelhantes.» - Émile Zola

 

«Não há crueldade pior do que pensar e acreditar que os animais existem para servir o Homem.» - Gabriela Toledo

 

«A Vivissecção é bárbara, inútil e um empecilho ao progresso científico.» - Dr. Werner Hartinger (Cirurgião)

 

«Entre 135 criminosos, incluindo ladrões e estupradores, 118 admitiram que quando eram crianças queimaram, enforcaram ou esfaquearam animais domésticos.» - Ogonyok (Soviet anti-cruelty magazine; citado em "The extended circle: a dictionary of humane thought‎”.

 

«Respeitem os mais velhos e celebrem os jovens. Mesmo os insectos, as ervas e as árvores não devemos nunca maltratar.» - Ko Hung  Confucionista - Taoista

 

«Não sou basicamente um conservacionista. Quando a última baleia for massacrada, como certamente um dia acontecerá, o sofrimento delas vai acabar. Essa não é uma perda para a baleia, mas para a espécie humana. Não estou preocupado com a extinção de espécies - isso é loucura dos homens - Eu tenho uma única preocupação: o sofrimento que nós deliberadamente infligimos aos animais enquanto estão vivos.» - Clive Hollands

 

«O erro da ética até ao momento tem sido a crença de que só se deve aplicá-la em relação aos homens» - Albert Schweitzer  

 

«Jamais creia que os animais (não humanos) sofrem menos do que os (animais) humanos. A dor é a mesma para eles e para nós. Talvez pior, pois eles não podem ajudar a si mesmos» - Dr. Louis J. Camuti  

 

 Fonte do texto:

https://pt.wikiquote.org/wiki/Direitos_dos_animais

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:28

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Domingo, 18 de Janeiro de 2015

«Sermão de Paz para os Animais», por Hans Bouma

 

Publico este texto sublime dedicando-o àqueles que se dizem católicos, e vão a todas as missas, confessam-se, comungam, rodeiam os templos, andam sempre com a palavra “Deus” na ponta da língua, mas nada sabem de Cristianismo, de misericórdia, de piedade, de compaixão, de humanidade, e agem como os carrascos que cruxificaram Jesus Cristo.

 

Dedico-o aos que dizem ser representantes de Deus na Terra, mas não têm o “toque divino” para poderem fazer um Sermão de Paz como este, proferido em 22 de Dezembro de 2014, em Amsterdam, por Hans Bouma.

 

Isabel A. Ferreira

 

 

Hans Bouma.jpeg

 Hans Bouma (pastor e poeta, Amsterdam, Maarten Lutherkerk)

 

 «Mais um Motivo - Sermão de Paz para os Animais»

 

Por Hans Bouma

 

«No que respeita à relação entre animal humano e animal não-humano - especialmente os animais moralmente excluídos, humilhados e escravizados - a inevitável pergunta que se coloca é: que tipo de homem queres tu ser, e até onde vai a tua humanidade?

 

No decurso da história, seguramente temos progredido no nosso caminho humano, de respeito e compaixão para com os outros seres. Nós expandimos o sentido das nossas responsabilidades e percebemos que, como seres humanos, formamos uma comunidade global. Os maiores exemplos da evolução da nossa consciência ética são a Amnistia Internacional e Médicos Sem Fronteiras.

 

Embora estes organismos sejam, certamente, dignos de reconhecimento, não são ainda o nosso objectivo final. Até agora a preocupação deles tem sido as pessoas, os seus semelhantes, os representantes da mesma espécie. Mas os animais estão também aqui. É claro que eles não pertencem à nossa espécie, mas isso não é motivo para excluí-los da nossa moralidade. Eles também participam do mistério chamado VIDA. 

 

Que tipo de homem queres tu ser? Segues o caminho escolhido do respeito e da compaixão? O caminho para o moralmente correcto, mas ainda ignorando os animais não-humanos? Interpretarás a humanidade tão generosamente para nela incluíres os animais não-humanos?

