Terça-feira, 31 de Outubro de 2017

DUAS CRIANÇAS (DE 9 E 10 ANOS) PARTICIPARAM NUMA TOURADA EM ELVAS À MARGEM DA LEI

 

Criancas-tourada-portugal-basta.jpg

(Foto: Plataforma Basta)

 

A denúncia foi feita pela Plataforma Basta, e nessa denúncia foi declarado que esta tourada «envolveu a participação de crianças lidando animais de raça brava", uma delas, filha de um cavaleiro tauromáquico e outra, de um bandarilheiro, sendo que uma, actuou como cavaleiro tauromáquico. Esta situação constitui uma clara violação do Código do Trabalho pelo que foi denunciada às autoridades competentes.

 

As autoridades competentes dizem estar a investigar este caso, ocorrido na localidade de Vila Boim (concelho de Elvas), durante uma tourada ilegal, ou seja, não licenciada pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais - IGAC, organizada pela Associação de Romeiros de Vila Boim, com a designação “Fiesta do Toureio 2017” no passado dia 14 de Outubro.

 

(Repare-se na “fiesta” que será uma coisa portuguesa, com certeza, quando falam de tradição...)

 

As autoridades dizem estar a investigar, mas, na realidade, estarão?

 

É que denúncias deste género já as fizemos às centenas, ao longo de vários anos, e as crianças continuam, até aos dias de hoje, a ser sujeitas a esta perniciosa violência.

 

Não confiamos nas autoridades que dizem estar a investigar as ilegalidades cometidas nas touradas, em Portugal, porque em Portugal, essas ilegalidades cometem-se há tanto tempo, e há tanto tempo as denunciamos, e também há tanto tempo diz-se que se está a investigar, e nunca ninguém foi punido. E as ilegalidades continuam a cometer-se em catadupa.

 

Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) já confirmou que está a averiguar a situação, com vista à adopção dos procedimentos legais, no âmbito das respectivas competências.

 

Estará mesmo? Ou estará a fazer de conta que averigua? É que a tauromaquia está bastante protegida, uma vez que, mesmo sabendo-se das ilegalidades cometidas nas touradas, nunca houve culpados, nem nunca se adoptaram os tais procedimentos legais.

 

A IGAC também disse que está a fazer uma “avaliação de todos os elementos que lhes estão associados».

 

Estará?

 

A Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens também foi abordada pela Plataforma Basta e esta aguarda (aguardamos todos os que defendemos a Vida Animal, humana e não-humana) «uma intervenção firme das autoridades na punição dos responsáveis».

 

Contactados pela Agência Lusa, os progenitores dos dois menores e o responsável do evento taurino, Luís Fernando Carvalho, recusaram-se a comentar o caso.

 

Pois recusaram. Num país a sério o horizonte desta gente seria umas grades de prisão.

 

Desta vez, há que ir muito mais além do que o simples dizer que estão a averiguar ou a avaliar os elementos…

 

Desta vez há que se actuar em conformidade com a gravidade da situação. Desta vez, tem de haver culpados e os culpados têm de ser severamente punidos.

 

É a vida de crianças, tão indefesas como os touros que elas lidam na arena, que está em causa. E se os progenitores não as protegem, o Estado português tem o DEVER de as proteger.

 

A Plataforma Basta referiu no seu site que «esta situação constitui uma clara violação do Código do Trabalho, pelo que foi denunciada às autoridades competentes” salientando que, "segundo a lei, a participação de crianças em espectáculos que envolvam contacto com animal, substância ou actividade perigosa, constitui uma contra-ordenação muito grave imputável à entidade promotora», neste caso, a Associação de Romeiros de Vila Boim, prometendo também a BASTA fazer chegar ao Comité dos Direitos da Criança da ONU, através da campanha “Infância sem violência”, um relatório com todos os casos de violação da lei para a próxima avaliação da Convenção de Direitos Humanos, que irá decorrer em Genebra em 2019.

 

Até lá, espera a BASTA e esperamos todos nós que «o Estado português adopte medidas legislativas e de sensibilização para este grave problema, e actue na punição dos responsáveis».

 

 

«A exposição de crianças a situações que colocam em risco a sua integridade física é punida por lei, mas infelizmente é frequente ocorrer em espectáculos tauromáquicos organizados ilegalmente em Portugal. A Plataforma Basta denunciou esta temporada várias situações relacionadas com a exposição de crianças à violência da tauromaquia, quer participando como artistas quer como espectadores nas bancadas das praças de touros (crianças menores de 3 anos)».

 

Nós também denunciámos.

 

Segundo a Plataforma Basta, trata-se de mais um episódio, a juntar a outros ocorridos esta temporada, que coloca em causa o cumprimento da Convenção dos Direitos da Criança e as determinações do Comité dos Direitos da Criança das Nações Unidas que em 2014 instou Portugal a adoptar medidas para afastar as crianças da violência da tauromaquia, depois de tomar conhecimento desta realidade e dos acidentes que vitimam dezenas de crianças todos os anos em Portugal, em eventos tauromáquicos.

 

Entretanto, Portugal segue na cauda dos países que não protegem as suas crianças.

 

Isabel A. Ferreira

 

Fontes:

http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/autoridades-investigam-participacao-de-duas-criancas-em-tourada-em-elvas

http://basta.pt/autoridades-investigam-participacao-criancas-numa-tourada-vila-boim/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:35

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DUAS CRIANÇAS (DE 9 E 10 ANOS) PARTICIPARAM NUMA TOURADA EM ELVAS À MARGEM DA LEI

 

Criancas-tourada-portugal-basta.jpg

(Foto: Plataforma Basta)

 

A denúncia foi feita pela Plataforma Basta, e nessa denúncia foi declarado que esta tourada «envolveu a participação de crianças lidando animais de raça brava", uma delas, filha de um cavaleiro tauromáquico e outra, de um bandarilheiro, sendo que uma, actuou como cavaleiro tauromáquico. Esta situação constitui uma clara violação do Código do Trabalho pelo que foi denunciada às autoridades competentes.

 

As autoridades competentes dizem estar a investigar este caso, ocorrido na localidade de Vila Boim (concelho de Elvas), durante uma tourada ilegal, ou seja, não licenciada pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais - IGAC, organizada pela Associação de Romeiros de Vila Boim, com a designação “Fiesta do Toureio 2017” no passado dia 14 de Outubro.

 

Repare-se na “fiesta” que será uma coisa portuguesa, com certeza.

As autoridades dizem estar a investigar, mas, na realidade, estarão?

É que denúncias deste género já as fizemos às centenas, ao longo de vários anos, e as crianças continuam, até aos dias de hoje, a ser sujeitas a esta perniciosa violência.

Não confiamos nas autoridades que dizem estar a investigar as ilegalidades cometidas nas touradas, em Portugal, porque em Portugal, essas ilegalidades cometem-se há tanto tempo, e há tanto tempo as denunciamos, e também há tanto tempo diz-se que se está a investigar, e nunca ninguém foi punido. E as ilegalidades continuam a cometer-se em catadupa.

A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) já confirmou que está a averiguar a situação, com vista à adopção dos procedimentos legais, no âmbito das respectivas competências.

Estará mesmo? Ou estará a fazer de conta que averigua? É que a tauromaquia está bastante protegida, uma vez que, mesmo sabendo-se das ilegalidades cometidas nas touradas, nunca houve culpados, nem nunca se adoptaram os tais procedimentos legais.

A IGAC também disse que está a fazer uma “avaliação de todos os elementos que lhes estão associados».

Estará?

A Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens também foi abordada pela Plataforma Basta e esta aguarda (aguardamos todos os que defendemos a Vida Animal, humana e não-humana) «uma intervenção firme das autoridades na punição dos responsáveis».

Contactados pela Agência Lusa, os progenitores dos dois menores e o responsável do evento taurino, Luís Fernando Carvalho, recusaram-se a comentar o caso.

Pois recusaram. Num país a sério o horizonte desta gente seria umas grades de prisão.

Desta vez, há que ir muito mais além do que o simples dizer que estão a averiguar ou a avaliar os elementos…

Desta vez há que se actuar em conformidade com a gravidade da situação. Desta vez, tem de haver culpados e os culpados têm de ser severamente punidos.

