Eu não sabia que o Panteão Nacional, um lugar onde se honra a memória dos mortos, podia ser alugado para jantaradas. Não sabia.
Mas depois de saber, não me surpreendi, pois num país onde o seu maior símbolo de identidade - a Língua - é substituído pelo símbolo de identidade de uma ex-colónia, toda e qualquer vilania é expectável.
A polémica que se gerou ao redor do Panteão, nada tem a ver com o jantar da Web Summit, porque este foi apenas mais um, e o mais mediático.
O grande e grave problema é o Panteão Nacional, um lugar onde se recolhem os restos mortais dos mais ilustres portugueses, estar no rol dos lugares onde se pode comer, beber, cantar e brincar-se ao Harry Potter.
Aqui não interessa se no salão das jantaradas não existem restos mortais e só lá estão sarcófagos vazios.
O que aqui interessa é o Lugar onde se acolhem os Mortos, o Panteão Nacional, servir de palco para jantaradas.
António Costa, primeiro-ministro de Portugal, achou ofensivo e chocou-se com a realização do jantar da Web Summit no Panteão? Então e os outros jantares? Então e aquele jantar da Associação de Turismo de Lisboa, que o então autarca António Costa presidia?
Eu não sabia que se faziam jantaradas no Panteão. Mas isso sou eu, que não resido em Lisboa, não faço parte do governo, há coisas que às vezes me passam ao lado… Mas os governantes não sabiam? Antes da Web Summit outros jantares já lá se realizaram, e não sabiam? Logo no Panteão, cuja responsável é funcionária do Governo?
O que se passa no Panteão é um insulto à memória dos mortos que lá repousam.
Até agora, a única pessoa que pediu desculpa por esta ofensa, sem culpa alguma, foi o fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave.
Senhor primeiro-ministro, tudo o que é agressão aos símbolos de Portugal ou à memória dos mortos, é ofensivo e choca os Portugueses.
Também é ofensivo para Portugal e choca os Portugueses a imposição da ortografia brasileira, defendida, com unhas e dentes, pelo ministro dos negócios dos estrangeiros, e não vejo nenhum governante português, incluindo o nosso tão prestimoso presidente da República, ofendidos e chocados com tal agressão à nossa identidade.
Sejamos mais honestos e menos hipócritas!
Isabel A. Ferreira
No programa Voz do Cidadão, que pode ser revisto aqui:
https://www.rtp.pt/play/p3305/voz-do-cidadao
transmitido na RTP 1, no passado dia 11/11/2017, a pergunta crucial foi: «Deve a televisão pública transmitir touradas?» O actual Provedor do TelespeCtador da RTP, Jorge Wemans, respondeu: «Eu penso que não…»
Mas…
Quem mada na RTP não é o senhor Wemans; nem a esmagadora maioria dos telespectadores que para lá escrevem, indignados com a transmissão de tortura ao vivo; nem é o senhor Daniel Deusdado, director de programas; nem é o aficionado Gonçalo Reis, presidente do conselho de administração… Ninguém manda… Então quem manda?
Manda o lobby tauromáquico, instalado na Assembleia da República, disse (por outras palavras obviamente), o senhor Wemans.
Só o facto de a RTP, no ano 2017 d. C., estar a discutir esta matéria, já diz do baixo nível civilizacional em que Portugal está mergulhado.
Veja-se o que a RTP transmite em directo. E a questão é a seguinte: isto é arte? Isto é cultura? Isto faz parte de alguma tradição civilizada, digna do Homem civilizado?
E a loucura é tal, que acham que não se passou nada. Nem sequer se respeitam uns aos outros. Para os aficionados, a vida dos tauricidas não vale nada.
Vi e ouvi este programa da Voz do Cidadão com a atenção de um lince. E pasmei com as declarações de alguns dos envolvidos, nomeadamente dos que querem, porque querem, fazer da tortura de seres vivos sencientes, da violência, da crueldade, da estupidez que é este costume bárbaro (nada tem a ver com tradição) , uma “coisa” cultural e artística, como se todos nós fossemos muito estúpidos.