 

O próximo passo é mais difícil: a etapa do companheiro humano ao companheiro creaturety (uma palavra que inventei) criaturidade; mas o que podemos fazer se a língua ou a cultura nos falha, neste ponto? Se nós não dermos este passo, se não dermos ao animal não-humano nenhum lugar na nossa agenda moral, então seguramente estaremos a ser incoerentes. Então teremos de falar de uma humanidade degradada e, consequentemente, desonesta e incredível. Nós chamamos a isso, discriminação.

 

O próximo passo.

 

Se tu és humano, por favor, sê benévolo, sê homem ou mulher plenamente. Se valores como a justiça, a compaixão, a solidariedade, o respeito e amor tiverem apenas significado para a espécie humana, então pouco ou nada compreendemos do mundo. Estes valores são de natureza universal e devem, portanto, ser aplicados universalmente e não restritamente à nossa própria espécie.

 

Que tipo de homem queres tu ser? Podes dizer que apenas um arrogante sentimento de superioridade pode levar-te a manter os animais fora da ética. Mas é diferente. As pessoas que se recusam a dar o próximo passo têm uma baixa auto-estima e estão sujeitas a sentimentos pungentes de inferioridade.

 

Que tipo de homem poderias tu ser? Poderias ser tão maravilhoso, porque tens tudo para tratares todos os seres viventes com respeito e compaixão. Se ficares preso ao desenvolvimento da tua humanidade, mantendo os animais não-humanos fora do teu horizonte moral, então vendes-te barato, vivendo claramente abaixo do teu nível. É isso que queres?

 

É irracional dizerem às pessoas, que defendem os animais que, ao defendê-los, estão a trair os da própria espécie. Mas se eu excluísse os animais não-humanos da minha humanidade, aí sim, estaria a trair-me a mim próprio e a abandonar-me. Então estaria a agredir a minha própria humanidade.

 

O próximo passo.

 

É uma questão de pertença, uma crescente consciência de afinidade. Os animais não-humanos começam a fazer parte da tua família, parte da tua vida. Estas são expressões preciosas do mesmo mistério que te envolve na tua própria maneira de ser. E tu não comes a tua família, nem fazes experiências com ela. E Família é o que tu respeitas, o que tu valorizas e o que tu amas.

 

União e afinidade. Além de acontecer entre as pessoas, as situações de reconhecimento mútuo podem desenvolver-se entre um ser humano e um ser não-humano. Aquilo que o filósofo judeu Martin Buber chama: «Eu e Tu». É possível um diálogo íntimo entre um ser humano e um ser não-humano. «Os olhos de um animal», escreveu Buber, "têm uma imensa força comunicativa». Uma vez que sejas capaz de ser sensível à linguagem dos olhos dos animais não-humanos, o teu mundo torna-se cada vez mais rico. O quanto poderás ver, ouvir e partilhar!

 

É comovente, ou de cortar o coração, quando olhas nos olhos dos animais encerrados num laboratório, ou nos olhos de um animal num matadouro.

 

Eu tive oportunidade de olhar nesses olhos, de entender a linguagem deles, e fiquei destroçado. Aquela «imensa força comunicativa» foi a de uma queixa, de uma acusação. Por que estás a fazer isto connosco? O que deu em ti? Que tipo de pessoa és tu?

 

Está longe de mim minimizar o sofrimento das pessoas, mas também penso no sofrimento dos animais não-humanos. O sofrimento deles tem uma profundidade, uma dimensão desconhecida para nós. Quando sofremos, podemos tirar proveito de todos os tipos de escapes culturais, sociais e religiosos. Nós temos a bênção da fuga espiritual. Nós podemos dar ao nosso sofrimento um sentido, situá-lo numa qualquer perspectiva, sublimá-lo ou transcendê-lo.

 

Temos inúmeras maneiras de aliviar o nosso sofrimento. Só o facto de podermos verbalizá-lo é já um privilégio.

 

Mas os animais não-humanos não têm palavras para o sofrimento. Eles não conseguem verbalizar o seu sofrimento. Nunca poderemos explicar aos animais que são maltratados pela indústria ou laboratórios o motivo por que eles estão a sofrer.