É a vida de crianças, tão indefesas como os touros que elas lidam na arena, que está em causa. E se os progenitores não as protegem, o Estado português tem o DEVER de as proteger.

A Plataforma Basta referiu no seu site que «esta situação constitui uma clara violação do Código do Trabalho, pelo que foi denunciada às autoridades competentes” salientando que, "segundo a lei, a participação de crianças em espectáculos que envolvam contacto com animal, substância ou actividade perigosa, constitui uma contra-ordenação muito grave imputável à entidade promotora», neste caso, a Associação de Romeiros de Vila Boim, prometendo também a BASTA fazer chegar ao Comité dos Direitos da Criança da ONU, através da campanha “Infância sem violência”, um relatório com todos os casos de violação da lei para a próxima avaliação da Convenção de Direitos Humanos, que irá decorrer em Genebra em 2019.

Até lá, espera a BASTA e esperamos todos nós que «o Estado português adopte medidas legislativas e de sensibilização para este grave problema, e actue na punição dos responsáveis»

«A exposição de crianças a situações que colocam em risco a sua integridade física é punida por lei, mas infelizmente é frequente ocorrer em espectáculos tauromáquicos organizados ilegalmente em Portugal. A Plataforma Basta denunciou esta temporada várias situações relacionadas com a exposição de crianças à violência da tauromaquia, quer participando como artistas quer como espectadores nas bancadas das praças de touros (crianças menores de 3 anos)».

Nós também denunciámos.

Segundo a Plataforma Basta, trata-se de mais um episódio, a juntar a outros ocorridos esta temporada, que coloca em causa o cumprimento da Convenção dos Direitos da Criança e as determinações do Comité dos Direitos da Criança das Nações Unidas que em 2014 instou Portugal a adoptar medidas para afastar as crianças da violência da tauromaquia, depois de tomar conhecimento desta realidade e dos acidentes que vitimam dezenas de crianças todos os anos em Portugal, em eventos tauromáquicos.

Entretanto, Portugal segue na cauda dos países que não protegem as suas crianças.

Isabel A. Ferreira

 

Fontes:

http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/autoridades-investigam-participacao-de-duas-criancas-em-tourada-em-elvas

http://basta.pt/autoridades-investigam-participacao-criancas-numa-tourada-vila-boim/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:23

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Segunda-feira, 30 de Outubro de 2017

Tauromaquia

 

Um magnífico texto que destrói mitos tauromáquicos e as mentiras que, ao longo de séculos, os aficionados de tauromaquia acreditaram, por simples ignorância, serem verdades.

 

Um magnífico texto escrito por um Biólogo experiente e sapiente na questão animal. E se depois de lerem este texto, os aficionados optarem por continuar a teimar na sua ignorância, melhor é atiraram-se ao mar, pois não servem para serem seres humanos.

 

Um texto precioso para desfazer em cacos a tauromaquia.

 

(O negrito do texto de Luís Vicente é da minha lavra. I.A.F.)

 

JOÃO ALMEIDA.png

 

por Luís Vicente

 

Patrícia Caeiro·Segunda-feira, 16 de Outubro de 2017

 

Aqui vai um longo longo longo comentário que por ser longo longo longo tem que ir dividido por pontos, porque o fb não aceita comentários longos longos longos...

 

1 - Começo a ficar cansado da argumentação balofa, hipócrita, ignorante e desonesta em defesa das touradas. Andava aqui a cuscar o mural da Patrícia e a minha irritação cresceu ao ler este post a respeito dos actos corajosos do Sr. João Almeida, insigne deputado da Nação pelo CDS-PP. Aproveito então (desculpa, Patrícia, o espaço que te ocupo) para responder aos pseudo-argumentos dos aficionados. Advirto que possivelmente utilizarei alguma linguagem um pouco mais hermética, mas trata-se de um assunto sério que quero tratar com rigor e seriedade. De qualquer forma, se houver palavras “mais difíceis”, o seu significado será facilmente encontrado com recurso à internet. Antes, contudo, como sou eu a contra-argumentar, quero deixar claras as minhas limitações. Todos nós somos construções sociais e temos, por isso, limitações culturais (no sentido antropológico) condicionadas pelo ambiente social em que crescemos. Eu sou biólogo e tenho 42 anos de ensino e investigação em comportamento animal, neurobiologia e história e filosofia da ciência na Universidade de Lisboa e em várias outras universidades em países estrangeiros. Isto serve apenas para lhe explicar que o meu pensamento é limitado e constrangido pela minha experiência de vida e, por isso, vale o que vale. Uma das coisas que todo o meu trabalho de investigação me ensinou foi que os seres humanos são animais, nem mais nem menos que todos os outros que povoam e viajam nesta nave especial que é a Terra. São apenas diferentes, porque é a diferença que caracteriza cada uma das espécies. Mas não existe qualquer argumento científico que permita estabelecer uma hierarquia de importância ou de valores que, quantitativamente, diferencie umas espécies de outras. Nem tal faria sentido. O próprio Darwin afirma em “The Descent of Man” que as diferenças entre os humanos e os outros animais são qualitativas e não quantitativas. Esta afirmação de Darwin é conhecida na comunidade científica por “Lei da Continuidade de Darwin”.

 

2 - Não há muitos anos não era considerado crime matar um negro porque simplesmente era considerado um ser inferior. É elucidativo constatar que a última exposição de um negro enjaulado num jardim zoológico foi em Bruxelas em 1958. Hoje, a isto, chama-se racismo e é altamente condenado. Só em 20 de Novembro de 1963 a Assembleia Geral das Nações Unidas na sua resolução 1904-XVIII proclama a Declaração sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, na qual se afirma, entre outras coisas “que qualquer doutrina de diferenciação ou superioridade racial é cientificamente falsa, moralmente condenável, socialmente injusta e perigosa, e que não existe qualquer justificação para a discriminação racial, quer na teoria, quer na prática”. Negros, brancos, asiáticos, índios, etc., etc., etc., pertencem todos a uma única espécie: Homo sapiens.

 

Mas porquê por o limite na espécie? Poderíamos pôr a fasquia nos grandes símios. Assim ficaríamos nós, bonobos, chimpanzés, orangotangos e gorilas no saco dos “superiores”. Seria feio tratar mal os grandes símios e quem o fizesse seria legitimamente acusado de “simiísmo”, o que seria considerado moralmente muito feio.

 

E por que ficar pelos grandes símios? Poderiam ser todos os Primatas, ou mesmo todos os Mamíferos ou até todos os Vertebrados… e a história não teria fim até que chegaríamos ao especismo, vocábulo introduzido por Richard Ryder em 1975, num livro intitulado “Victims of Science”.

 

Porquê pensarmos que a nossa espécie é o centro do universo? Simplesmente porque é um constrangimento cultural sem base científica de raiz muito antiga e de reforço judaico-islâmico-cristão. No princípio Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança, logo abaixo dos anjos, para dominar a Terra. Podemos substituir “Homem” por “Grandes Símios”, por “Primatas”, por “Mamíferos”, por “Vertebrados”, por “Cordados” (para incluir as lampreias), ou por “animais” (para incluir os polvos). O sentido seria o mesmo!