Comecemos por Luís Capucha, que acha, porque acha, que lá por, em tempos que já lá vão, a selvajaria tauromáquica ter dado alguma audiência à RTP, as coisas continuam iguais. Não continuam iguais. O mundo evoluiu. Já há mais informação sobre esta prática selvática. A RTP só perde audiências com a transmissão desta barbárie. Luís Capucha ainda não se deu conta de que Portugal está no século XXI d. C.. Vive metido na caverna, e não vê que o mundo avançou no tempo.
Depois vem o Jorge Palma, que eu não sabia que era aficionado (e perdeu uma fã, e até já o coloquei na lista dos
Nomes de figuras públicas portuguesas que apoiam e/ou actuam em touradas
a fazer a apologia da tourada, como se a tourada fosse um concerto de música.
Este também ficou especado na Idade Média.
Os aficionados dão respostas chapa 5. Enchem a boca com palavras das quais não sabem o significado.
Gonçalo Reis, presidente do conselho de administração da RTP, numa tourada, transmitida pela RTP, no campo pequeno, logo após a primeira pega (pega que lhe foi brindada) veio a público falar em património cultural, em tradição que é preciso preservar… Sabe lá o que é património cultural e tradição! Veja aqui a espécie de património cultural que é a selvajaria tauromáquica, que mata Touros e Cavalos, e mata também forcados e toureiros, ou deixa-os mutilados.
Um forcado que ficou tetraplégico, e depois foi abandonado pelos aficionados...
Nota: este vídeo foi removido do YouTube por violar os termos do YouTube, ou seja, por MOSTRAR a verdade nua e crua, da crueldade e estupidez numa tourada.
A ARTE não mata, nem mutila. E se a crueldade, a violência, o sangue derramado nas arenas é cultura, será apenas cultura troglodita, que nem os homens das cavernas cultivaram. Eles deixaram-nos a Arte Rupestre, e os tauricidas deixam-nos esta obra de arte estendida no chão:
Esta é arte final de uma tourada, ensinada aos que virão a ser os sádicos do futuro, com o aval de todas as autoridades…
Depois ficam muito ofendidos, quando lhe chamamos cobardes, carrascos, ignorantes, pois a tauromaquia não passa da arte da mais pura cobardia e estupidez.
Depois veio o Paulo Pessoa de Carvalho, da prótoiro exigir respeito e liberdade. Respeito e liberdade por e para carrascos? Por e para torturadores de seres vivos? A pretender opções? Escolhas? Como se a tortura pudesse ser melhorada? Não há nada a melhorar na tortura. Tortura é tortura. Ponto final. E carrascos não merecem respeito. E a tortura não faz parte do conceito de liberdade.
Até as crianças bem formadas sabem o que são as touradas. Este conjunto de imagens fazem parte de um trabalho elaborado por alunos do 9º ano, e que pode ser visto na íntegra neste link:
https://pt.slideshare.net/paulamorgado/touradas-contra
Espero que os aficionados de selvajaria tauromáquica tenham aprendido alguma coisa, com estas crianças.
Lá mais para o final do programa, vem novamente Luís Capucha, que dizem ser professor (se é, pobres alunos!), que disse esta coisa extraordinária:
«Os ataques à tauromaquia nunca têm a ver com os maus-tratos aos animais, mas sim com a imposição de uma ditadura cultural…».
Imposição de uma ditadura cultural? A Civilização? A Cultura Culta? São ditadura cultural?
Se isto não fosse extremamente trágico, daria para nos rirmos.
Senhor Luís Capucha o que ensina aos seus alunos?
Veja do que falamos, quando falamos da selvajaria tauromáquica:
Concluindo: a tauromaquia é uma prática macabra, cruel, violenta, medievalesca, que só mentes completamente deformadas acham que é arte e cultura.
E há mais a ter em conta:
Isto, diz quem sabe, quem viu, quem conhece os bastidores de uma tourada. Escusam de desmentir.
A tauromaquia a ser arte, é a arte da cobardia, e a ser cultura, é a cultura de trogloditas.
Tenham todos vergonha na cara, e evoluam. Dêem o salto para o século XXI depois de Cristo. Quanto à RTP, saia da caverna! Envergonham Portugal e a Humanidade com essa vossa postura medievalesca.
E para que não morram sem saber das coisas, aconselho a todos que leiam estes textos:
O moderno vocabulário da tauromaquia
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/o-moderno-vocabulario-da-tauromaquia-491355
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/22410.html
Isabel A. Ferreira
Isabel A. Ferreira