 

Eles nunca entenderão os nossos argumentos e desculpas. Eles enfrentam o mistério de um tempo de vida ou de morte sem o mínimo sentido. Numa interminável tristeza, sem esperança que se funda com o sofrimento que os deprime. Eles vivem num grotesco inferno.

 

Tu não tens de ser um crente para defender vigorosamente o direito dos animais não-humanos de serem criaturas com um valor absoluto. A partir do simples ponto de vista da tua humanidade tens todos os motivos para agir. Se és religioso, se és cristão, judeu, muçulmano, hindu ou budista, então tens uma razão acrescida para incluir os animais não-humanos na tua consciência ética.

 

Sejam quais forem as suas diferenças, todas as religiões assumem que a Terra teve uma origem divina. Concebida por um criador, um Deus muito criativo. Um Deus que é tão poderoso e generoso que se deu a conhecer na realidade física deste planeta. O facto de que a Terra é uma criação divina dá-lhe uma característica particular. Tudo e todos têm o seu próprio propósito e o seu próprio segredo. Quer se trate de uma árvore, um animal não-humano ou um homem, tudo o que vive possui o seu próprio direito exclusivo de existir.

 

Todas as religiões estão centradas na criação de relações e fazer a ponte entre as distâncias em três direcções: horizontal, a respeito de outros seres humanos; vertical, em relação a Deus ou ao divino; e para baixo, em relação à Terra. A palavra religião deriva do latim “religare”: tem o significado de religação, uma nova ligação entre o homem e Deus. Todas as religiões são religiões de salvação.

 

Salvação significa o todo.

 

As pessoas precisam de ser reintegradas na sua relação com o mundo. O homem isolado é apenas um fragmento. Para ser completo, ele deve agregar três vertentes: os outros homens, a Terra, e Deus ou o divino.

 

Como lidas com as criações, com toda a vida que te foi confiada pelo Criador? Essa é a questão vital, inevitavelmente proporcionada por todas as religiões. A tua relação com a vida e a criação de Deus só é salutar se o teu relacionamento com os teus semelhantes e a Terra for ideal. Na tua benevolência para com a vida no seu todo, está o âmago da tua própria vida.

 

O filósofo e teólogo, músico e médico Albert Schweitzer compreendeu isto perfeitamente. A sua crença é a seguinte: «Eu sou vida que quer viver, rodeada de vida que quer viver». Ele define a religião como «o respeito pela vida posto em prática».

 

Para Schweitzer religião não é teoria, mas prática. Por exemplo, tu és crente com garfo e faca: comendo carne estás a comer o sofrimento. Que gosto tem isto? Durante décadas Albert trabalhou como médico na selva africana, em Lambaréné; foi um homem extremamente benevolente para com o povo, não apenas para com as pessoas, mas também para com os animais não-humanos. A religião coloca-te na realidade terrena.

 

Um conceito-chave na tradição judaica e cristã é: êxodo, viagem. Em muitas circunstâncias, tanto os seres humanos, como os seres não-humanos podem ser levados a situações de cativeiro. Eles não têm a liberdade de viver a vida como deve ser vivida, ou em relação aos não-humanos, como é da natureza deles.

 

Pensa nos animais utilizados na indústria da carne ou em laboratórios. O êxodo em massa é um projecto de libertação, um objectivo de reabilitação moral, assente directamente nas intenções do criador. É um plano que tem um carácter intrínseco. Nada nem ninguém é excluído. Assim como as pessoas devem ser libertadas de situações desumanas, os animais não-humanos devem ser libertados de situações degradantes.

 

Então ponha-se um fim à exploração animal na indústria, nos laboratórios e em todas as situações degradantes em que o homem os coloca. Estou a lembrar-me da morte horrível de 2/3 triliões de animais mortos anualmente pelas indústrias da pesca. Isso é terrível e repugnante.

 

Não só o Judaísmo e o Cristianismo, mas também outras religiões seguem a chamada «regra de ouro»: «Não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti». O outro pode ser um ser humano, mas também um ser não-humano que, tal como tu, é um ser vivo com emoções e desejos, um ser que pode sofrer e chorar, que pode brincar e festejar. Todos carecem de bem-estar e felicidade, de desenvolvimento e harmonia que podes conceder a ti mesmo, ou a um teu semelhante, mas também a um animal não-humano. Ou vice-versa: tu proteges os outros, pessoas e animais não-humanos, contra tudo de que também queres ser protegido: a violência, a injustiça, a prisão, a humilhação ou a exploração.