 

3 - E vamos aos touros e o que escreverei sobre os touros é válido para, pelo menos, todos os Vertebrados. Começo por alguns dos argumentos deles, aficionados, num texto lapidar intitulado “Tauromaquia: a indústria responsável pela vida feliz dum dos animais mais protegidos em Portugal” da autoria de um conjunto de aficionados do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Ciência Veterinária da Universidade Complutense de Madrid e referido na página da net "O TOURO - Tudo o que precisa saber sobre o Touro Bravo"

(http://www.touradas.pt/tauromaquia/otouro)

 

Cá vai: “De acordo com os estudos científicos mais recentes sobre o touro bravo, sabemos que este tem reacções hormonais únicas no reino animal. Sabemos, por exemplo, que este tem um hipotálamo (parte do cérebro que sintetiza as neurohormonas encarregues, nomeadamente, da regulação das funções de stress ou de defesa), 20% superior ao de todos os outros bovinos, e que, por isso, tem uma capacidade superior de segregação de beta-endorfinas (hormona e anestesiante natural encarregada de bloquear os receptores da dor) o que faz com que o touro perante a colocação de uma bandarilha redobre as suas investidas em vez de fugir, que é a reacção natural de qualquer animal à dor. O touro é seleccionado tendo em conta a sua combatividade, sendo um animal que tem evoluído, ao longo dos séculos, estando fisiologicamente adaptado para a lide”. O TOURO - Tudo o que precisas saber sobre o Touro Bravo

 

4 - E agora começo a responder. Tanto quanto sei, nunca nenhuma revista científica credível aceitou publicar o manuscrito dos indivíduos do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Ciência Veterinária da Universidade Complutense de Madrid, manuscrito no qual se baseia o texto do referido site. O texto começa por referir uma hipertelia intracefálica ao nível do infundíbulo do terceiro ventrículo. Pergunte aos autores onde leram tal coisa? Qual a base amostral? Fundamenta-se num nível alfa inferior a 0,05? Esclareçam-me. Mais, eles que demonstrem que as hipertelias estruturais têm consequências metabólicas. Se mo demonstrarem proporei à Academia de Estocolmo que lhes seja atribuído o Prémio Nobel.

 

Continuando. A beta-endorfina que é um polipéptido de cadeia curta (31 aminoácidos) é produzida não só ao nível hipotalâmico, mas também ao nível hipofisário e noutras zonas. Aliás ela foi descoberta em 1976 ao nível hipofisário e não ao nível hipotalâmico. Os autores da descoberta foram Choh Hao Li e David Chung. O seu a seu dono!

 

Um dos erros formais do texto é a afirmação de que algo no organismo está encarregue de alguma coisa. É um raciocínio teleológico aceite em religião, mas inaceitável no discurso científico. Não está “encarregue”, mas “tem por consequência”, o que é totalmente diferente. A teleologia demonstra uma ignorância avassaladora sobre os processos evolutivos.

 

Uma das principais inconsistências do manuscrito e que leva ao seu “chumbopela comunidade científica, é afirmar que o touro, uma vez lidado (ou seja, já cadáver) apresenta níveis de cortisol (hormona do stress) inferiores aos que apresenta um touro transportado num camião, deduzindo os autores que o touro sofre mais no camião do que durante a tourada. Erro crasso. Falam de touros durante a tourada, mas a maior parte dos touros estavam mortos durante a extracção do sangue. Um estudo que se realiza no cadáver de um animal não nos diz rigorosamente nada sobre o que se passava quando o animal estava vivo.

 

5 - Outro disparate vem logo na frase seguinte: “o touro perante a colocação de uma bandarilha redobra as suas investidas em vez de fugir, que é a reacção natural de qualquer animal à dor”.

 

Não, meus caros, em qualquer animal a reacção é a fuga se tiver condições para isso. Se estiver encurralado como o touro na arena, portanto se não tiver condições de fuga, só tem duas alternativas: ou luta ou fica estático. Nesta situação o animal avalia o inimigo. Se considera que tem condições para vencer, luta. Se considera que não tem, inibe a acção e fica estático. O que é que o leva a lutar? É activado um conjunto de feixes nervosos denominado “sistema periventricular” que o leva a lutar. O sistema periventricular é constituído por vias eferentes hipotalâmicas (na parede do terceiro ventrículo) que atingem principalmente os núcleos supra-ópticos posterior e tuberal e confinam com a substância cinzenta periventricular. Uma das consequências da activação do sistema periventricular (atenção, só há estudos em humanos) é a produção do neuropéptido-y que, ao que tudo indica, pode estar associado à resiliência em relação ao stress pós-traumático e à resposta de medo, permitindo aos indivíduos uma melhor resposta sob stress extremo (Julie Steenhuysen, 2009).

 

E o que é que leva a inibir a acção? Os poucos estudos conhecidos levados a cabo pela equipa de Laborit (1974, 1977) foram realizados em ratos. Em situações em que não pode lutar nem fugir é activado um conjunto de feixes nervosos denominado “sistema inibidor de acção” (área septal média, hipocampus, amígdala lateral e hipotálamo ventromediano).

Tanto quanto sei são desconhecidos os mecanismos neuroquímicos envolvidos, apesar de existirem algumas conjecturas sobre isso.

 

6 - Bom, e vamos discutir um pouquinho o valor de sobrevivência da inibição dos centros de dor. Antes de mais a dor tem um imenso valor de sobrevivência. Se não houvesse dor o animal não se aperceberia da gravidade dos seus ferimentos e morreria. Assim, ao longo do processo evolutivo, foi seleccionada a capacidade de produção de endorfinas. Esta anestesia endógena é de curta duração e é uma atenuação e não uma eliminação da dor (não existe um único estudo que refira “eliminação”).

 

Os neuropeptídos que constituem as endorfinas são neuropéptidos de vida curta (short-term). Permitem ao animal, num curto período após o trauma, a serenidade necessária à organização de uma resposta adequada à situação. Dou um exemplo humano. Uma pessoa está a cortar pão e a faca resvala cortando-lhe um dedo. É muito doloroso. Mas, após algumas fracções de segundo, o seu sistema nervoso responde com a produção de endorfinas. A sua dor é significativamente atenuada. Pensa, vai desinfectar a ferida, decide ir ao hospital para a suturar, etc.. Se tivesse uma dor insuportável não teria a serenidade necessária para encontrar uma solução. As endorfinas permitem-lhe essa serenidade por um curto período mas, passado pouco tempo, vai sentir imensa dor. Contudo o problema está resolvido e sobreviveu. Mas as endorfinas são de vida curta. Apenas lhe dão tempo para resolver o problema, e muito pouco tempo.

 

Quando uma gazela é caçada por uma leoa, o seu sistema neuro-endócrino produz endorfinas. A dor diminui à espera de uma solução para o problema. Diz-se que a gazela sofre pouco. Mas isso será porque a morte é suficientemente rápida, mais rápida que o tempo de vida das endorfinas produzidas.

 

O período de lide de um touro na arena é demasiado longo. Não há endorfina que persista durante todo o tempo da lide.

 

7 - E vamos agora ao resto, à lide. As bandarilhas? Em Portugal espetadas ou a cavalo, ou a pé. Para quem não sabe, são varas de madeira com uma ponta de aço de 6 cm que se prendem à área dorsal do touro e que aí se mantêm pelo facto de, na sua ponta, possuírem um arpão de 16 mm. Existem ainda o matador e os forcados. O matador faz uma série de passes com a capa e também espeta bandarilhas no animal. Os forcados desafiam o touro e, em grupo, agarram-no toldando-lhe a visão e tentando imobilizá-lo. Nesta parte poderá não ser causada dor física ao animal, embora lhe seja imposto um enorme esforço físico e psicológico.

 

As bandarilhas, pela força da gravidade e do movimento do touro, causam danos aos nervos, músculos e vasos sanguíneos. No caso dos danos causados nos vasos sanguíneos, é significativamente reduzida a irrigação sanguínea dos músculos importantes para o movimento. Além do mais, as bandarilhas podem ferir os ramos nervosos dorsais da medula espinal, o que causa claudicação temporária e leva à inibição reflexa do plexo braquial (o centro nervoso que inerva as extremidades anteriores).

 

Podem ainda causar hemorragias no canal medular e ferir a parte superior das costelas. Portanto, o sistema nervoso do touro sofre danos significativos durante a tourada, tornando uma resposta normal impossível em termos de libertação de ACTH e cortisol.

 

8 - O “estudo” dos aficionados do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Ciência Veterinária da Universidade Complutense de Madridconclui”, entre outras coisas sem qualquer fundamento científico credível, que os touros que só tenham sido transportados ou que estão na arena sem ser toureados, portanto sem danos físicos, produzem mais cortisol do que aqueles que sofreram danos. Portanto é maior o stress de não ser toureado do que o de ser toureado. Fantasticamente ilógico!!!

 

O que se passa na realidade é que o seu sistema nervoso está intacto, o que é essencial para a resposta hormonal.

