Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2015

Então não sabem que matar Gatos Pretos dá azar, e se for a uma sexta-feira 13 o azar prolongar-se-á por sete longos anos, tantos, quantas as vidas dos Gatos, que são precisamente sete?

 

GATO PRETO.jpeg

 

© Isabel A. Ferreira

 

Hoje é sexta-feira, dia 13 do mês, que calha ser o de Fevereiro.

 

Hoje, no mundo obscuro dos ignorantes, torturam-se e matam-se gatos pretos, porque o gato preto está conotado com “demónios” que só existem no crânio vazio de pessoas acéfalas.

 

E tudo começou no tempo em que as trevas dominavam o mundo.

 

Acreditava-se então, que uma velha, muito velha, carcomida, má e feia, tida como bruxa, e que vivia numa gruta isolada, no meio de um monte, necessitava de comer a carne de gatos que fossem sacrificados às sextas-feiras, em sua honra, para evitar que ela, a velha, não saísse pelas povoações, nas noites sem lua, e lançasse feitiçarias aos homens, tornando-os impotentes, pois ela, a velha, acreditava que os esqueletos dos gatos deste modo sacrificados, e comida a carne deles, lhe dava (à velha) a garantia da longevidade, por ela tão ansiada.

 

E como já naquele tempo, o cérebro dos homens, com problemas de virilidade, estava alojado entre as virilhas (como nos mostra esta espectacular escultura), todos os homens das povoações ao redor do monte da velha, apressavam-se a sacrificar todos os gatos pretos que encontrassem pelos caminhos, nas noites de sexta-feira.

 

Escultura de Capote.jpeg

Escultura de Yoan Capote

 

Contudo, por mais gatos que matassem, os homens que tinham problemas de virilidade, continuavam impotentes, e a velha ria-se, com uma boca de um dente só.

 

Até que se gerou uma pequena revolução, e então a velha disse, que a matança dos gatos só resultaria se os homens os matassem a uma sexta-feira, dia 13 de um qualquer mês.

 

E assim foi feito.

 

E também assim se deu início a um costume bárbaro, que se prolongou até aos dias de hoje, não se sabe bem porquê, até porque a velha acabou por morrer, muito, muito carcomida. Os homens, que tinham problemas com a virilidade deles, continuaram a tê-los, e as mulheres, desesperadas, começaram, também elas, a matar gatos pretos nos dias 13, de sextas-feiras de um qualquer mês, com a esperança de… pois… isso mesmo que estão a pensar.

 

Mas quantos mais gatos matavam, mais azar tinham… E nem sequer davam por isso.

 

Até que uma outra velha, menos velha, surgiu por aquelas bandas, e disse: «Então não sabem que matar gatos pretos dá azar e se for a uma sexta-feira 13 o azar prolongar-se-á por sete longos anos, tantos, quantas as vidas dos gatos, que são precisamente sete…

 

Ouviu-se um burburinho… Mas ninguém acreditou.

 

E até hoje, homens e mulheres continuam a torturar e a matar gatos pretos, indiferentes aos sete anos de azar, e nem sequer se dão conta disso.

 

Ah! Qual o nome da velha, muito velha?

 

Chamava-se Senhora Maria da Ignorância.

 

E o da velha, menos velha?

 

Esse não sei, mas poderia ser qualquer coisa como Maria Vai a Caminho da Evolução?...

 

É que ainda há-de aparecer uma outra velha que dirá que torturar e matar gatos pretos, em pleno século XXI da era cristã, é coisa da Senhora Maria da Ignorância, que viveu no tempo das trevas.

© Isabel A. Ferreira

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:48

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