 

Para os crentes, o compromisso com os animais não-humanos, respeito e compaixão por tudo o que vive deve ser uma questão da maior urgência; isto deve ser nada menos do que um acto de fé. Para tudo o que te rodeia, encontras as mesmas razões para partilhar com os animais não-humanos a tua humanidade.

 

Se a religião não te inspira a compaixão, a respeitar a vida, então ela perde toda a sua relevância. O que resta do Deus criativo quando Ele só pode ser o Deus das pessoas? Pobre Deus, esse!

 

Agora estamos a comemorar o Natal, a festa da paz. Mas só teremos algo para celebrar, se pudermos olhar, olhos nos olhos, além dos seres humanos, também os animais não-humanos. Aqueles olhos, como diz Martin Buber, com um imenso poder comunicativo.

 

Mas neste momento, quantos animais – e apenas para esta festa - fecham os olhos depois de uma vida que não foi mais do que um processo de morte lenta? Para eles, não houve saída, nem paz.

 

Agora, milhões e milhões de animais estão à nossa espera.

 

À espera de pessoas que também serão verdadeiramente humanas.

Religiosos ou não, nós sabemos o que temos de fazer.

A libertação dos animais não-humanos.

Temos razões suficientes para o fazer.»

 

Hans Bouma

 

Fonte:  http://www.stopfunkilling.org/SERMON-FOR-ANIMALS-HANS-BOUMA.html

 

(Traduzido da versão inglesa por Isabel A. Ferreira)

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:43

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Domingo, 25 de Setembro de 2011

Carta Aberta ao Senhor Dom Duarte Pio de Bragança (3)

 

 

Aprazível é o pasto que acolhe os animais para se alimentarem tranquilamente...

 

 

EM NOME DA CULTURA, DA CIVILIZAÇÃO E DA ÉTICA ANIMAL

 

Senhor Dom Duarte Pio de Bragança:

 

Não posso negar que sempre tive uma certa simpatia por SAR, devido aos valores e princípios que põe nos seus discursos. Considero-o um homem culto e interessado pelo que se passa no nosso País e no mundo.

 

Certo dia, na inauguração da Caixa Agrícola da Póvoa de Varzim, estava eu a fazer a cobertura do acontecimento, para o já extinto jornal «O Comércio do Porto», aconteceu encontrar-nos no Casino local, onde foi dado um almoço volante aos convidados, nesse dia.

 

Então, já passando das 14 horas, deu-se o acaso de eu, o Senhor Dom Duarte e o Senhor seu irmão, ficarmos a um canto do salão, por não conseguirmos ter acesso à mesa, recheada dos mais variados manjares, por ter-se disposto ao redor dela uma muralha de gente intransponível.

 

Reparei então, na postura de dois membros da Casa Real Portuguesa, dois Príncipes que, humildemente, encostados a uma coluna da sala, conversavam, naturalmente com tanta vontade de comer, quanto eu. A mesa dos doces estava ali, à mão de semear. Olhei então para o Senhor Dom Duarte e atrevidamente “convidei-o” a comer doces, uma vez que não tínhamos acesso aos manjares, para eu não ficar a comê-los sozinha. Simpaticamente SAR acedeu, e pusemo-nos os três a comer os pastéis de nata que estavam enfileirados num prato.

 

Este episódio bastou para que a minha simpatia pelo Senhor Dom Duarte fermentasse. Afinal, um Príncipe, “aquele” Príncipe particularmente, não era a vedeta que se detesta. Era um ser humano, que tal como eu, sente fome e gosta de pastéis de nata.

 

Perdoe-me este aparte, que apenas teve a intenção de corroborar a minha simpatia por SAR.