 

9 - José Laguía, membro do Colégio Oficial de Veterinários de Espanha refere que em pessoas envolvidas em acidentes com grandes lesões na coluna vertebral, a resposta hormonal que resultaria na liberação de cortisol é reduzida ou mesmo ausente. Pode haver alguma situação mais stressante para alguém do que pensar que poderá passar o resto da vida numa cadeira de rodas? É que o que se passa na realidade é que o sistema nervoso está de tal modo danificado que se torna impossível a resposta adequada.

 

A outra parte do estudo dos indivíduos do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Ciência Veterinária da Universidade Complutense de Madrid refere-se à produção de beta-endorfina que, como referi atrás, é produzida em situações de dor. Segundo esses senhores, durante a tourada, o animal, aparentemente, liberta uma enorme quantidade de beta-endorfina. Então os ditos senhores concluem que neste caso a beta-endorfina seria capaz de evitar a dor do touro. Dizem esses senhores que o touro liberta dez vezes a quantidade de beta-endorfina do que um ser humano. Fantástico!

 

Para o mínimo de credibilidade científica desta afirmação, os ditos seres humanos, para que o estudo comparativo fosse fidedigno, teriam que estar sujeitos rigorosamente às mesmas condições que o touro. É o controlo de variáveis – chama-se método científico.

 

Portanto o ser humano teria que ser toureado, bandarilhado, pegado, etc.. Tanto quanto sabemos isso não foi feito e, portanto, as conclusões não têm qualquer validade. Ainda por cima, como já referi, os níveis hormonais foram medidos no sangue recolhido em touros mortos, por isso é impossível saber em que altura da tourada a beta-endorfina foi libertada.

 

10 - Numa crítica ao manuscrito dos senhores da Universidade Complutense de Madrid, o atrás referido José Laguía defende que a resposta hormonal depende da “integridade das estruturas nervosas, pois sabe-se que, quando há um dano neurológico, a beta-endorfina pode ser libertada no local da dor, devido a determinados mecanismos celulares, sem o envolvimento do sistema nervoso. (…) quando a agressão é repetida frequentemente ou tem lugar durante um período prolongado de tempo, e quando os recursos do animal para alcançar o nível de adaptação são inadequados (…) as respostas hormonais à dor, ou seja, a liberação de grandes quantidades de beta-endorfina tais como são encontradas no sangue de touros após uma tourada, são a resposta normal do organismo a grande dor e stress, e têm muito pouco a ver com capacidade para os neutralizar; Na verdade, ao contrário, os níveis de hormona indicam o grau de dor experimentada e não a capacidade do animal para a neutralizar”.

 

11 - Portanto os cérebros, nossos e dos touros, são praticamente iguais (outra coisa seria estranha). Hoje já sabemos alguma coisa sobre o funcionamento do sistema nervoso (ou dos sistemas nervosos). Permitem a nossa sobrevivência e o nosso relacionamento com o meio. E o nosso relacionamento com o meio permite-nos matar a fome e a sede, ter medo, fugir, defendermo-nos, amarmo-nos uns aos outros, por vezes odiarmo-nos, ser felizes ou infelizes, estar tristes, etc., etc., etc..

 

O sistema nervoso funciona através de mecanismos físicos e químicos a que chamamos normalmente neuro-químicos ou neuro-endócrinos. Os nossos e os dos touros são rigorosamente os mesmos. As substâncias químicas implicadas nos processos são rigorosamente as mesmas, as áreas do cérebro estimuladas por cada sensação são rigorosamente as mesmas, as áreas de interpretação cerebrais são afectadas exactamente da mesma forma. É o que sabemos.

 

Portanto não se pode afirmar que o touro não sofre como nós sofreríamos exactamente na mesma situação. Seria enfiar a cabeça na areia (informo que nunca foi vista uma avestruz fazê-lo).

 

Sim, há casos interessantes. Aparentemente os nossos cães são capazes de um amor muito mais profundo do que aquele que nós alguma vez seremos capazes de sentir? A quantidade de oxitocina (hormona do amor, aquela que nós, vertebrados, produzimos quando sentimos amor por alguém) que os nossos cães produzem quando estão connosco é significativamente superior à nossa. Estou certo de que nunca nenhum de nós será capaz de imaginar quanto os nossos cães nos amam. Nunca pelo simples facto de um ser humano não ser capaz de amar tão intensamente como um cão. E tenho que terminar referindo o ilustre deputado do CDS-PP João Almeida: “Não foi a primeira vez que saltei a uma arena. Já tinha saltado também à do Campo Pequeno, há dois ou três anos, numa Festa do Forcado. Também não foi a primeira vez, nem há-de ser a última, que salto em defesa da tauromaquia. Faz todo o sentido fazê-lo. Na Assembleia da República, representamos os portugueses e não podemos esquecer que há muitos portugueses, muitos mesmo, que se revêem da tradição tauromáquica e a apoiam. Somos muitos!”.

 

Saiba que o especismo é moralmente uma generalização do racismo. É narcisismo, é considerarmo-nos entes superiores, que não somos. Somos apenas diferentes. Racismo seria senhor deputado ser caucasiano e considerar negros, judeus, palestinianos, asiáticos, etc., seres inferiores. Sendo seres inferiores considerava-se, não há muitos anos, que não tinham alma e, portanto, podiam ser mortos em campos de concentração ou noutros processos genocidas.

 

Por generalização, o especismo consiste em considerar que os outros animais, cães, gatos, porcos, touros, burros, etc. não têm alma e que, portanto, podem ser mortos. Pessoas congratularem-se com a tortura pública de um outro animal é um sentimento baixo, reles, primitivo, repugnante. Nem se trata de matar um ser vivo numa situação de fome para comer, trata-se de torturar e matar por puro prazer.

 

Se estas pessoas que se comprazem com o sofrimento dos animais tivessem vivido nos séculos XVI, XVII ou XVIII, certamente que se divertiriam com os Autos de Fé no Rossio em que pessoas eram queimadas na fogueira. Talvez tivessem um imenso prazer na matança dos cristãos-novos. Se tivessem vivido na antiga Roma, muito se divertiriam com os cristãos lançados aos leões para gáudio da população.

 

E era tradição, e as tradições devem ser acarinhadas, protegidas e mantidas. Provavelmente, como o senhor deputado diz, haveria muitos portugueses que se reveriam e apoiariam estas tradições.

 

E outras. O apedrejamento de mulheres na Nigéria e as mutilações genitais em muitos países de África. Vivam as tradições.

 

Também devem pensar que Deus colocou o homem no centro do universo à sua imagem e semelhança logo abaixo dos anjos.

Divirtam-se nas vossas touradas, divirtam-se nos autos de fé no Rossio, divirtam-se na praça da revolução em Paris enquanto as cabeças dos guilhotinados rolam para um cesto de serradura, divirtam-se nos circos romanos, divirtam-se nos fornos crematórios de Auschwitz, vão à República Árabe Sahraui Democrática e regalem-se com o massacre do povo saharaui pelo governo de Marrocos. Ainda vos sugiro um espectáculo mais recente, levado à cena em Agosto do ano passado na Faixa de Gaza. Os bombardeamentos sionistas que, só crianças palestinas, mataram 408. E ainda me ia esquecendo, Guernica. Deveriam regozijar-se naquele dia 26 de Abril de 1937 em que os aviões nazis da Legião Condor arrasaram aquela povoação massacrando quase toda a população. Ainda devem haver lugares na plateia. Aproveitem. Divirtam-se com a morte e o sofrimento dos outros, sejam cúmplices!!! Façam o favor de serem felizes com as vossas mãos conspurcadas de sangue alheio! A mim certamente o senhor deputado não me representa no parlamento.

 

Luis Vicente

 

Em resposta a: https://protouro.wordpress.com/2016...

 

Luis Vicente é licenciado em Biologia, doutorado em Evolução e agregado em Comportamento Animal pela Universidade de Lisboa. Professor na Universidade de Lisboa, foi também professor convidado em várias universidades (ISPA, U. Aberta, U. Madeira, U. Açores, U. Nottingham, U. Paris VI, Museu Nacional de História Natural de Paris, U. Montpellier, NATO Advanced Studies Institute, USALMA, U. Nova de Lisboa, U. Badajoz) onde leccionou várias matérias, entre as quais: Comportamento Animal, Cognição Animal, Ecologia, História do Pensamento Biológico, Neurobiologia, Bioética. É actualmente membro do Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa onde preside à linha “Ciências da Vida”, é presidente do Instituto de Gestão e Reordenamento do Território e membro da presidência do Conselho Português para a Paz e Cooperação. É activista pelo bem-estar animal e por uma relação sustentável entre as comunidades humanas e a natureza.

 ***

Obrigada Luis Vicente pelas tuas palavras e pelo facto de lutares incansavelmente contra a injustiça!

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:37

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MENSAGEM QUE APELA AO FIM DA TORTURA ANIMAL DIRIGIDA AO PAPA FRANCISCO

 

«Papa Francisco acabe com a tortura animal Ingrid Chávarri exorta o Papa Francisco e a igreja católica a pôr em vigor a encíclica de São Pio v, "De Salutis Gregis Dominici", que proíbe a tauromaquia. Também menciona a encíclica "Laudato se", contra o abuso animal, escrita pelo Papa Francisco.»

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publicado por Isabel A. Ferreira às 14:20

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Domingo, 29 de Outubro de 2017

Palavras sem sentido que o AO90 anda por aí a grelar…

 

… com o aval dos que querem, podem, mandam e (des)governam…

 

E como estas, existem centenas de “intumescências” ortográficas na comunicação social, nos ofícios, comunicados e documentos governamentais, nos sites do governo português, em simples textos na Internet, nos comentários no Facebook… em cartazes, na publicidade, em legendas de filmes, e rodapés televisivos, nos próprios livros acordizados (e nestes há coisas de bradar aos céus!) enfim, pobre Língua Portuguesa que tão maltratada e espezinhada anda por aí…

 

Vejam-se estes exemplos, que não se esgotam nesta amostragem…

 

São palavras sem sentido, que o aparvalhado AO90 anda por aí a grelar.

 

INTERSETAR.png

 Origem da imagem:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1988774657814201&set=p.1988774657814201&type=3&theater&ifg=1

 

«INTERSETAR»

(leia-se inters’tar)

 

A PSP só podia ter tido grande dificuldade em meter no meio de setas os tais suspeitos… E como se isto não bastasse, estão em "âção"  seja lá o que isto for…

 

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Fonte da imagem:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10212944896075776&set=gm.1154280601342061&type=3&theater&ifg=1

 

«PARA A REVOLTA» marchar… marchar…

 

Realmente não há chuva para a revolta. É que nem sequer sabem que uma preposição vestida de verbo é coisa carnavalesca...

 

Para  para pensar um pouco Jornal i… (Até fico gaga!!!!)

 

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Origem da Foto:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=530507693966746&set=a.223017458049106.1073741829.100010225601299&type=3&theater&ifg=1

 

«EXCETO ("excêto") … EXETO ("exêto"?)»

 

O que é isto?

 

Isto é o descalabro dos descalabros. Nem os Brasileiros têm estes monstros ortográficos no seu léxico. Vá-se lá saber o que significa excêto e exêto… 

 

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DN.png

 Origem da foto:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10209682743857805&set=gm.1154122778024510&type=3&theater&ifg=1

 

«ABRUTAMENTE»?

 

Pois…à bruta! A bruta mente gera antilogismos como este…

 

***

CONVIÇÕES.png

 

Origem da imagem:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10210109935769071&set=gm.924798644338117&type=3&theater&ifg=1

 

«CONVIÇÕES» muito «convitas» da estupidez reinante…

 

É o pior, é que segundo o Grupo Tradutores contra o Acordo Ortográfico, «no original, figurava "convicções", mas no Expresso acharam por bem cortar a consoante e, assim, fazer jus ao que apregoaram logo em 2010 (http://bit.ly/2duMAXV): «Expresso poupa letras e adota acordo ortográfico». Efectivamente, assim é. Continuem a dar razões aos opositores».

 

***

MIXORDÊS.png

 Origem da imagem:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10210826683638231&set=gm.2013967218847783&type=3&theater&ifg=1

 

A isto é o que se chama  «EXTENDER» ao comprido...

 

E o mixordês é exactamante isto: esta mistura de Português, de acordês-malaquês e de estupidez

***

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 Origem da imagem:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1638067449558781&set=gm.2013260978918407&type=3&theater&ifg=1

 

TEM «HAVER» … então não tem?

 

Tem a ver com uma descomunal ignorância...

***

 

TVI.png

 Fonte:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10155814907642389&set=gm.927471130737535&type=3&theater&ifg=1

 

Aldeias AFECTADAS, muito bem, mas EX-DIRETOR (leia-se ex-dir’tor), muito mal…

 

A isto chama-se mixórdia ortográfica, a tal em que está em vigor em Portugal… 

 

***

Pois é, doutor António Costa, primeiro-ministro de Portugal: e esta mixórdia ortográfica que o Senhor e o seu governo estão a promover no nosso País, que tem a desventura de ser desgovernado assim tão desnorteadamente…

 

Que tristeza! Apenas Portugal e o Brasil teimam nesta pobreza ortográfica, e mesmo assim, apenas os incultos, porque os cultos não a adoptaram, nem adoptarão jamais.

 

Cabo Verde está a promover o seu CRIOULO, no que faz muito bem. Sempre é mais culto e escorreito do que esta mixordice de ortografia que anda por aí… sem o mínimo senso e lógica. A Língua Portuguesa, em Cabo Verde, já é a segunda língua. 

Por isso, uma vez mais, vimos EXIGIR a anulação do AO90. 

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:20

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Quinta-feira, 26 de Outubro de 2017

Depois não gostam que lhes chamem carrascos

 

Estas são farpas usadas na tauromaquia para castigar o Touro, quando ele é demasiado manso e não investe.

 

É isto e/ou o enforcamento nos curros…

 

Diz quem sabe: «Por isso os "artistas" da tortura detestam as corridas de velcro (USA e Canadá), porque os touros, sem a dor provocada pelas bandarilhas, mantêm-se "mansos". Assim, tentam meter picos entre o velcro e o dorso dos touros, os quais picam quando os toureiros carregam com as "bandarilhas" de ventosas. Então, os touros reagem com alguma fúria. Se forem descobertos são multados» (Dr. Vasco Reis, Médico Veterinário)

 

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Fonte da imagem: 

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1714696645207301&set=a.847852941891680.1073741839.100000009460864&type=3&theater

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:36

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VEJA-SE NESTE VÍDEO A COBARDIA DOS FORCADOS AO ATACAR UM TOURO MORIBUNDO

 

Praça do campo pequeno - 31/08/ 2012.

Crueldade em directo na RTP 1

Aproveitando o facto de o Touro estar imobilizado, o forcado resolveu arrancar, cobardemente, uma farpa (a insígnia), a sangue-frio, por pura maldade e sem justificação alguma.

 

É esse o espírito dos carrascos.

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:18

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Quarta-feira, 25 de Outubro de 2017

QUE VERGONHA, SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO!

 

«Assim vai escrevendo o primeiro-ministro que já nos disse que não toma a iniciativa de desfazer o Acordo Ortográfico http://bit.ly/2qGHSgD

Em nome de quê, então, se continua a descaracterizar desta forma um património de todos? Por teimosia? Estupidez? Insensibilidade?»

(Tradutores contra o Acordo Ortográfico)

 

Penso que por tudo isto. O senhor primeiro-ministro nem em Português, nem em acordês. Escreve no mixordês em que se transformou a nossa língua. Nem os acordistas conseguem atinar com o “monstrengo” que pariram.

 

Daí que me proponha a lançar mais umas achas para esta fogueira, onde arde a Língua Portuguesa, e que tal como nas outras fogueiras, que fizeram arder Portugal, o senhor primeiro-ministro sacode a água do capote, como se nada tivesse a ver com isso…

 

ANTÓNIO COSTA.png

 

Origem da imagem:

https://www.facebook.com/TradutoresContraAO90/photos/a.212426635525679.35361.199515723483437/1389803597787971/?type=3&theater&ifg=1

 

Sabe o Senhor primeiro-ministro de onde vem parte da ortografia brasileira que os senhores governantes estão a impingir a Portugal e às crianças portuguesas, como sendo ortografia portuguesa?