Como Chefe da Casa Real Portuguesa o Senhor Dom Duarte tem sobre os seus ombros toda uma responsabilidade de postura cívica que se quer exemplar. Aliás gosto de deambular pelo Blog da Família Real e ler o que diz sobre vários assuntos pertinentes, postura com a qual até concordo.

 

Contudo, por vezes, no melhor pano cai a nódoa.

 

Existe uma nódoa muito negra na vida de SAR, que não se coaduna nem com a Cultura Culta nem com a Civilização, pondo o estatuto da Família Real Portuguesa muito abaixo da Realeza Europeia.

 

Naturalmente que me refiro à chamada “Tourada Real” que, exceptuando na nossa vizinha Espanha (que está no bom caminho em direcção à Era da Civilização, tendo já acabado com o massacre de Bovinos na Catalunha), não existe em nenhum outro país onde reina a Monarquia.

 

Pergunto-me: porquê?

 

Sabemos que em Portugal as Touradas, introduzidas no tempo dos Reis Filipes espanhóis, foram proibidas no tempo do Marquês de Pombal, não pelo motivo certo, isto é, pelo respeito que devemos a todos os seres vivos, e pela Ética Animal, mas apenas porque alguém, chegado a Dom José, morreu numa Tourada. Mas, enfim, foi um passo em frente.

 

Anos mais tarde essa prática foi retomada, e deu-se um retrocesso.

 

Uma vez que o “negócio dos Touros”  envolve muitos milhares de euros, sacrificam-se e massacram-se animais magníficos, em nome de uma diversão sangrenta, que não traz o mínimo prestígio a quem a promove, nem aos que nela se envolvem, directa ou indirectamente.

 

Na próxima sexta-feira, dia 30 de Setembro, teremos em Vila Franca de Xira a XIV Tourada Real, uma vergonha não só para Portugal, como também para a Casa Real Portuguesa.

 

Não será preciso lembrar a SAR o sofrimento dos Touros, para “divertir” umas tantas pessoas que, vai desculpar-me, sofrem de sadismo crónico, uma vez que aplaudem a crueldade, com grande manifestação de alegria. Ora isso não é uma atitude normal. Ninguém aplaude a tortura, a crueldade em pleno gozo das suas faculdades mentais.

 

A Educação quer-se para a Ética, para a Cultura Culta, para a Civilização, para a comunhão harmoniosa entre todos os seres vivos. Que valores estará SAR a passar aos jovens príncipes? A ética da crueldade? A cultura do desrespeito por um animal, como nós? A civilização do sangue derramado inutilmente? Uma comunhão desarmoniosa, contrária aos princípios Cristãos?

 

Que papel representa a Igreja Católica na “bênção” dos toureiros?

 

Senhor Dom Duarte, como Chefe da Casa Real Portuguesa, deveria dar o exemplo e abolir definitivamente as Touradas Reais, que só desprestigiam a Casa de Bragança. Não quererá, com certeza, SAR continuar a ser cúmplice destes massacres hediondos, e deixar que o nome dos Bragança fique ligado a esta «terrível e venal arte de torturar e matar animais em público», como considerou a UNESCO.

 

SAR poderá redimir-se, acabando com esses massacres. Dará um exemplo digno de um Homem de Cultura, e será aplaudido pela realeza europeia, tal como pelos milhares de Portugueses e cidadãos de todo o mundo que lutam pela abolição do Massacre de Touros, na meia dúzia de países, sobre os quais ainda pairam as trevas e os odores bolorentos da Idade Média.

 

Albert Schweitzer, que SAR saberá quem é, considerava que «uma ética que nos obrigue somente a preocupar-nos com os homens e com a sociedade, não pode ser a verdadeira Ética. Somente aquela que é universal e nos obriga a cuidar de todos os seres nos põe em contacto com o Universo e a vontade nele manifestada».

 

É este um princípio Cristão, que não vejo ser seguido por aqueles que se dizem cristãos, enveredando pelo caminho da crueldade exercida sobre um outro ser, também criatura de Deus.

 

Respeitosamente,

 

Isabel A. Ferreira

(Cidadã portuguesa com direito à indignação)

 

 

Consulte-se este link para uma visualização da "arte" taumomáquica

http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/38589.html

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:59

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