 

Vem do italiano.

 

No Brasil existe uma vasta colónia italiana, que exerce grande influência na vida brasileira, incluindo nas novelas, e a qual faz questão de falar e escrever "à italiana". Sabemos que os Italianos também mutilaram a língua deles (derivada do Latim, tal como todas as outras línguas românicas), suprimindo consoantes que os outros países mantêm, mas eles não.

 

Veja-se estes exemplos:

 

PT - No Português culto, escreve-se: Neptuno, directo, aspecto, objecto, insecto, óptimo, factura, dialecto, arquitecto, activo, espectador, húmido, eléctrico, reflectir, espectacular, acto, contacto, facto, omnívoro, adopção, tractor … para referir apenas algumas das mais flagrantes…

 

IT- Que em Italiano dá: Nettuno, diretto, aspetto, oggetto, insetto, ottimale, fattura, dialetto, architetto, attivo, spettatore, umido, elettrico, riflettere, spettacolare, atto, contatto, fatto, onnivoro, adozione trattore… 

 

BR – E no Brasil grafa-se assim: Netuno, direto, aspeto, objeto, inseto, ótimo, fatura, dialeto, arquiteto, ativo, espetador, úmido, elétrico, refletir, espetacular, ato, contato, fato, onívoro, adoção, trator – e qualquer semelhança com o italiano não é mera coincidência…

 

É que os Brasileiros, para se distanciarem do Português do ex-colonizador, optaram por italianizar estas (e muitas outras) palavras, como também afrancesaram e americanizaram tantas outras, que agora o governo português quer, porque quer, sem o mínimo fundamento científico-legal, nem qualquer sentido crítico que façam parte da nossa Língua Portuguesa.

 

Por estas e por outras devemos exigir que devolvam a Língua Portuguesa a Portugal.

 

Os que servilmente adoptaram a ortografia preconizada pelo AO90, mais não fazem do que italianizar o Português, imitando os Brasileiros que, por sua vez, imitaram os Italianos, mas também os Franceses e os Norte-americanos, descaracterizando a Língua Portuguesa que adoptaram aquando da Independência, a 7 de Setembro de 1822.

 

Eis, resumidamente, uma das fontes do mixordês utilizado pelo primeiro-ministro de Portugal. E quando um primeiro-ministro desconhece a Língua que impôs ao País, o que fará o povo semianalfabeto que anda por aí a dar pontapés na gramática, a torto e a direito, sem a mínima noção do que está a fazer.

 

Francamente, isto não é ignorância e subserviência a mais?

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:30

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Terça-feira, 24 de Outubro de 2017

«A Assembleia da República e o Acordo Ortográfico»

 

Em 2011, o romancista Duarte Afonso, escreveu um artigo de (excelente) opinião no «Jornal da Madeira» em que colocou em causa a insustentável leveza com que os políticos portugueses se vergaram a um acordo que, está mais do que provado, é um verdadeiro aborto ortográfico, sem a mínima viabilidade, em nenhum dos países lusófonos.

 

O texto está actualíssimo, porque desde 2011 nenhuma medida inteligente foi tomada, no sentido de corrigir o monumental erro que foi a adopção do monte de lixo a que chamam acordo ortográfico (de acordo com o autor).

 

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E na verdade, como diz Martin Luther King, nada no mundo é mais perigoso do que a ignorância sincera e a estupidez conscienciosa que, instaladas no poder, podem destruir um país, a sua cultura culta e a sua identidade. Neste momento, uma e outra coisa (a ignorância e a estupidez) mantém a Língua Portuguesa prisioneira de um acordo que uma minoria inculta está a impor a Portugal.

 

Com a devida vénia, aqui transcrevo o artigo assinado por Duarte Afonso, e que eu enviarei para o presidente da República, para o primeiro-ministro e para o Parlamento, com a advertência de que já chega de tanta cegueira mental, já chega de fazer ouvidos de mercador às vozes da Razão, e aconselho a que todos enviem protestos também, porque é preciso acabar de vez com a estupidez ortográfica instalada em Portugal.

 

***

 

Eis os excelentes e racionais argumentos apresentados por Duarte Afonso, no texto intitulado:

 

«A Assembleia da República e o Acordo Ortográfico»

 

Depois de a RTP ter anunciado a adopção do acordo ortográfico, agora foi o Dr. Jaime Gama a brindar-nos com mais uma notícia trágica, ao anunciar que a Assembleia da República também o vai adoptar em Janeiro de 2012.

 

A Assembleia antes de adoptar esse monte de lixo a que chamam acordo ortográfico, devia preocupar-se primeiro com os erros e deficiências que existem no mesmo, e explicar ao país por que é que ignorou as recomendações da Comissão de Ética e Cultura da própria Assembleia, que alertava para esses mesmos erros e deficiências, depois de ter analisado e votado por unanimidade a petição contra o aludido acordo, dando razão aos peticionários.

 

Este é o mesmo acordo que em 2005 por solicitação do Instituto Camões a Associação Portuguesa de Linguística, emitiu um parecer que diz bem o que é o acordo ortográfico. Depois de ter demonstrado que o monstro não serve, termina assim:

 

“Em conclusão, por todas as razões acima aduzidas, a Associação Portuguesa de Linguística recomenda:

1 - Que seja de imediato suspenso o processo em curso, até uma reavaliação, em termos de política geral, linguística, cultural e educativa, das vantagens e custos da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990.

 

2 - Que, a manter-se o texto actual do Acordo, Portugal não ratifique o Segundo “Protocolo Modificativo”.

 

Ainda a respeito dos pareceres pedidos pelo Instituto Camões vale a pena referir uma notícia que saiu no Jornal de Notícias em 12-07-2008. Com a devida vénia passo a citar duas pequeninas passagens:

 

A mesma intitula-se: “Peritos arrasam acordo ortográfico”.

 

“Esmagadora maioria dos linguistas, académicos e editores consultados estão contra o tratado. Se a implementação do Acordo Ortográfico dependesse apenas do processo de consulta, há muito que o projecto teria sido abandonado. Das 27 entidades consultadas, apenas duas se mostraram favoráveis.

 

Nas respostas das 14 entidades que participaram no inquérito promovido pelo Instituto Camões abundam as criticas. Entre pedidos adicionais de informação e o desconhecimento sobre as alterações a introduzir, não faltam, também, entidades como a Associação Portuguesa de Linguística, ou Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa que solicitam “a suspensão imediata do processo”.

 

Estes factos demonstram bem o que é o acordo ortográfico, e a atenção que mereceram por parte do Estado. A Assembleia antes de o adoptar também devia ter em atenção o (art.º 2) do próprio acordo que diz o seguinte:

 

“Os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível no que se refere às terminologias científicas e técnicas”.

 

Este é o único vocabulário válido para a aplicação do acordo, e não há nenhum outro que o possa substituir. Isto significa que enquanto esse vocabulário comum não for elaborado e não estiver em vigor, o acordo ortográfico não tem qualquer valor, porque foram subvertidas as regras do próprio acordo. É um abuso dizer-se que os textos que seguem as regras do monstro foram escritos ao abrigo do acordo ortográfico, porque o mesmo não tem legitimidade jurídica nem democrática. O único abrigo que dá é à ilegalidade e ao obscurantismo.

 

Não é por acaso que Angola ainda não o ratificou, e o seu deputado Luís Reis Cuanga já veio dizer “que deve haver reciprocidade na aplicação do acordo com a integração do vocabulário angolano no comum”. Deu ainda como exemplo, “que se deve escrever Kanza e não Kuanza como se pretende no novo acordo”. Isto significa ainda que Angola não alinha na irresponsabilidade, e está a chamar a atenção para que as regras do acordo sejam cumpridas.

 

É penoso e revoltante ver a nossa língua ser adulterada por um acordo que nos foi imposto, cheio de erros grosseiros e disparates escandalosos, cozinhado nas costas do povo, protegido pelos nossos governantes e acarinhado por alguns órgãos de comunicação social.

 

Ao longo do tempo, sempre foram introduzidos ajustamentos na nossa língua; mas nunca foram introduzidos através de leis ou decretos, nem o Estado teve intervenção em matérias que dele não dependem nem a ele competem, como é o caso da evolução da nossa língua em qualquer das suas vertentes, sendo a ortografia uma dessas vertentes. Além disso, esses ajustamentos sempre foram elaborados por especialistas sábios e idóneos com conhecimento profundo da nossa língua.

 

Qual é o crédito que merece, este acordo, se o mesmo assenta na facultatividade, na acentuação gráfica, e na consagração pelo uso?

 

A Assembleia da República e o governo, antes de o adoptarem, prestariam um bom serviço à nossa língua e ao nosso país, se tomassem a iniciativa de constituir uma comissão formada por representantes das comunidades cientificas, académicas, literárias, e profissionais, para proceder a uma revisão do texto do acordo, de forma a expurgar os erros e disparates que existem no mesmo.

 

Vejamos agora alguns desses disparates. No preâmbulo do mesmo está escrito o seguinte:

 

“O projecto de texto de ORTOGRAFIA UNIFICADA, de língua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de Outubro de 1990, constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional”.

 

Aqui referem-se à ortografia como se já estivesse unificada. Na nota explicativa (5-2-4) podemos ler:

 

“Considerando que tais casos se encontram perfeitamente delimitados, como se referiu atrás, sendo assim possível enunciar a regra da aplicação, OPTOU-SE por fixar a DUPLA acentuação gráfica como a solução menos ONEROSA para a UNIFICAÇÃO da língua portuguesa”.

 

Esta explicação absurda e ignorante significa precisamente o contrário daquilo que defendem os seus autores. A dupla grafia não une, afasta que é bem diferente. A consagração da grafia dupla reflecte a impossibilidade efectiva e incontornável de unificação. Estes dois exemplos demonstram bem a falta de rigor em que assenta esse embuste a que chamam acordo ortográfico.

 

Primeiro apresentam-no como se a nossa ortografia já estivesse unificada. Depois demonstram que a unificação é impossível. Em que ficamos? Como é que é possível escreverem estes disparates e ao mesmo tempo defenderem esta porcaria de acordo?

 

Perante todos estes factos pergunta-se:

 

Por que é que se dá tanta atenção ao monstro, e por que é que há tanta pressa em adoptá-lo? Por que é que os portugueses foram sempre colocados perante factos consumados e nunca foram ouvidos nesta matéria? Por que é que se vai adoptar um acordo cheio de ilegalidades e erros grosseiros, detectados, inventariados e comentados pelos melhores especialistas do país? Porquê?

 

Por fim, passo a citar com a devida vénia, uma passagem que consta no livro intitulado “Apologia do desacordo ortográfico de António Emiliano, Professor de Linguística da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Investigador – responsável do projecto Origens do Português, no âmbito do qual foi digitalizada, transcrita e objecto de estudo linguístico a mais antiga documentação de Portugal”. Essa passagem consta na página 81 do aludido livro e diz o seguinte:

 

“O Acordo Ortográfico é um monumento de incompetência e ignorância: não interessa que nomes “reputados”, das letras brasileiras e portuguesas tenham nele colaborado; fizeram um mau trabalho e prestaram um péssimo serviço à língua portuguesa e às lusofonias que dizem defender. Meteram-se em assuntos para os quais não tinham, por mais que me custe dizê-lo, competência específica.”

 

Mais palavras para quê? Os factos falam por si. Resta-nos exercer o nosso direito de cidadania, manifestar a nossa indignação de forma activa, responsável, e esperar que os portugueses olhem o mais depressa possível para esta realidade. Temos ainda o dever de apoiar a Iniciativa Legislativa de Cidadãos, para podermos tirar a nossa língua do atoleiro em que a meteram.

 

Duarte Afonso

Romancista»

 

Fonte: http://www.jornaldamadeira.pt/not2008_12.php?Seccao=12&id=170631&sup=0&sdata

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:18

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O que os outros pensam de mim não me diz respeito

 

Vou abrir uma excepção neste Blogue, para falar de algo, não por vontade própria, mas para desassossegar as mentes mesquinhas de certas pessoas que querem, porque querem, calar-me, então inventam todo o tipo de impropérios, alguns sobejamente obscenos, a condizer com o baixo nível moral, mental e cultural delas, e, ou por e-mail ou através de comentários ao que aqui publico, dirigem-me palavras apodrecidas, umas, inventadas na hora, outras, pensando que sou permeável ao logro, às ameaças, à tentativa de desmoralização, ou à desonestidade mental delas.

 

Mas aqui deixo a minha posição oficial: não tenho forças para render-me.

 

 

 

Antes de mais, quero deixar aqui bem claro que todos os meus verdadeiros amigos têm um NOME. Por isso quem me escreve anonimamente, ou com ésses, tês, ús e outras letras, e nomes que nem sequer aqui posso transcrever (que é este caso), e se dizem “meus amigos”, na verdade, NÃO O SÃO.

 

***

 

Diz-me, o tal que tem um nome tão ordinário que nem posso transcrever: «Tenha calma na escrita. O seu público já fala mal de si. Fala mal do que escreve, já diz que é repetitiva. Bla bla, seres sencientes, bla bla bla torturar…»

 

Onde é que eu já ouvi isto, dirigido a outras pessoas???? Ah! Sim, lembrei-me agora. Foi há bem pouco tempo, numa reunião…

 

Bem, primeiro, ninguém me diz o que devo ou não devo escrever. Se o “meu” público já fala mal de mim, ÓPTIMO, é sinal de que estou no bom caminho, isto é, estou a INCOMODAR. E  esse é o meu principal objectivo.

 

Segundo, não tenho por hábito utilizar linguagem erudita, para falar de lixo. Lixo é lixo, não posso perfumá-lo com a essência das rosas.

 

Sou, por natureza, e desde nascença, anarquista pacifista,  provocadora e agitadora de consciências, e o que os outros pensam de mim, não me diz respeito absolutamente nenhum. Esse problema não é meu.

 

Quanto à repetição… não há outro jeito. O meu público alvo é tacanho, sofre de iliteracia, tenho de me repetir, para que possam eventualmente depreenderem alguma coisa, ainda que pouca. Se tenho de falar de touradas, nelas há tortura e crueldade, exercidas sobre seres sencientes, indefesos, inocentes e inofensivos… Gostaria muito de poder mudar as palavras. Gostaria de dizer que os homens bons fazem miminhos e tratam os animais com muito carinho, como eles merecem…

Mas não é o caso. Logo, direi como os aficionados dizem: não gostam do que escrevo, NÃO LEIAM. Não são obrigados. Não são obrigados, mas sei que lêem. E tenho leitores em 145 países, de todos os continentes.

 

***

 

Diz-me o tal que tem um nome obsceno: «Precisa de se afastar dessa bola de ódio imaginária que criou na sua cabeça».

 

Bola de ódio imaginária? Criada na minha cabeça? Até parece que a tauromaquia não existe na realidade. Que é uma invenção minha, uma visão minha, do inferno dos Touros e Cavalos. Sou um pouco visionária, sim, mas não tanto!

 

Veja aqui o que é o ÓDIO, o verdadeiro ÓDIO:

 

 

Comparem esta expressão diabólica, de um absoluto ódio mortal pelo ser vivo que este torcionário tem à sua frente, já completamente estraçalhado, com a expressão que exibo nas minhas fotos públicas, e vejam a diferença. E eu é que sinto ódio?...

 

O que eu sinto por todos e por tudo o que envolve a tauromaquia é uma enorme REVOLTA e REPUGNÂNCIA pela ignorância e estupidez que está por detrás de cada gesto, de cada apoio, de cada cumplicidade, deste cruel ritual de sádicos… Um crime consentido por lei, o que é pior. E isto é o que sinto. Ódio é coisa de gente que não evoluiu.

 

Ódio é o que os aficionados sentem por mim, o que condiz bem com o mau carácter deles.

 

***

 

Diz-me o tal: «O mundo está-se borrifando para os seus gostos tauromáquicos, nem sente vergonha do nosso país por isso

 

Os “meus” gostos tauromáquicos? Isto não tem nada a ver com “gostos”, mas com ÉTICA, com COMPORTAMENTOS, com EVOLUÇÃO, com CIVILIZAÇÃO. E o mundo não se está borrifando para a tauromaquia. Pelo contrário. O mundo ACORDOU e a tauromaquia tem os seus dias contados. Constitui a insustentável vergonha de Portugal.

 

Lá estou eu a repetir-me, porque todos os aficionados trazem sempre na boca a ladainha dos ignorantes, que não sabem o significado das palavras tradição, arte, cultura, identidade, gosto, se não gosta não vai… Como posso eu fugir a esta estreiteza mental deles e responder-lhes com outras palavras? Não entenderiam NUNCA!

 

«Nem sente vergonha do nosso país por isso

 

Isso é verdade. Não sinto vergonha do nosso País. Porque o nosso País (com letra maiúscula) não tem culpa de ser governado por INCOMPETENTES, por IGNORANTES, por CORRUPTOS, por SERVIÇAIS dos grupos de pressão económica, entre eles o da selvajaria tauromáquica. Mas sinto uma ENORME REPUGNÂNCIA e VERGONHA por quem põe o MEU PAÍS ao nível de LIXO, em muitos aspectos, incluindo este, do cisqueiro que é a tauromaquia.

 

***

 

Diz-me o tal: «A senhora precisa de ajuda, precisa de desabafar. Tanta revolta denota falta de amigos, falta de companheirismo, falta de amor».

 

Preciso de ajuda? De desabafar? Falta de amigos, blá, blá, blá…

 

Isto é para rir? É anedota? (de mau gosto, diga-se, de passagem...).

 

Pobre gentinha. Não sabem nada sobre mim. Nem ficarão a saber. Era o que faltava!

 

No meio disto tudo a única coisa verdadeira é a REVOLTA. Todos os que lutam pelos Direitos dos Animais Não-Humanos sentem uma ENORME REVOLTA devido à monumental CRUELDADE com que os seus carrascos os tratam. Só um calhau (e mesmo esse, se pudesse falar, diria da sua sensibilidade de calhau) não se revolta contra os energúmenos predadores do Planeta e das espécies animais que nele habitam.

 

***

 

Diz-me o tal: «A senhora da forma que escreve passa a ideia que é uma pessoa infeliz, sem pátria, uma saltimbanca de país em país que não assentou em lado nenhum nem em nada do que fez. Não mostra alegria em nada, nem família, nem vitórias pessoais, nada

 

Coitadinho! É o que consegue depreender daquilo que escrevo, pensando que sou como vós? Infeliz? Sem pátria, uma saltimbanca (?) (nem sabe o que é ser saltimbanca)...  

 

Mas não sou. Desculpe a minha sinceridade. Não sou nem infeliz, nem como vós. Não sou mais, nem menos. Mas não sou como vós, nem sequer infeliz. Sinto muito desapontá-los. A infelicidade é para os que andam no mundo só por ver andar os outros. Eu ando no mundo com uma finalidade, e sigo a Filosofia dos Três Bês: a do Bem, do Bom e do Belo... E quem assim vive, só pode ser imensamente feliz... Se alguma infelicidade perpassa por mim, é a de ver tanta ignorância e estupidez ao meu redor. E também a infelicidade dos seres humanos e não-humanos, à mercê da besta humana.

 

E graças a Deus que não fiquei enfiada num buraco a cheirar ao mofo medieval, e andei pelo mundo como uma pessoa itinerante (foi isto que quis dizer?). Não criei raízes em lado nenhum, mas trouxe comigo as raízes de todos os lugares por onde passei. Fiz amigos de todos os “feitios”. Conheci outras culturas, outros povos, outra gente, que me fizeram EVOLUIR e entender que há OUTRAS VIDAS, outras formas de viver, mais condizentes com a Humanidade e com a universalidade do SER. Enfim, CRESCI. E é essa a diferença que existe entre mim e vós, que me odiais.

 

Quanto ao mostrar o meu íntimo, família, vitórias pessoais, não é para qualquer um. Apenas os que têm o privilégio de eu os ter deixado entrar na minha vida é que têm acesso à minha essência. Não partilho a minha privacidade com anónimos, ésses, éfes e ús… energúmenos, e sei lá mais o quê!

 

***

 

Diz-me o tal: «Só ódio, e tristeza, e ameaças que nunca cumpriu nem vai cumprir, porque você não manda no resto do mundo e por mais tempo livre que tenha para marrar no mesmo assunto, a pedra quando é grande não se move, e os restantes que a vão ajudando, vão-se cansando e afastando.»

 

Começo pelo ódio, que não é ódio, é REVOLTA e REPUGNÂNCIA, como já disse. Tristeza sim, por vezes, com um mundo tão maravilhoso para desfrutar, vejo-me cercada por energúmenos… Por isso, frequentemente, viajo por aí, e vou tomar banhos de civilização... O resto… são delírios de quem vê ameaçado o seu mundo de crueldade… que está no fim.

 

Eu não faço ameaças (esta não percebi!) eu apenas transmito aquilo que vai acontecer. Não mando no resto do mundo. Pois não! É o mundo que caminha na direcção certa, e eu estou simplesmente nesse caminho… No caminho do Bem, do Bom e do Belo, e quem conhece este caminho, instintivamente, rejeita e abomina o caminho do Mal, do Mau e do Feio, que é o vosso mundo.

 

E o meu tempo livre é LIVRE, sim. Prometi dar a minha voz aos que não têm voz para se defenderem dos seus carrascos, e essa promessa para mim é SAGRADA. Dou-lhes muito do meu tempo. Com muito orgulho, e ninguém tem nada com isso. O que faço do meu tempo só a mim diz respeito.

 

E uma pedra grande pode não mover-se, com o meu empurrãozinho, é verdade, mas pode ser destruída num segundo, se assim o entender a Força Universal (isto vocês não alcançam, mas também não explicarei). Aliás, essa Força anda por aí... a mostrar todo o seu Poder, só os cegos mentais não se apercebem...

 

E aos restantes que já me ajudaram, nesta luta,  mas que se vão cansando e afastando… BOA VIAGEM. Já vão tarde.  Uma guerra nunca foi vencida com desertores.

 

***

 

Diz-me o tal : «Precisa de relaxar, de alinhar os chakras, de sair da internet e ir conhecer coisas novas. A sua cabeça está muito obtusa e desfocada da razão. Não se sinta mal, nem arrogante, sinta-se lisonjeada por receber uma palavra amiga, que bem precisa

 

(Então? E a mal denominada saltimbanca onde fica?)

 

E aqui temos, para terminar, este morbidus delirium

 

Isso é o que vocês queriam. Que eu saísse da Internet. Mas não saio.

 

Conhecer coisas novas, já conheci o bastante. Por isso, sei o que sei, e sou o que sou. Já andarilhei muito pelo mundo, e continuo a andarilhar... Não tenho de dar satisfações a ninguém por onde ando. E a Internet tem esta coisa boa: posso estar em qualquer parte do mundo, mas também aqui... na Internet...

 

E olhem que não sou eu que ando a aplaudir ou a torturar Touros numa arena (lá tenho de me repetir), para ter a cabeça obtusa e desfocada da razão. Vejam-se ao espelho, e descubram (porque ainda não se deram conta) de que os obtusos e os sem-razão são os tauricidas. Sois vós. Eu não sou tauricida, nem sádica. Pelo menos sabem isto, não sabem? Eu? Sentir-me mal ou arrogante? A que propósito? Sei quem sou, sei por onde vou e porque vou... E já disse e repito: o que pensam de mim, não me diz respeito, absolutamente nenhum.

 

E quanto à lisonja da palavra amiga de aficionados… safa! Prefiro mil vezes ouvir zurrar os meus queridos  Burros, que me dizem muito mais maravilhas com os seus urros, do que os aficionados sádicos com palavras mal-intencionadas.

 

(E isto tudo veio a propósito de um texto que escrevi em 2013, sobre as VII Jornadas Taurinas da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa, que pode ser consultado aqui:

https://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/241454.html

o qual não foi bem recebido por quem deveria defender os animais não-humanos e não o faz por mero servilismo ao lobby da selvajaria tauromáquica. Ainda hoje recebo comentários destes... Não desistem. Mas eu continuo sem forças para render-me).

 

Não é interessante?

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:29

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